Lesados do Banif: "É mais um equívoco do senhor ministro"

Jacinto Silva leu "com estupefação" declarações de Mário Centeno sobre eventual solução para lesados do Banif
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O presidente da Associação de Lesados do Banif (Alboa), Jacinto Silva, considera que o ministro das Finanças cometeu "mais um equívoco" com as declarações proferidas hoje numa entrevista ao Diário de Notícias e à TSF e diz estar estupefato. Mário Centeno defendeu que a solução encontrada para os lesados do BES não pode ser extrapolada para os lesados do Banif - Banco Internacional do Funchal.

Mário Centeno afirmou que "o caso dos chamados lesados do BES tem umas características muito específicas que têm de ser consideradas nesse contexto". "Extrapolá-lo para outras circunstâncias, não considero que seja adequado", acrescentou quando questionado se os lesados do Banif poderão vir a ter uma solução semelhante à encontrada recentemente para lesados do BES. O ministro das Finanças afirmou que a solução do BES é uma solução para aplicar aos lesados do BES.

"É com estupefação que vejo essas declarações. Parece-me que é mais um equívoco do senhor ministro. Ele tem tido vários e este é mais um ", diz Jacinto Silva ao DN. "Se os lesados do BES são diferentes dos lesados do Banif é com certeza porque no Banif o Estado tinha uma participação de 60 por cento, era um acionista de referência",acrescenta o presidente da Associação de Lesados daquele banco.

"Não entendo onde é que o senhor ministro quer chegar. Estamos a falar da resolução de um banco em que o Estado tinha 60 por cento... Praticamente era um banco público", comenta ainda.

Jacinto Silva não avança se a solução encontrada para os lesados do BES agradaria aos do Banif. "Cada caso é um caso", diz, mas admite: "Nós, se calhar, até poderíamos e deveríamos reclamar mais, uma vez que somos lesados de um banco em que o Estado tinha 60 por cento".

O presidente da Alboa afirma que agora os lesados estão a aguardar "serenamente". "O senhor primeiro-ministro já afirmou que está atento e que é uma situação para resolver. Achamos que é uma pessoa de fé e que se o afirmou é porque tem intenções de resolver."

Em 20 de dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif -- Banco Internacional do Funchal, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos - incluindo 'tóxicos' - para a nova sociedade veículo.

Em fevereiro de 2016, o presidente da Comissão Executiva do Santander Totta disse, nos Açores, após uma audiência com o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, que estava a ser estudada a situação dos clientes do ex-Banif subscritores de obrigações subordinadas, que totalizam 3.500 em todo o país com valores de 263 milhões de euros.

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