Governo estuda reabertura gradual da economia, mas ainda não há data
O levantamento das restrições será avaliado nas próximas semanas. Falta saber como retirar os apoios à economia e quando.
"A questão é perceber como podemos retirar o suporte básico de vida, numa perspetiva de começar a retirar estes apoios", resume a economista Susana Peralta, da Nova SBE, uma das participantes na reunião de ontem com o primeiro-ministro e o ministro da Economia sobre o relançamento da economia no período pós-pandemia.
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O encontro com duas dezenas de académicos e economistas ocorreu numa perspetiva de perceber como vai a economia levantar-se depois da hecatombe esperada para este segundo trimestre e que o ministro das Finanças já disse que representará uma queda trimestral homóloga histórica.
O governo quer evitar levantar as restrições - ou parte delas - cedo demais, aumentando de novo o número de casos e criando desconfiança nos agentes económicos. "Abrir a economia antes do tempo vai ganhar-se muito pouco, do ponto de vista da confiança", frisa Susana Peralta, apontando também a "falta de preparação da economia para enfrentar choques".
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No final do encontro - uma segunda ronda já que de manhã foram ouvidos os representantes das instituições que fazem projeções macroeconómicas -, o ministro da Economia realçou a questão da confiança dos agentes económicos. "Se conseguirmos consolidar os ganhos do ponto de vista de saúde pública, teremos a capacidade de também, nas próximas semanas, começarmos a construir a confiança de nos protegermos no espaço público", frisou o governante.
Durante a reunião vários economistas chamaram também a atenção para que não fossem cometidos os erros depois da crise de 2008, sobretudo no que diz respeito ao modelo de crescimento da economia baseado em "emprego de má qualidade".
Setor a setor. Com máscaras e luvas
Das declarações do ministro da Economia ficaram algumas indicações de quais os setores que poderão ver aliviadas algumas das restrições impostas com o estado de emergência. Pedro Siza Vieira deu o exemplo dos setores do retalho (com algumas exceções), a restauração (à exceção do take away) ou certos serviços que fecharam por ordem do governo.
"Aquilo que nos parece é que temos de tomar medidas dirigidas a estes setores em função da avaliação do risco que temos. Conseguiremos continuar a reduzir de forma consistente o número de contágios, de ter a capacidade de dotar toda a comunidade para que as empresas consigam oferecer segurança no local de trabalho?", questionou o responsável.
Para tal, Siza Vieira aponta a necessidade de ter equipamentos de proteção individual suficiente para todos, ou seja, máscaras e luvas. "Aquilo que importa assegurar é que existe um abastecimento suficiente desse tipo de equipamento para distribuição aos trabalhadores", frisou o ministro.