Confinamento atira lojas e restaurantes para perdas de 75,9%. "Um fim-de-semana catastrófico"

"São mais de 375.000 empregos suportados por estas indústrias e, sem apoios concretos e decisivos, e ainda sem nos deixarem abrir as portas para trabalharmos, muitas serão obrigadas a fechar portas", alerta AMRR.
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A obrigação dos restaurantes e as lojas, incluindo o retalho alimentar com mais de 200 metros quadrados, terem de fechar a partir das 13h no passado fim-de-semana, na sequência do Estado de Emergência em mais de 100 concelhos do país, atirou o sector para perdas de 75,9%. "Foi um fim-de-semana catastrófico para o retalho e restauração", acusa Miguel Pina Martins, presidente da Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR).

Os dados do mais recente Observatório da AMRR - junto das mais de 3500 lojas associadas - sobre as vendas do primeiro fim-de-semana com recolher obrigatório determinado pelo Estado de Emergência, apontam para perdas de 75,9%. "Foi um fim-de-semana catastrófico para o retalho e restauração, que vem fragilizar ainda mais as empresas destes setores. Recordo que são mais de 375.000 empregos suportados por estas indústrias e, sem apoios concretos e decisivos, e ainda sem nos deixarem abrir as portas para trabalharmos, muitas serão obrigadas a fechar portas e a mandar pessoas para o desemprego." afirma Miguel Pina Martins, Presidente da AMRR, citado em comunicado.

Embora as medidas decretadas tenham afetado mais os municípios com recolher obrigatório - cerca de 121 -, as perdas superiores ao habitual foram sentidas em todos. "A AMRR teme assim que, no próximo fim-de-semana, com o aumento para 191 dos concelhos com recolher obrigatório, as perdas sejam ainda mais elevadas, adiantando que há já muitos lojistas a pensarem se valerá a pena abrir portas", refere em comunicado.

Uma decisão do Governo para conter os números alarmantes da pandemia, que apanho o sector do retalho num dos habitualmente melhores momentos de vendas do ano. Esta segunda-feira foram registados mais 3996 casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal e um recorde de 91 óbitos nas últimas 24 horas, informou a Direção-Geral de Saúde no habitual boletim diário. O número de vítimas mortais sobe para as 3472.

"Estamos a aproximarmo-nos do Natal, altura em que muitos portugueses querem estar com as suas famílias, pelo que compreendemos o esforço feito em controlar a pandemia nesta fase. Mas é preciso olhar para as medidas com muito cuidado, uma vez que a redução de horários de funcionamento de lojas e restaurantes leva inevitavelmente a maiores concentrações e aglomerados no curto espaço de tempo em que estão abertas. Ao contrário do que está a ser feito, um horário mais alargado permite um fluxo de pessoas mais espaçado no tempo, para que todos possam visitar as suas lojas e restaurantes com maior segurança", refere Miguel Pina Martins.

O Governo já anunciou um pacote de medidas para apoiar o sector do retalho e restauração, os mais impactos com estas novas medidas de restrição.

"O tema das rendas é essencial. O que pretendemos é que haja justa e equitativa repartição de sacrifícios. Estamos certos que os Partidos Políticos não se deixarão condicionar por pressões dos grandes fundos imobiliários e adotarão, em sede de discussão da Assembleia da República, a posição patriótica e que melhor defende a economia e o emprego, permitindo a manutenção de milhares de postos de trabalho."

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