A Comissão Europeia prevê a contração de todas as economias da UE, mas a queda abrupta deverá ser compensada com crescimento já no próximo ano..No boletim macroeconómico da primavera, a Comissão Europeia antecipa um cenário sem precedentes com todas as economias em recessão, com um impacto muito superior ao da crise económica que se iniciou em 2008..A crise provocada pela pandemia obrigará a economia portuguesa a contrair-se em 6,8%, de acordo com a estimativa de Bruxelas, que traça um cenário para Portugal, ainda assim, menos negativo do que no resto da Europa, e especialmente na zona euro, onde a queda deverá atingir os 7,7%. .Bruxelas calcula que as contas públicas vão regressar a uma situação deficitária, de 6,5% do PIB, depois de ter registado um superavit no ano passado de 0,2 por cento. Mas, o crescimento no próximo ano colocará Portugal com um défice de 1,8% em 2021..Se, por um lado, a Comissão agrava as estimativas do FMI, que antecipou uma contração de 7,5% na Zona Euro, por outro, melhora-as no que diz respeito a Portugal. Recorde-se que o FMI estimou uma quebra de 8% na economia portuguesa este ano..Os piores cenários registar-se-ão em Itália, Espanha, Grécia e Croácia. Nestes quatro países o PIB vai encolher mais de 9%. No caso de Grécia a quebra aproximar-se-á mesmo dos dois dígitos, podendo rondar os 9,7%, se a previsão de Bruxelas se confirmar..A Alemanha, frequentemente apontada como o motor da economia europeia, deverá enfrentar uma recessão este ano equivalente a 6,5% do PIB. A Polónia deverá ser o país menos atingido, ainda assim com uma quebra de 4,3 %..Crescimento.Os especialistas de Bruxelas acreditam que 2021 já será um ano de retoma, com crescimentos que podem contar os 7,9%, no caso da Grécia, que sendo o país mais afetado este ano, será também o que mais cresce no próximo. Se as previsões se verificarem, o PIB português terá um crescimento de 5,8 por cento no próximo ano..O investimento cai em todos os países, sendo a Irlanda com uma redução de 41,6 por cento e, mais uma vez a Grécia, os países onde mais se fará sentir a quebra. O investimento em Portugal deverá encolher 8,6%, recuperando no próximo ano, compensando a perda com um aumento do investimento de 8,9%..Desemprego.Em Portugal, a tendência de criação de emprego será invertida, registando-se uma quebra na criação de emprego na ordem dos 3,4%, que será parcialmente recuperado em 2021, com um crescimento de 2,7%..Assim, no final deste ano, 9,7% da força laboral portuguesa estaria inativa. Este indicador cairá para 7,4% no próximo ano, ainda assim, o número de desempregados será superior aos 6,5% registados no ano passado..Na comparação com a zona euro, nota-se que média virá a ser muito afetada pelas reduções de 8,7% em Espanha, 9,1% em França e 7,5% em Itália. A recuperação em Itália e Espanha será mais lenta. Mas em França, Bruxelas estima que o mercado de trabalho voltará rapidamente a crescer (10%) em 2021..Dívida.Portugal chegará ao final deste ano com uma dívida pública superior ao pico registado durante o resgate, pico atingido em 2016, de 131,5% do PIB. Este ano deverá atingir os 131,6% do PIB.