BCE mantém plano de desmame dos juros mínimos apesar da vaga Ómicron

A quinta vaga de covid e os efeitos negativos para a economia não demovem o BCE da sua rota. Programa especial de compra de dívida é mesmo para acabar em março, o que poderá levar a uma subido nos juros mas, para já, as taxas ficam ficam na mesma.
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A quinta vaga de covid provocada pela variante Ómicron do coronavírus, que gerou e está a gerar uma quantidade enorme de infeções e continua a entravar muitas o andamento de muitos negócios não é suficiente para que o Banco Central Europeu (BCE) altere o rumo da sua política monetária, que é começar a fazer o desmame dos juros mínimos.

A primeira medida, agora reafirmada, é que o programa especial de compra de ativos direcionado para os efeitos da pandemia, sobretudo dívida pública) é mesmo para acabar a partir de março próximo, como fora anunciado em meados de dezembro, quando a nova vaga pandémica Ómicron ainda não era percetível ou não existia desta forma.

Ou seja, implicitamente, o BCE considera que este apoio (PEPP - pandemic emergency purchase programme) deixa de se justificar e que os efeitos da pandemia deixam de ser suficientemente relevantes no final do próximo mês.

Com este passo, os juros dos países do euro podem vir a ser pressionados em alta, uma vez que perdem um amparo muito importante, isto apesar de o BCE se comprometer a reinvestir os títulos comprados (quando chegarem à maturidade) e de continuar a comprar muita dívida sob o chapéu da trave mestra do quantitative easing, o APP - Asset Purchase Programme, reforçando este APP, ainda que apenas entre abril e setembro.

Mas, para já, taxas de juro firam ficam na mesma, em mínimos.

Esta quinta-feira, a instituição liderada por Christine Lagarde confirmou que "no primeiro trimestre de 2022, o conselho do BCE está a realizar aquisições líquidas de ativos ao abrigo do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme - PEPP) a um ritmo inferior ao do trimestre anterior" e que "descontinuará as aquisições líquidas ao abrigo do PEPP no final de março de 2022".

Numa resposta indireta aos perigos da nova vaga e da pandemia, que ainda não terminou, o BCE considera que a sua política é suficientemente flexível para lidar com estes problemas. Ou seja, pode haver mudanças, se necessário. Num cenário mau, o PEPP pode ser retomado, reitera Frankfurt. Mas, em princípio, nada leva a crer que o BCE toma a partir de agora um caminho diferente.

"Em condições de tensão, a flexibilidade permanecerá um elemento da política monetária sempre que ameaças à transmissão da política monetária comprometam a consecução da estabilidade de preços" e compras de ativos no contexto do PEPP "podem também ser retomadas, se necessário, para contrariar choques negativos relacionados com a pandemia".

E, "mais especificamente, em caso de uma fragmentação renovada do mercado relacionada com a pandemia, os reinvestimentos no contexto do PEPP podem, em qualquer momento, ser ajustados de forma flexível ao longo do tempo, por classes de ativos e entre jurisdições".

Desde que foi lançado, em março de 2020, quando apareceu esta pandemia, o PEPP teve como objetivo comprar um total de 1,85 biliões de euros em ativos financeiros (sobretudo dívida publica) aos bancos e fundos da zona euro.

APP temporariamente reforçado para minimizar choque

No entanto, apesar de o PEPP acabar, o outro enorme programa de compra de dívida e outros ativos chamado APP será temporariamente reforçado entre abril e setembro para compensar o fim das compras pandémicas, ainda que tal reforço vá sendo gradualmente drenado até voltar ao atual ritmo de compras APP de 20 mil milhões de euros por mês.

"Em consonância com a redução gradual das aquisições de ativos decidida em dezembro de 2021", tendo em conta o objetivo de "estabilização da inflação no objetivo do Conselho do BCE no médio prazo [2%]", as compras líquidas ao abrigo do programa de compra de ativos (asset purchase programme - APP) sobem para "40 mil milhões de euros no segundo trimestre de 2022", depois aliviam para "30 mil milhões de euros no terceiro trimestre".

"A partir de outubro, o conselho do BCE manterá as aquisições líquidas de ativos ao abrigo do APP num ritmo mensal de 20 mil milhões de euros", que é o ritmo atual (do primeiro trimestre idem), "enquanto for necessário, para reforçar o impacto acomodatício das taxas de juro diretoras do BCE".

Como referido, as taxas de juro diretoras ficam na mesma, em mínimos. "A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão inalteradas em 0%, 0,25% e −0,5%, respetivamente", confirma o BCE.

(atualizado 13h40)

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