O Governo decidiu alargar a mais concelhos as regras apertadas de circulação, passando de 121 para 191, os municípios em confinamento parcial. E isso significa que a partir desta segunda-feira, 82% dos portugueses terão os movimentos condicionados, com o recolher obrigatório entre as 23 horas e as 5 da manhã de segunda a sexta-feira, e a partir das 13 horas no próximo fim de semana..De acordo com os cálculos do Dinheiro Vivo, estas medidas abrangem cerca de 8,5 milhões de pessoas. Estas regras mais severas aplicam-se apenas aos concelhos do continente e, se tomarmos apenas este universo, significa que neste território mais de 86% dos seus residentes vão estar sob medidas mais apertadas..A lista atualizada coloca mais de 62% dos 308 concelhos do País no grupo dos que são considerados de risco elevado. O critério é de 240 novos casos de covid-19 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias..O universo é atualizado todos os 15 dias, tendo em conta estes critérios, apesar de o primeiro-ministro já ter indicado que vai ser feito um escalonamento das limitações dependendo, por exemplo, se o número ultrapassa muito aquele limite dos 240 novos casos. "Justifica-se uma diferenciação das medidas entre os 191 concelhos, porque sendo o critério o número de novos casos superior a 240 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, a realidade é muito diversa [entre os concelhos]", afirmou António Costa, na conferência de imprensa da última quinta-feira à noite (12 de novembro)..Nestes concelhos, as pessoas estão impedidas de circular durante o período de recolher obrigatório, havendo 13 exceções que necessitam sempre de ser justificadas, mas não há multa. No limite, a polícia pode conduzir que desobedecer a casa. Se não aceitar, pode sujeitar-se a um processo-crime, por desobediência às autoridades..Nestes territórios, há um dever de permanência em casa, exceto nas deslocações autorizadas e o comércio encerra às 22 horas e os restaurantes às 22:30, tal como os equipamentos culturais..Nestes 191 concelhos agora sob maiores restrições encontra-se a esmagadora maioria das empresas do País, contando-se as maiores e mais importantes. No levantamento feito pelo Dinheiro Vivo, é nestes territórios que se produz 88% da riqueza do país..Para chegar a este valor recorreu-se ao valor acrescentado bruto (VAB) das empresas não financeiras, o que retira todos os serviços da banca. O VAB é a riqueza gerada na produção, descontando o valor dos bens e serviços consumidos para a obter, tais como as matérias-primas ou a energia utilizada. Este valor não deduz o consumo de capital fixo, como maquinaria..Nos 191 concelhos sob confinamento parcial existem mais de um milhão de empresas, que correspondem a mais de 81% das firmas existentes no País..O concelho de Lisboa lidera no número de empresas e no valor de riqueza criada. Na capital existem 115,6 mil firmas que são responsáveis por mais de 23,1 mil milhões de euros, ou seja, mais de um quarto (23,4%). Não quer dizer que a produção esteja localizada na capital..Em segundo lugar, em número de empresas, está o concelho do Porto com mais de 41 mil entidades. Mas em termos de riqueza produzida, Oeiras surge à frente com um VAB superior a 5,2 mil milhões de euros. O Porto surge logo a seguir, a fechar o pódio com uma riqueza de 3,7 mil milhões de euros..com Luís Reis Ribeiro