Sporting critica manutenção do formato da Taça da Liga
O Sporting emitiu esta quarta-feira um comunicado no qual critica a direção da Liga em manter o mesmo formato da Taça da Liga na próxima temporada, apesar de o calendário futebolístico ser mais curto do que o normal por causa da pandemia de covid-19.
"É uma das piores decisões alguma vez tomadas no que se refere à proteção do futebol português e dos clubes portugueses que competem nas competições europeias", dizem os leões, considerando que a Liga "meteu a cabeça na areia" e "finge que a pandemia não existe".
O Sporting lembra que a próxima época vai ser reduzida de dez para nove meses por causa do covid-19 e que, devido a esta decisão, vai assistir-se "a um número recorde de jogos naquele período de tempo" o que, de acordo com o comunicado, "vai potenciar o risco de lesões" devido à sobrecarga de jogos.
O Sporting diz ainda que se tomam "medidas para que os clubes que a representam na Europa do futebol não tenham condições de a representar ao seu melhor nível" e nesse sentido lança um aviso: "O caos bem pode estar lançado."
Eis o comunicado na íntegra:
"Portugal fora da Europa
Foi ontem decidido no seio da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) a manutenção do formato e calendário da Taça da Liga para a época 2020/2021.
Trata-se, somente, de uma das piores decisões alguma vez tomadas no que se refere à protecção do futebol português e dos clubes portugueses que competem nas competições europeias.
Quando todo o mundo se debate ainda com uma pandemia, em que ninguém sabe ou conhece ainda o real alcance da mesma, a LPFP entendeu meter a cabeça na areia e fingir que a mesma não existe, nem nunca existiu. Mas a realidade é diferente.
Devido à pandemia, a época desportiva, que devia durar cerca de dez meses, passa para cerca de nove, o que resulta numa situação sem precedentes, em que se assistirá a um número recorde de jogos naquele período de tempo, sem condições adequadas de paragem e tempos de descanso necessários. Isto, enquanto os clubes diminuíram as suas receitas, o que gera dificuldades acrescidas na construção dos plantéis (principalmente dos que competem nas competições europeias), ao mesmo tempo que potenciará riscos de lesões para os seus jogadores.
Quando toda a Europa do futebol caminha num rumo de extinção de competições como a Taça da Liga, e em que os clubes da Premier League que competem nas competições europeias ponderam tomar a decisão de não jogar esta época a respectiva Taça da Liga, Portugal mantém tudo como dantes.
Quando se pretende aumentar o valor da Liga portuguesa (e melhorar o ranking de Portugal), tomam-se medidas para que os clubes que a representam na Europa do futebol não tenham condições de a representar ao seu melhor nível.
Quando se devia estar a falar da reformulação dos quadros competitivos da I Liga, com a diminuição de 18 para 16 clubes, sobrecarrega-se ainda mais o calendário.
Mas esta decisão é ainda contraditória com as alterações regulamentares que foram feitas na época anterior, em que se tentava proteger os clubes portugueses que competem nas competições europeias. É, ainda, contraditória com tudo o que tinha vindo a ser apregoado durante esta época pelos seus líderes. Passado um ano, o que mudou?
Finalmente, não se pode deixar de realçar a inconsciência de uma decisão que potencia que as Ligas profissionais não venham a terminar na época 2020/2021, já que não houve qualquer preocupação em ser criado um prazo de segurança adicional, caso se venha a verificar uma segunda vaga da pandemia.
Não faltará quem venha de seguida indicar que devido à pandemia, os chamados clubes grandes têm de ser mais solidários com os chamados pequenos. É esta a Liga que insistimos ter.
O caos bem pode estar lançado e, em Portugal, a pandemia parece ter acabado única e exclusivamente por imposição da LPFP (se é que alguma vez aconteceu!)."