Saiba quem António Simões escolheria para melhor jogador do mundo
António Simões foi uma estrela do futebol português nas décadas de 1960 e 1970 e teve o privilégio de partilhar o relvado com alguns dos melhores jogadores de sempre, como Di Stéfano, Bobby Charlton, Pelé, Johan Cruyff, Eusébio, Beckenbauer, entre outros. Admirador confesso de Cristiano Ronaldo e de Lionel Messi, o antigo magriço considera que este é o momento certo de a FIFA dar a "um príncipe" o troféu de melhor jogador do mundo.
E esse príncipe é... Luka Modric. "Foi aquele que mais me impressionou no Mundial, por nunca ter saído de um patamar elevado de rendimento. Numa escala de zero a dez, Modric andou sempre pelo oito ou nove. E além disso também foi importante para que o Real Madrid tivesse conquistado a Liga dos Campeões", explicou António Simões ao DN.
"O futebol mundial tem tido como reis Ronaldo e Messi há largos anos. Quando olho para trás, nos anos 1960 e 1970 houve dez reis, mais tarde houve Maradona e nos últimos tempos têm sido dois, mas andamos à procura de outro, e considero que só por ausência de Ronaldo e Messi é que qualquer um dos outros jogadores da atualidade poderá ser considerado melhor do mundo", começou por dizer o antigo futebolista, que apelida de "príncipes" Griezmann, Mbappé, Varane, De Bruyne, Eden Hazard, Harry Kane, Modric e Mohamed Salah, os outros nomeados nesta terça-feira para o prémio The Best da FIFA.
Só que qualquer destes "ainda não conseguiu atingir o patamar de Zidane", que na sua opinião "foi o príncipe que mais perto esteve de ser rei".
Só que, apesar dos patamares que estabelece, Simões apostaria em Modric como melhor do ano até por se tratar de um jogador "com uma inteligência tão grande num corpo tão pequeno". E os elogios não se ficam por aqui: "É um pequeno génio, que tem uma relação muito boa com o jogo e com a bola, o que é muito difícil e importante para se atingir altos patamares. Seria bom que Modric fosse eleito. Seria, no fundo, um ato de justiça torná-lo rei por um momento na sua carreira, sobretudo pelo que fez pela equipa e pela sua seleção." Na prática, António Simões considera que seria também "um prémio a um talento que esteve ao serviço do coletivo".
Há, no entanto, uma questão que Simões levanta para que seja esta a escolha da FIFA, que será anunciada a 24 de setembro. "Será que Modric tem força para ser eleito? Não conta apenas o que fez dentro de campo, a escolha tem também a ver com o que se passa fora do contexto do jogo, na componente negócio, e aí Ronaldo e Messi também são reis", frisou.
Mas não se pense que António Simões exclui os dominadores do futebol nos últimos anos. "Para mim os três primeiros classificados seriam Modric, Ronaldo e Messi, por esta ordem. Aliás, não me incomoda que Ronaldo e Messi estejam sempre nomeados, pois ainda me surpreendo com ambos, o português com a sua relação com o golo e o argentino pelo que faz no jogo", explicou, assumindo que, por uma vez, "seria bom haver um intruso", apesar de considerar que "os dois reis dos últimos anos vão continuar a dominar" estes prémios nos próximos anos.
Perante a escolha de Modric, António Simões faz uma declaração de interesses: "Ele tem muito a ver com a forma como eu joguei no final da minha carreira: no meio-campo, para a equipa, utilizando mais a inteligência e a liderança. Revejo-me nesse tipo de jogadores talentosos e inteligentes", frisou o antigo internacional português, de 74 anos.