Judocas do Benfica juntam-se e sobrevivem em comunidade à pandemia

A veterana Telma Monteiro em conjunto com a Bárbara Timo, Rochele Nunes, Rodrigo Lopes e Anri Egutidze estão numa espécie de estágio improvisado. A ideia foi do treinador do clube encarnado.
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Metade da equipa olímpica portuguesa de judo está a viver em comunidade nos arredores de Lisboa, partilhando desde os treinos às compras para o dia-a-dia, para "sobreviverem" à crise da covid-19.

Telma Monteiro, de 34 anos, é a veterana do grupo, que se junta a Bárbara Timo, Rochele Nunes, Rodrigo Lopes e Anri Egutidze, numa espécie de estágio improvisado, em que, por iniciativa do treinador Jorge Gonçalves, mantêm a atividade.

"Somos cinco isolados e tentamos proteger-nos o máximo possível", explicou Anri Egutidze à agência Lusa, que, a par de Jorge Fonseca (Sporting), é o único judoca masculino em lugar elegível para os Jogos Olímpicos. A ideia de juntar o grupo partiu do treinador das águias e todos sentiram que, perante as circunstâncias, seria o melhor. "A ideia foi do treinador, que achou que era o melhor e todos concordámos, achámos boa a ideia", explicou.

O objetivo de todos "é manter a forma o máximo possível" e cuidarem de si próprios, num ambiente em que ficaram mais tranquilos com o anúncio na terça-feira (dia 24) do adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021.

Foi já em comunidade que Egutidze soube do adiamento do evento, que estava previsto realizar-se entre 24 de julho e 9 de agosto, e considera ter sido esta a melhor solução, dentro do panorama que se vive. "Porque maioria das atletas não iam conseguir treinar o suficiente para uns Jogos Olímpicos", explicou o judoca, em alusão às condições que cada um dos atletas pode ter neste momento, ferindo a integridade do desporto.

Para já, em plena crise, todos fazem o que podem para manter a atividade física, num ambiente de treino diário que obriga também a fazer compras, cozinhar e controlar o peso, o ritual essencial à vida de um judoca. "Também temos uma balança, um judoca sem uma balança não sobrevive", comentou sorridente o atleta, que no tatami tem que se situar abaixo dos -81 kg, a sua categoria, a que o fez subir ao pódio em Grande Prémios e Grand Slams.

Das rotinas diárias faz ainda parte a cadela Nikki, enquanto os judocas procuram cumprir planos de treino, usar a criatividade e lançar novos desafios para manterem a forma, como mostram nas redes sociais, e em especial na página Judo Benfica. A parte alimentar, tão importante à condição de todos e ao imprescindível controlo de peso, também está pensada. "Todos estamos a cozinhar, temos mais ou menos um plano e seguimos", explicou ainda Egutidze. Outro pormenor importante são as compras, que são feitas por todos, nunca juntos, e o "máximo protegidos possível".

Todos vivem um período invulgar e de exceção na história, com a pandemia do coronavírus um pouco por todo o mundo, agora com especial impacto no continente europeu, o que leva o judoca a deixar também ele algumas recomendações. "Queria que as pessoas ficassem em casa, que evitássemos andar na rua e respeitássemos todas as regras, para conseguirmos sair desta situação o mais rápido possível", concluiu o judoca encarnado.

Portugal tem oito judocas elegíveis para os Jogos Olímpicos, com os quatro atletas encarnados a juntarem-se a Catarina Costa (Académica), Joana Ramos (Sporting), Patrícia Sampaio (Sociedade Gualdim Pais), e Jorge Fonseca (Sporting). Sendo que, Jorge Fonseca é o único judoca masculino em lugar elegível para os Jogos Olímpicos. No entanto, a estes procura ainda juntar-se Rodrigo Lopes (-66 kg), o quinto judoca da equipa do Benfica que completa o grupo dos famous five do clube da Luz, no espírito solidário ao jeito dos livros juvenis de aventuras de Enid Blyton.

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