Andebol. Portugal vence Hungria e consegue a melhor classificação de sempre
Lágrimas, abraços e alguma falta de fair play do adversário na festa da melhor classificação de sempre da seleção portuguesa de andebol num europeu. Esta quarta-feira, na Malmö Arena, na Suécia, Portugal precisava vencer por cinco para não fazer contas e depender dos adversários e acabou o jogo a vencer a Hungria por oito (34-26). A vitória carimbou a melhor participação, que até agora era um sétimo lugar conseguido em 2000. Além disso, a equipa portuguesa garantiu um lugar no torneio de qualificação Olímpica.
Com Areia (eleito o melhor jogador do encontro), Belone Moreira (melhor marcador com sete golos), Daymaro Salina, Alexis Borges e Quintana em bom nível, a equipa de Paulo Pereira foi construindo um triunfo sólido perante uma equipa húngara surpreendida com a defesa agressiva e acerto ofensivo dos portugueses. Portugal terminou com 77% de eficácia de remate (34 golos em 44 remates).
Um jogo em que a seleção começou bem e manteve-se concentrada na missão de conseguir um lugar no jogo que define o 5.º e 6.º lugar. Esse duelo está marcado para sábado (16.00, Sport TV) e o adversário será a Alemanha, a quem a seleção nunca ganhou (três jogos, três derrotas). Mas esta equipa tem estado a surpreender com resultados que poucos esperavam, como aconteceu frente a França e Suécia neste europeu, apesar de não contar com Gilberto Duarte, que é considerado o melhor andebolista português da atualidade.
Os andebolistas portugueses, que há 14 anos não iam a um europeu, podem ainda sonhar com uma presença nos Jogos Olímpicos. O terceiro lugar no grupo da fase dois do Euro2020 permite a Portugal ir jogar o torneio pré-Olímpico que distribui vagas para Toquio2020, que se jogará a partir de 17 de abril, na França ou na Alemanha.
A vitória por uma diferença de oito golos permite a Portugal ficar com vantagem mesmo em caso de desempate entre as três seleções, o que acontecerá caso a Islândia se imponha à equipa anfitriã Suécia esta noite.
Portugal começou a apostar ainda antes dos 10 minutos no sistema atacante sete contra seis, o que, aliado à segurança transmitida por Quintana na baliza, valeu a passagem para a liderança pela primeira vez aos 5-4, mas o equilíbrio foi a nota dominante da primeira parte.
Apenas na fase final a seleção nacional se distanciou, chegando a dispor de três golos de vantagem e ao intervalo a vencer por 16-14, muito por força do acerto de Belone Moreira na marcação irrepreensível de cinco livres de sete metros, enquanto a Hungria desperdiçou dois.
A segunda parte começou com os húngaros a fazerem marcação individual a André Gomes, que foi rapidamente abandonada quando a equipa lusa chegou aos quatro golos de vantagem (18-14), que, apesar de reações pontuais do adversário, se foi mantendo.
Aos 16 minutos, quando Alexis Borges colocou Portugal a vencer por 25-20, estava atingida a margem de cinco golos necessária para evitar um dissabor islandês, mas os lusos não pararam aí e foi já com Humberto Gomes, habitual suplente, na baliza, que se lançaram para a goleada aos magiares.
"Tenho jogadores de grande caráter. Fizemos um jogo quase perfeito. Foi fantástico. Agora, vamos pensar como vamos bater o nosso próximo adversário [Alemanha, no jogo de atribuição dos quinto e sexto lugares]. Vai ser difícil, mas vamos tentar. A Hungria lutou, tal como nós lutámos, pois é um país de andebol", confessou Paulo Pereira, selecionador de Portugal, lembrando que Portugal "esteve muito bem" na defesa.
Empolgado, o técnico nacional lembrou que é preciso fazer mais jogos a "este nível": "Fizemos história, porque conseguimos alcançar o melhor resultado de sempre. Já o fizemos. Ainda por cima com direito de estar num torneio pré-olímpico. É excecional. O próximo objetivo é ir aos Jogos Olímpicos. É estrondosamente difícil, quase impossível. Tal como isto."
O selecionador ficou mesmo sem palavras para elogiar o grupo que tem à disposição no europeu. "Esse grupo tem sido fantástico, com alguns altos e baixos, o que é normal numa competição deste género. Tenho de lhes fazer uma vénia. Mas ainda há muito por fazer. É preciso manter este nível mais tempo e em mais jogos. Estamos aqui a jogar com a fina flor do andebol mundial e tivemos quatro vitórias em 15 dias, quando em 25 anos tínhamos conseguido seis. As medalhas ainda estão longe. Esta pressão foi positiva, mas os atletas chegam aqui, após 14 anos de ausência, e começa a falar-se apuramento para as meias-finais", enalteceu, confessando que tenta sempre "surpreender o adversário" com mudanças na equipa e na forma de jogar.
No sábado, o adversário é a Alemanha: "Espero oito milhões a ver Portugal [no jogo com a Alemanha] e vamos trabalhar para ganhar à Alemanha. Podemos perder, porque a Alemanha é a Alemanha, como se diz no futebol. Espero que, desta vez, no fim não ganhe a Alemanha. Hoje, vamos fazer uma festa pequenina entre nós e amanhã [quinta-feira] vamos pensar no jogo com a Alemanha."