Bruno de Carvalho. Detenção e acusação justificam expulsão de sócio?

A Assembleia Geral do dia 15 de dezembro vai deliberar apenas sobre a suspensão de um ano que foi decretada ao ex-presidente. Entre várias personalidades do Sporting há quem defenda que deve ser expulso de sócios. Outros deixam o assunto nas mãos do Conselho Fiscal e Disciplinar
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A expulsão de Bruno de Carvalho de sócio do Sporting não está, para já, nas mãos dos associados leoninos. A Assembleia Geral do dia 15 de dezembro, como anunciou o presidente da Mesa, Rogério Alves, vai apenas decidir sobre o recurso apresentado pelo ex-presidente acerca da suspensão de um ano de que foi alvo por parte da antiga Comissão de Gestão. Recorde-se que para além de Bruno de Carvalho, foram igualmente suspensos os ex-membros do Conselho Diretivo Carlos Vieira, Alexandre Godinho, Rui Caeiro, José Quintela, Luís Roque e Luís Gestas.

As únicas expulsões até ao momento foram de Elsa Judas e Trindade Barros, respetivamente presidente e vice-presidente da antiga Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral. Ambos apresentaram recurso e na Assembleia Geral de 15 de dezembro, os sócios vão decidir se as expulsões se mantêm.

No entanto, face aos acontecimentos dos últimos dias, faz sentido a seguinte a pergunta: deveria o Conselho Fiscal e Disciplinar decidir pela expulsão do ex-presidente? Ministério Público acusa Bruno de Carvalho de ser o autor moral do ataque a Alcochete. Na acusação, a procuradora Cândida Vilar sustenta que o ex-presidente é responsável por 98 crimes, entre os quais terrorismo, sequestro, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada e detenção de arma proibida. De acordo com o Ministério Público, Bruno de Carvalho foi o principal instigador do ataque levado a cabo por membros da Juventude Leonina e pelos "casuals", uma fação mais radical do grupo. O DN contactou algumas personalidades do clube leonino para perceber se os recentes acontecimentos justificariam a expulsão do antigo líder.

"Nim" e "sim" à expulsão

Dias Ferreira, candidato derrotado nas eleições do passado mês de setembro, sublinha que "essa é uma decisão que cabe única e exclusivamente ao Conselho Fiscal e Disciplinar". "A minha opinião? Não lhe vou dar, nem interessa para este caso em questão", acrescentou.

Dias Ferreira sublinhou que "neste momento, o Sporting precisa é de paz, de arrumar a casa, e todas estas confusões que têm existido nos últimos meses em torno da figura do ex-presidente não têm ajudado".

O DN também contactou Eduardo Barroso, que durante quase toda a presidência de Bruno de Carvalho foi um fervoroso apoiante do ex-presidente. "Se Bruno de Carvalho deve ser expulso? Não faço ideia, sei é que isso deve ser decidido no local certo, pelas pessoas competentes. Estou obviamente a falar de uma Assembleia Geral, isto caso haja efetivamente a expulsão decretada pelo Conselho Fiscal e Disciplinar e depois o Bruno recorra da decisão", referiu o conhecido médico.

Eduardo Barroso aproveitou ainda para desmistificar a ideia de que defendeu Bruno de Carvalho nos últimos dias, nomeadamente quando disse não acreditar que o ex-presidente tenha estado envolvido nos ataques a Alcochete. "Mas qual defesa do Bruno? Já expliquei mais de 50 vezes que isto não tem nada a ver com o Bruno, tem a ver com o facto de eu não pactuar com esta histeria coletiva da nossa comunicação social, de autêntico linchamento público de uma pessoa por parte do jornalismo de sarjeta que existe em Portugal", atirou.

Sérgio Abrantes Mendes, antigo dirigente do Sporting e candidato derrotado nas eleições de 2011, entende que a expulsão de Bruno de Carvalho "está mais do que justificada por todos os danos feitos ao Sporting, pois ele foi o responsável pela página mais negra da história do clube". Por isso, prevê que "a breve prazo, o Conselho Fiscal e Disciplinar possa debruçar-se sobre a sua expulsão de sócio, pois tem poderes para tal e seria uma medida acertada para criar alguma estabilidade num momento crítico e para deixar trabalhar uma direção que foi eleita há três meses".

De qualquer forma, garante que "certamente que este Conselho Fiscal e Disciplinar não vai fazer como Bruno de Carvalho, que não dava direito ao contraditório e vai deixá-lo defender-se, isto, evidentemente, se a expulsão vier a ser uma realidade".

De qualquer forma, mesmo que não haja expulsão, Sérgio Abrantes Mendes tem a certeza de que Bruno de Carvalho jamais voltará a ter um cargo no Sporting. "O 'Brunismo' está completamente morto, como se viu na Assembleia Geral de destituição de 23 de junho e nas eleições de 8 de setembro, as mais concorridas de sempre do clube", defendeu.

Carlos Severino, candidato derrotado nas eleições de 2013, diz que a expulsão seria a medida mais adequada. "Esta minha posição não tem a ver com a sua recente detenção, até porque a investigação ainda está no seu início. No entanto, olhando para trás e para o historial de Bruno de Carvalho, obviamente que ele tem de ser expulso de sócio por todo o mal que fez ao Sporting", defendeu.

"Posso dar o meu próprio exemplo. Fui perseguido, ameaçado e até agredido, às custas dos desmandos desse senhor. Ele perseguiu todas as pessoas que eram críticas do seu trabalho, que apelidou de 'sportingados'. Posso adiantar que estou a pensar em criar a Associação dos Lesados de Bruno de Carvalho, pois houve muita gente que foi muito prejudicada por ele na vida pessoal e familiar e alguns não têm notoriedade para se defender. No entanto, evidentemente que o grande lesado foi o Sporting, que ele queria levar para a sepultura. Mas felizmente, o Sporting continua bem vivo e quem cavou a sua própria sepultura foi Bruno de Carvalho", concluiu.

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