O Vizela está na rota do regresso ao escalão principal, pois a quatro jornadas do fim da II Liga estão numa série de 16 jogos sem perder (12 vitórias e 4 empates) e ocupam a segunda posição, a três pontos do líder Tondela e com três de avanço sobre o Alverca. As duas últimas rondas permitiram cimentar a candidatura à subida, com um empate caseiro com o Alverca e um triunfo (1-0) em Tondela. Recorde-se que os dois primeiros garantem a promoção direta, enquanto o terceiro terá de disputar um playoff a duas mãos com o 16.º classificado da I Liga.Foi em 1984/85 que o Vizela se estreou no escalão principal, mas acabou por descer no final dessa época, tendo os seus adeptos esperado 36 anos para voltar a estar na I Liga, onde esteve três épocas, acabando por descer em 2024.Um ano depois, Joaquim Ribeiro, presidente da SAD do Vizela, acredita que o regresso está iminente. “Frente aos nossos adversários diretos, mostrámos que não fomos inferiores, daí as expetativas estarem altas, mas mantendo os pés no chão, para podermos encarar as difíceis quatro finais que se avizinham”, disse ao DN, defendendo que o segredo para a vitória em Tondela “baseou-se em acreditar no processo, que nos permitiu chegar até aqui, vivendo cada semana como se fosse a última e deixando tudo em campo”. O início desta série sem perder iniciou-se após a 14.ª jornada, quando ocupava o 14º lugar a 16 pontos do Tondela, razão pela qual Joaquim Ribeiro realça que “o grupo conseguiu transformar o impossível em possível”.“Esta é a fase decisiva da temporada e tudo vai depender dos pormenores, numa luta entre Vizela, Tondela, Alverca e Chaves. Vamos tentar terminar num dos três primeiros lugares, sabemos que será muito difícil, como de resto tem sido ao longo de vários meses”, aponta o diretor desportivo, o espanhol Toni Dovale.Apesar da confiança no regresso à I Liga, o presidente do Vizela está muito prudente. “Tudo poderá acontecer, desde terminarmos em primeiro lugar, até descermos para quinto. A equipa sabe o que tem de fazer e o mister Fábio Pereira tem tido um papel fundamental, principalmente a nível mental, no sentido de nunca desligarmos e mantermos uma mística própria, com dinâmica de vitória”, realçou, garantindo que “só sendo uma família” será possível “conseguir atingir os objetivos”.Fábio Pereira é o terceiro treinador do Vizela esta temporada, depois dos espanhol Rúben de la Barrera ter sido demitido após a 8ª jornada, quando a equipa estava no 11º lugar. O compatriota Simón Lamas, que orientava os sub-23, foi promovido, mas após três jogos foi rendido por Fábio Pereira, que tinha saído do Marítimo. “É um técnico com um histórico na II Liga e houve uma simbiose muito grande entre equipa técnica, staff e estrutura”, afirmou o presidente Joaquim Ribeiro sobre o treinador de 46 anos. Já Toni Dovale considera que “houve uma mudança de dinâmica” com a chegada Fábio Pereira, que é “alguém que gosta de um futebol ofensivo e conseguiu levar os jogadores a demonstrar o nível que sempre tiveram”.A época nem sempre foi um mar de rosas e o ponto mais baixo terá sido o apedrejamento do autocarro da equipa, por parte dos próprios adeptos, depois de uma derrota em Alverca, a 30 de novembro. “Foi uma nódoa para um clube que não pactua com atos de violência. Era uma fase muito difícil, em que não havia grande harmonia com os adeptos. Agora, felizmente, tudo mudou”, sublinha Joaquim Ribeiro, enquanto Toni Dovale recorda esse episódio de violência “como um ato realizado por atrasados mentais, que não representam os adeptos do Vizela”.Sobre a sua trajetória como diretor desportivo, o antigo médio de 35 anos formado no Celta de Vigo, diz que “foram ditas muitas mentiras e tentaram desacreditar a SAD”, acrescentando que “possivelmente os adeptos não tinham noção do estado” da SAD quando a atual administração entrou no clube, revelando que foi necessário “um grande esforço financeiro” e a “criação de um projeto desportivo, baseado na união”. Joaquim Ribeiro assume mesmo que o Vizela está agora pronto para a I Liga, pois está “sustentado do ponto de vista financeiro, o estádio foi melhorado e tem havido uma grande ajuda da Câmara Municipal, das pessoas da cidade e do fundo de investimento”.Se a subida for uma realidade, será desta que o Vizela irá estabilizar na I Liga? O presidente da SAD avisa que “qualquer clube da região abaixo do Vitória de Guimarães, terá sempre dificuldades em estabilizar na I Liga”, pelo que defende a necessidade de haver “mudanças a nível da centralização dos direitos televisivos para poder competir com os maiores clubes”, embora reconheça que “pouco a pouco, tem havido uma maior aproximação”.Toni Dovale sublinha que o projeto do Vizela “passará sempre pela manutenção dos melhores jogadores”, mas reconhece que “o rendimento de alguns está a chamar a atenção de muitos grandes clubes em Portugal e no estrangeiro”, pelo que os vizelenses estão “abertos a ouvir propostas”, apesar de o objetivo é “ter um plantel mais forte do que o desta época”, sempre “com Fábio Pereira” no comando da equipa.