Com organização, muita paixão pelo jogo e uma enorme vontade de continuar a fazer história”. É com esse sentimento que as jogadoras da seleção portuguesa vão entrar em campo para jogar com a seleção espanhola, a campeã mundial e superfavorita a vencer o Europeu de futebol feminino, que ontem começou na Suíça. O Portugal-Espanha joga-se esta quinta-feira, às 20h00 (RTP1), no Estádio Wankdorf, em Berna.A ambição das Navegadoras tem sido evidente em cada jogo e a cada bom resultado. Depois da primeira presença e da primeira vitória em Europeus, em 2017, diante da Escócia, Portugal também se estreou em Campeonatos do Mundo, em 2023 e chega agora ao seu terceiro Europeu com a missão declarada de “passar a fase de grupos pela primeira vez”, segundo Francisco Neto, que lidera a seleção desde 2014.Mas para isso, as portuguesas terão de contrariar o poderio das espanholas, das italianas e das belgas no Grupo B. A estreia é com a Espanha, uma seleção que tem as melhores jogadoras da atualidade - Aitana Bonmatí e Alexia Putellas e a benfiquista Cristina Martín-Prieto - e impôs duas pesadas derrotas a Portugal nos últimos dois jogos, para a Liga das Nações (4-2 e 7-1).Empatar seria bom, mas, pontuar e jogar para o empate são coisas diferentes, segundo Francisco Neto. “Temos de ser uma equipa competitiva. Sabemos quem está à nossa frente, o nosso contexto e como temos conseguido chegar às fases finais. Teremos de ser altamente competitivos e organizados. Tudo o que for numa fase tão curta é muito importante pontuar. Não é decisivo, mas seria sempre muito bom pontuar”, disse o selecionador nacional de futebol feminino, garantindo que, por antecipação, não assina por baixo num empate com a campeã mundial: “Se for justo o empate, sim, mas não vamos jogar para o empate.”A equipa portuguesa é hoje bem mais experiente do que a que se estreou em 2017 e recheada de jogadoras da primeira linha do futebol europeu como Ana Borges (a mais internacional de sempre), Tatiana Pinto, Jéssica Silva e Kika Nazareth. A jogadora do Barcelona é a maior referência do futebol feminino nacional, mas não joga desde 12 de março, e está em dúvida para o jogo de estreia, tal como Telma Encarnação. Também a espanhola Aitana Bonmatí esteve em dúvida para o início do torneio, devido a uma meningite viral, que a levou ao hospital já durante o estágio, mas, segundo a selecionadora espanhola, a Melhor Jogadora do Mundo recuperou e pode ser opção frente a Portugal, “uma equipa completa e com jogadoras muito aguerridas”. Montse Tomé espera por isso “um jogo muito intenso” e defendeu que a seleção espanhola, “não deve assumir-se como favorita a vencer o Europeu”. Além do jogo com a Espanha, Portugal enfrenta a Itália, duas vezes vice-campeã mundial na década de 1990, no dia 7, em Genebra, e a Bélgica no dia 11, em Sion, sabendo que só os dois primeiros classificados da cada grupo avançam para os quartos de final.Uma mais favorita que a outraApontar a campeã mundial, Espanha, ou a campeã da Europa, Inglaterra, para vencer o Europeu parece uma aposta fácil. Afinal, ambas disputaram entre elas os dois principais títulos da modalidade, mas há seleções com tradição no futebol feminino que procuram uma oportunidade para desafiar as seleções mais vanguardistas da atualidade, casos da Finlândia, Alemanha e Dinamarca. Ou a Noruega, que foi campeã olímpica, mundial e europeia entre 1987 e 2000, e defrontou ontem a anfitriã Suíça, que é liderada por Pia Sundhage (uma das mais bem sucedidas técnicas de sempre) e candidata a grande surpresa da provaApós conquistar o seu primeiro grande troféu feminino, a seleção inglesa, que tem em Keira Walsh a sua maior estrela, quer tornar-se na segunda seleção, depois da Alemanha (2005 e 2009), a erguer o troféu duas vezes seguidas. No entanto, as inglesas terão pela frente um início duro com a França e os Países Baixos, antes de defrontarem o vizinho País de Gales, um dos estreantes, a par da Polónia.isaura.almeida@dn.pt.Europeu de futebol feminino arranca com recorde de prémios e Portugal à procura de fazer (mais) história