Se Amorim está para ficar, Schmidt e Conceição estão mais para sair
Os presidentes Frederico Varandas (Sporting), Rui Costa (Benfica) e André Villas-Boas (FC Porto) têm por esta altura um dossier em comum: continuidade ou não dos treinadores, que por sinal já foram todos Campeões Nacionais. E se Rúben Amorim, embora cobiçado, só sai se quiser depois de ganhar o título nacional pela segunda vez em quatro épocas, Sérgio Conceição e Roger Schmidt têm a porta entreaberta para saírem e por motivos similares.
Hoje, o recém-eleito presidente portista terá o primeiro contacto com o futebol no Olival, mas a questão do contrato de Sérgio Conceição ficará para depois da Taça de Portugal (o único troféu que a equipa ainda pode conquistar esta época). O técnico mais titulado da história do FC Porto (10 troféus) renovou nos últimos dias da presidência de Pinto da Costa, um acordo válido por mais quatro épocas que deve ser anulado se Conceição e os novos homens fortes do futebol dos dragões - Jorge Costa e Zubizarreta - não se entenderem sobre o projeto futuro.
Ontem mesmo foi noticiado pelo jornal The Telegraph que Graham Potter está na lista de potenciais substitutos - assim como antes tinham sido apontados Jorge Sampaoli, Ernesto Valverde. Sérgio Conceição pode emular o registo de Siska: cinco épocas completas, embora ainda fique longe de José Maria Pedroto, que somou nove, duas delas incompletas e em três períodos distintos.
Na Luz, a continuidade de Roger Schmidt divide a estrutura benfiquista, com Rui Costa a ter de decidir se mantém o técnico ou rescinde, pagando-lhe para sair. A avaliação será feita depois do último encontro da época, com o Rio Ave,
A derrota em Famalicão no domingo passado entregou o título ao Sporting e terá convencido o líder benfiquista a mudar de técnico, mas fazê-lo sem ter de lhe pagar os milhões a que tem direito é a questão para a qual Rui Costa ainda não tem solução.
A imprensa italiana publicou na semana passada que o presidente reuniu com o italiano Raffaele Palladino, o treinador do AC Monza, mas fonte encarnada desmentiu que pudesse ser o substituto do alemão, que liderou o Benfica até ao título em 2022-23. E o mesmo aconteceu quando Aimar foi colocado no radar encarnado.
Quanto a Rúben Amorim... depois da viagem a Londres para, supostamente, reunir com o West Ham, parece agora mais inclinado a continuar no Sporting e tentar um bicampeonato que foge aos leões há mais de 50 anos.
O Liverpool escolheu Arne Slot e Xavi anunciou que irá continuar no Barcelona fechando assim duas portas que estavas abertas para Amorim. Mas ainda há alguma janelas de oportunidade como o Manchester United, o Chelsea ou o AC Milan (mais inclinado para Sérgio Conceição).
Se sair, segundo o diário The Times, Anthony Barry, treinador inglês de 37 anos, que trabalha com Roberto Martínez na seleção nacional é o eleito para orientar os leões em 2024-25.
Os três grandes iniciarem a época com os mesmos técnicos é, assim, pouco provável. Aliás, nos últimos 50 anos só raras vezes, leões, águias e dragões não mudaram de técnico anualmente. Em 2021-22 os três começaram com os mesmos treinadores que tinham arrancado a época 2020-21 - Rúben Amorim no Sporting, Sérgio Conceição no FC Porto e Jorge Jesus no Benfica - interrompendo uma instabilidade crónica que se registava desde 1986-87. Nessa época John Mortimore (Benfica), Artur Jorge (FC Porto) e Manuel José (Sporting) iniciaram a época, embora Manuel José tenha saído a meio, o que obrigou a um trio renovado na época 1987-88.
Mudar tem aliás sido a regra, muito por culpa do Sporting, o clube que mais tem mudado de técnico de entres os três grandes do futebol português (nos últimos 20 anos só Paulo Bento, Jorge Jesus e Rúben Amorim ficaram mais de uma época). Desde o arranque do campeonato (1934-35) só em 1970-71 nenhum dos três mudou. Jimmy Hagan (Benfica), António Teixeira (FC Porto) e Fernando Vaz (Sporting) iniciaram assim a temporada 1971-72 nos mesmos clubes, embora só o primeiro tenha aguentado até ao fim, o que levou a nova mudança no Dragão e em Alvalade.
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