"Não posso deixar de lamentar o que aconteceu. Em 120 anos de história nunca se viu uma situação como a de ontem, não é este o respeito que o nosso treinador merece", atirou Rui Costa em defesa de Roger Schmidt, que que na sexta-feira, após o empate com o Farense (1-1) disparou na direção dos adeptos que o assobiaram e ameaçou ir embora..Para o presidente benfiquista, Schmidt não deixou de ser o treinador que deu o título ao Benfica. "Chegou a época passada e ganhou tanto em dois meses como o Benfica tinha ganho nos últimos 4 anos. Considero uma ação despropositada. Compreendo os adeptos pelo facto de a época não estar a correr como queremos, principalmente na Champions, percebo que estávamos a perder em casa, mas a reação foi descabida. O treinador merece todo o nosso respeito e consideração e credibilidade", disse..Alinhando num discurso do tipo - "nunca vi nada igual" - o líder benfiquista, disse mesmo que "tem havido uma campanha muito grande contra Schmidt", que lhe é difícil perceber, "inclusive esta história de falar (não) português". O presidente do clube da Luz tomou as dores do técnico alemão e considerou que os adeptos exageraram na reação, até porque nada está perdido à 13.ª jornada: "Assumindo que a campanha europeia está a ter muito peso na cabeça dos adeptos, pergunto o que já perdemos internamente? Temos a Supertaça ganha, no campeonato o máximo que pode acontecer é ficar a 4 do primeiro. Quem perdeu um campeonato à 13.ª jornada a 4 pontos de distância? O que faz que um clube campeão e com uma Supertaça se pense que tem de mudar logo tudo. Em relação ao jogo de ontem, já fiquei mais desiludido com prestações, até no ano do título, do que ontem. Compreendo a preocupação dos adeptos, que é o nono ponto perdido mas custa-me aceitar a reação contra o treinador. Não aceito.".Quando ao facto dele ter dito para "os adeptos ficarem em casa", Rui Costa preferiu tirar a carga negativa a essa frase e disse que reteve apenas a parte: "Voltem quando voltarmos a ser campeões." Para o dirigente, foram desabafos de "um ser humano" desiludido com o resultado. "Treinador está muito feliz no Benfica e é com ele que vamos conquistar mais títulos", garantiu o presidente dos encarnados, afastando um cenário de instabilidade: "Ele sabe a confiança que eu tenho nele. Estou quase todos os dias com Schmidt e não preciso de estar a apregoar a confiança nele.".A época mal planeada? "Podemos falhar jogadores, mas não critérios. Perdemos dois jogadores dos titulares, Grimaldo e Ramos, e depois Odysseas. Os que chegaram foram escolhidos de forma criteriosa por toda a estrutura do futebol. Cada jogador que chega é escolhido por prospeção, presidente e treinadores e a última decisão é minha e a responsabilidade é e será sempre minha. Que fique bem claro. Já a situação de o jogador ter ou não rendimento, pode ter a ver com a situação do jogador e não com o critério. Arthur foi o melhor marcador da Liga Conferência na época passada e por onde passou fez golos em todo o lado. Há jogadores que não conseguem logo adaptar-se. Se houve falha, a responsabilidade é minha e de mais ninguém. O ano passado também falhámos mas fomos campeões e as coisas ficaram mais no escuro. Vai acontecer todos os anos. Isso não significa que os jogadores não tenham qualidade. Pode é haver a consequência de o jogador não se adaptar", respondeu..Rui Costa condenou o gesto de Artur Cabral - fez um pirete ao adeptos e já pediu desculpa: "Arthur percebeu que não teve um gesto digno de jogador do Benfica, já pediu desculpas e eu como presidente tambem peço desculpa pelo gesto. Infelizmente aconteceu, não pode passar pela cabeça de nenhum jogador fazer aquilo. Há que perceber o estado de alma de todos. Ontem foi um jogo difícil de aceitar no fim, custou a todos, provavelmente a ele ainda mais, pois espera-se muito dele e ainda não conseguiu ser o Cabral que foi em anos anteriores. Teve um gesto que não devia ter tido, o resto será tratado internamente..A finalizar, o líder encarnado garantiu que "haverá reforços em janeiro". Pedro Malheiro, lateral-direito do Boavista pode ser um deles.