Rui Borges. Do Mirandela até à história, como um dos campeões mais rápidos
Rui Borges tornou-se um dos treinadores campeões com menos jornadas disputadas pelo clube na história do futebol português e o sétimo a consegui-lo depois de uma chicotada psicológica. O mirandelense de 43 anos assumiu a equipa de Alvalade no dia 26 de dezembro de 2024, mas só se estreou para o campeonato em janeiro. O treinador de 43 anos só precisou de 19 jornadas da I Liga de leão ao peito para festejar, igualando a marca de Bruno Lage, no Benfica, na temporada 2018/19, e Béla Guttmann, no FC Porto em 1957/58.
É ainda o primeiro treinador a ser campeão no Sporting depois uma chicotada psicológica desde 1999/00, quando Augusto Inácio rendeu o italiano Giuseppe Materazzi no comando do Sporting e conduziu a equipa a um título que lhes escapava há 18 anos. Inácio tinha pegado na equipa a 30 de setembro e fez quase a época toda, orientando a equipa durante 29 jornadas até festejar a conquista na última ronda.
O primeiro a capitalizar uma troca de treinador a meio da temporada foi Béla Guttmann, no FC Porto em 1957/58, que precisou de 19 partidas para garantir o título. Em 1961/62, Otto Glória arrancou a temporada no Sporting, mas foi Júlio Cernadas Pereira, conhecido como Juca, quem conquistou o título a 27 de maio, depois de pegar na equipa a 1 de outubro de 1961. Juca orientou a equipa em 25 jornadas e foram esses os jogos que precisou para ficar à frente do Benfica.
A história repetiu-se em 1979/80, quando Fernando Mendes substituiu Rodrigues Dias e guiou a equipa de Alvalade até à festa, o que aconteceu na receção ao V. Guimarães na 27.ªjornada e ao 20.ª jogo de Fernando Mendes.
Rui Borges é o 41.º treinador português campeão nacional em 91 edições.
Demorou oito épocas do Mirandela ao Sporting
Nascido em Mirandela há 43 anos e filho de Manuel Borges, uma glória do Sport Club Mirandela e ex-jogador do Tirsense e Paços de Ferreira, Rui Borges cresceu a jogar futebol no clube das distritais. A mãe só lhe exigia boas notas para o deixar jogar ou acompanhar o pai nos treinos, mas não passou de um aluno razoável.
Não foi por isso que a mãe o impediu de jogar. E, de cada vez que Rui chegava a casa com os joelhos esfolados dizia-lhe: “Quem corre por gosto...” Uma lição de vida que ele já passou ao filho Mário, que joga no Guarda FC. Jogou ainda no Bragança, Paredes, Sp. Braga B, Trofense e Moreirense.
Seguiu-se o curso de treinador e uma experiência o clube da terra, o Mirandela, no Campeonato de Portugal (4.º escalão do futebol português) na época 2017&18. Depois o Académico de Viseu (2017/20), a Académica (2020-22), o Nacional (2021-22) e Mafra (2022-23), todos na II Liga, até chegar ao banco do primodivisionário Moreirense.
E depois de na época passada ter igualado a melhor classificação da equipa de Moreira de Cónegos na I Liga (o 6.º lugar de 2018-19) e com um recorde de pontos (55), mudou-se para o emblema da cidade Berço... onde o Sporting o foi roubar para conseguir o bicampeonato, que fugia aos leões há 70 anos.
O título garante-lhe a renovação automática do contrato. O vínculo de Rui Borges ao Sporting, assinado em dezembro de 2024 é válido até junho de 2026, inclui uma cláusula que permite a extensão do contrato por mais uma temporada... se fosse campeão.