Ronaldo: "O recorde mais bonito era ganhar duas vezes seguidas um Europeu"

Capitão da seleção naciona espera voltar a levantar o troféu naquele que será o seu quinto europeu. Ter adeptos nas bancadas no jogo com a Hungria é uma boa novidade... mesmo que sejam mais de 60 mil e a torcer contra. CR7 ficou irritado com a presença de garrafas de Coca-Cola.
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Assim que (amanhã) pisar o relvado do Puskas Arena, em Budapeste, e ouvir o apito do árbitro para o início do Hungria-Portugal, às 17.00 (SIC e Sport TV), Cristiano Ronaldo será o único futebolista da história a ter jogado cinco Europeus de futebol. "Não é um recorde que me deixe efusivo. O recorde mais bonito era ganhar duas vezes seguidas um Europeu", atirou o capitão português, que há cinco anos levantou o troféu de campeão europeu em França.

Na verdade, CR7 pode bater uma meia dúzia de recordes, mas a revalidação do troféu ganho em 2016 seria o mais apetecível. Se o fizer iguala o feito do espanhol Iker Casillas, o único a levantar a taça por duas vezes (2008 e 2012).

ALvo de todas as atenções, desta vez Ronaldo tomou a palavra no início da prova e colocou logo um travão nas comparações. A versão 2020 de Portugal é diferente da seleção campeã da Europa em 2016: "É uma equipa mais jovem, com um potencial enorme. Só a competição dirá se somos melhores ou piores."

E deu-se a si mesmo como exemplo de mudança e longevidade. "A nível pessoal, não sou o mesmo jogador que era com 18 anos, há 10 ou há cinco. Vamo-nos adaptando. A inteligência de um jogador de futebol é adaptar-se ao jogo. Os futebolistas que têm uma longevidade no futebol são aqueles que se conseguem adaptar. Os números falam por si: tenho-me adaptado dos 18 aos 36 anos", explicou o jogador, que trabalha "sempre para conseguir coisas a nível pessoal e coletivo".

Para o camisola 7 da seleção, a equipa nacional está preparada para entrar hoje com o pé direito, frente a uma Hungria que espera "bem preparada" e que terá o apoio do público, uma vez que joga em casa e haverá mais de 60 mil adeptos nas bancadas. "Eu acho que todos os estádios deviam estar lotados, é bonito para o futebol. Não somos nós quem decide. Mas nós, como jogadores, gostamos de ver os estádios cheios", defendeu, aludindo a um "cenário perfeito".

Questionado sobre a posição onde gosta mais de jogar (na ala ou no meio), confessou que se sente "confortável a jogar na frente, onde for o melhor para ajudar a equipa a ganhar". Para o avançado, "a posição não é importante, o mais importante é a equipa ganhar".

Com um discurso muito centrado no coletivo, Ronaldo deu ainda nas vistas por um gesto que teve na sala de imprensa e que promete correr o mundo. Depois de se sentar e ver que tinha duas garrafas de Coca-Cola à frente, escondeu os refrigerantes, mostrou uma garrafa que levava com ele e disse "água". Que é como quem diz: Bebam água que é mais saudável.

A patrocinadora do EURO2020 e a UEFA é que podem não ter gostado muito da recomendação saudável de CR7 e dos milhões que podem custar à marca. A animosidade do jogador com os refrigerantes é conhecida. Em dezembro de 2020 e depois de ser eleito o Jogador do Século, nos Globe Soccer Awards, confessou que não gosta e fica irritado quando o filho Cristianinho abusa dos refrigerantes.

Portugal entra quase sempre em falso nas fases finais. A última vez que a seleção entrou a ganhar foi em 2008. Algo que Ronaldo desvalorizou, apesar de considerar "crucial" vencer o primeiro encontro: "Nem me lembro. Isso não quer dizer nada, mas se me disserem que entramos a perder e que ganhamos no final... O plantel é jovem, mas tenho a certeza que vamos fazer um bom Europeu."

O jogador admitiu ainda alguma impaciência com o assunto covid-19: "Foi uma pena o João [Cancelo] ter testado positivo. Não estamos preocupados. Não falamos do covid-19. É um assunto que cansa toda a gente. Não só aqui como a nível mundial. A equipa está concentrada. Para muitos, será o primeiro Europeu. Seguimos todas as indicações. Estamos focados nos jogos."

Houve ainda lugar a uma pergunta sobre o futuro na Juventus e a possibilidade de sair e continuar a jogar ao mais alto nível. "Já jogo a um alto nível há 18 anos. Acho que isso nem me faz cócegas. Se eu tivesse 18 ou 19 anos acho que não dormia a pensar no futuro. O foco está na seleção. É o meu quinto Europeu. Quero é entrar bem", respondeu, sem desfazer o tabu da saída de vecchia signora.

isaura.almeida@dn.pt

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