Mudou-se para Espanha há 3 anos. Na primeira época como profissional do GA Cantabria e desde 2024/25 atua no Ourense Baloncesto. O basquetebol em Espanha já atingiu um nível muito exigente e mesmo não jogando ainda na Liga principal, o jovem português sabe que está a ganhar muita experiência e a consolidar o caminho desportivo.“Eu acredito que há muito caminho a percorrer. Ainda não alcancei todos os objetivos que quero alcançar, mas sem dúvida que estou contente com o meu percurso que é, sem dúvida, um percurso bom até o dia de hoje”, explicou o internacional português que considera que não faz sentido comparar o que se passa em Espanha, com a realidade em Portugal: “O campeonato onde estou agora é extremamente competitivo e homogéneo. E as equipas de cima são de extrema qualidade. Mas acho que não faz muito sentido comparar com Portugal. O que eu posso comparar é o que era a modalidade em Portugal há 10 anos e o que é agora. E, sem dúvida há uma evolução grande”.Quando não tem jogos, treinos ou estágios, Rafael Lisboa vem a Portugal para estar com a família e com os amigos, mas também aproveita para trabalhar. É embaixador da NBA Basketball School e está na capital portuguesa a ajudar um grupo de crianças até aos 12 anos.“Quando o Carlos Barroca falou comigo e me convidou para vir cá, fiquei extremamente contente. Porque sempre que tenho a oportunidade, e quando há este tipo de eventos, fico por me chamarem. Porque eu já estive no lugar dos miúdos. E lembro-me da altura em que tinha a oportunidade de contactar com atletas profissionais, com as minhas referências. Agora poder estar do outro lado e retribuir isso aos jovens, é sem dúvida uma coisa que me deixa feliz. Vir aqui e sentir que eles ficam contentes por eu estar aqui, é sem dúvida que é muito bom. Fazem perguntas, pedem fotos, jogo com eles, brinco com eles. No início estavam um bocado envergonhados, agora no final já estavam quase como se eu estivesse aqui todos os dias”, explicou.Como se trata de um evento associado à NBA, Rafael Lisboa ainda lhe dá mais importância. Não está, para já, nos seus horizontes jogar nos estados Unidos, mas um dos objetivos do português é jogar na ACB, a primeira divisão espanhola. “É para mim e para muitas pessoas a melhor liga depois da NBA. E o meu objetivo é poder vir a estar na melhor liga depois da NBA. Neste caso, do país, sem falar da Euroliga e de outras ligas. Acho que é possível e que estou mais perto do que estava. Mas ainda há um longo caminho a percorrer, que espero que acabe com esse objetivo”.O regresso a Portugal não está posto de lado. Por enquanto as experiências no estrangeiro estão a correr bem e o jovem sente-se ligado ao país través das chamadas à seleção nacional “A”. No entanto, “quanto mais tarde voltar, na minha perspetiva de carreira, melhor. Não que visse com maus olhos voltar a Portugal. Não estou a desvalorizar. Os objetivos que tenho e aquilo que quero criar no estrangeiro, a carreira que quero continuar a fazer, não passa, para já, por aqui. Sei que um dia voltarei. E quando voltar tenho a certeza de que vou dizer que vou estar feliz”.Rafael Lisboa é filho de Carlos Lisboa, um dos melhores jogadores portugueses de basquetebol de todos os tempos. Diz que atualmente não sente a pressão de ninguém, nem tão pouco fica mal com comparações. Mas é inevitável. “No início da minha carreira e quando era miúdo, sentia um bocado de pressão. Porque ainda não sabia bem gerir, ainda não tinha a maturidade suficiente para gerir. Atualmente é uma coisa que me passa completamente ao lado. Acho que vai haver sempre pessoas que fazem comparações. Pessoas que quando eu faço as coisas bem vão dizer que sou muito bom.E quando faço as coisas mal, já não sou tão bom. Isso é como tudo, é um desporto profissional. Eu acabo por me focar naquilo que posso controlar”.Na seleção Nacional tem vindo a afirmar-se. Conta que o trabalho nos clubes, mas também nos estágios antes de jogos internacionais permitem a todos os jogadores melhorarem as exibições e criarem mais e melhor espírito de equipa. Na opinião de Rafael, “a verdade é que dia após dia vamos surpreendendo as pessoas que estão de fora. Mas a verdade é que temos uma grande ambição e não nos conformamos em ficar por aqui. Queremos ir mais e mais e vamos ver até onde é que podemos ir. Mas sem dúvida que a seleção atravessa um momento bom. Neste momento somos respeitados no basquetebol europeu. E já não é uma surpresa Portugal ganhar jogos. Já não é uma surpresa Portugal competir com as melhores seleções”.Admite que sente um grande orgulho, mas reconhece também que a vontade de fazer cada vez mais lhe confere uma grande responsabilidade. Sabe o que quer e o que gostava de conseguir alcançar no ano de 2026. Em termos pessoais quer ver a família e os amigos com saúde. “que todos estejamos felizes. Depois, a nível profissional atingir os meus objetivos em termos de seleção e do clube. Neste momento, para mim, estou a fazer a melhor época até agora em Espanha. E quero continuar a fazer isso de uma forma consistente até ao fim. Se fizesse isso tudo durante 2026, ficaria muito contente”.