Francesco Farioli era o escolhido de André Villas-Boas antes de optar por Vítor Bruno e voltou à agenda do presidente do FC Porto quando precisou de um substituto para Martín Anselmi. Ontem os dragões comunicaram ao Mercado as negociações para a rescisão de contrato do argentino, após o mau desempenho da equipa na época e no Mundial de Clubes.Segue-se Farioli, um jovem treinador italiano que esteve perto de se tornar campeão neerlandês pelo Ajax, mas acabou por perder o título na última jornada e após perder nove pontos de avanço. Quando muitos olharam para o campeonato perdido, Villas-Boas preferiu ver o arrojo e a eficiência do italiano a quem ofereceu dois anos de contrato.Apaixonado por futebol desde que nasceu em Barga, localidade da região de Toscana, Itália, no dia 4 de abril de 1989, Francesco Farioli começou por ser treinador de guarda-redes numa equipa de futebol amador, o Margine Coperta. Mas foi uma aventura fora de Itália, no Qatar, que mudou o seu destino, ao cruzar o caminho de Roberto De Zerbi, que o levou para o Benevento e depois para o Sassuoulo, sempre como treinador de guarda-redes. Função que deixaria, no final da terceira temporada, para ser adjunto do Alanyaspor.Pouco tempo depois, os turcos do Karagumruk, escolheram Farioli, que um ano depois voltaria ao Alanyaspor como treinador principal. Uma época e meia foram suficientes para o Nice (França) apostar no italiano, que conseguiu um brilharete na Ligue 1 ao terminar no 5.º lugar. Foi depois escolhido pelo Ajax, que fez uma grande época em 2024/25, mas acabou por perder o campeonato depois de ter uma vantagem de nove pontos e sair.Rejeita o rótulo de defensivoLicenciado em Filosofia e Ciência Desportiva na Universidade de Florença, Farioli deu uma entrevista em que explanou as suas ideias e refletiu sobre o papel do treinador. Ao Cronache di Spogliatoio disse procurar um projeto onde as pessoas estejam dispostas a trabalhar com os mesmos princípios e a mesma intensidade que ele sempre procurou colocar em prática. “É um critério que considero fundamental na avaliação de novas oportunidades”, disse Farioli, rejeitando um possível rótulo de “defensivo” só por ser italiano.Queria escolher cuidadosamente o meu próximo passo, “independentemente do prestígio do clube ou do campeonato”, porque, para ele, “é importante trabalhar num ambiente onde se possa operar de forma clara e partilhada” para não criar conflitos. “O confronto é normal em qualquer relação, mas deve ser gerido e orientado para o resultado final. São precisamente esses pequenos detalhes, esses pequenos pontos que muitas vezes decidem o sucesso de uma época ou, pelo contrário, levam a situações menos positivas”, explicou Farioli na entrevista.É um treinador apologista do 4x3x3, mas já mostrou ser capaz de se adaptar aos jogadores que tem disponíveis e de implementar as suas ideias de forma rápida - algo crucial neste momento para André Villas-Boas. Não fosse ele italiano, acredita que uma boa consistência defensiva é base essencial para a construção de uma equipa, mas garante ser “alguém capaz de libertar os jogadores e levá-los a criar muitas oportunidades no último terço do campo”. Na opinião do novo treinador portista, o “respeito” é o segredo de tudo. “Trabalhei sempre com um grupo de seis colaboradores principais, cada um com uma função clara: dois assistentes, um preparador físico, um responsável pela recuperação de jogadores lesionados (adicionados durante o trabalho), um treinador de guarda-redes e um analista de vídeo. No entanto, não podemos ignorar as pessoas que já estão presentes no clube, precisamos ouvir aqueles que conhecem o clube, o campeonato e o contexto.”Seguidor de De Zerbi e Marcelo Bielsa, o jovem técnico de 36 anos gosta de jogadores “protagonistas” e que arrisquem na tomada de decisão, bebendo de muitas ideias de ideias de Pep Guardiola e de Luís Enrique. Quanto a ele, sabe que cada vez que chega a uma casa nova sabe que “cada erro pesa a dobrar, financeira e desportivamente”. Por isso o objetivo é errar o menos possível.isaura.almeida@dn.pt .FC Porto anuncia negociações para a rescisão de contrato com o treinador Martín Anselmi.Martín Anselmi na porta de saída do FC Porto. Rescisão de contrato com o treinador pode custar caro