Que azul brilhará mais em Sevilha, o dos 25 ou o dos 250 milhões de euros?

Taremi e Sérgio Oliveira são baixas no FC Porto para o jogo desta noite (20.00). Sérgio Conceição deixa aviso a quem não acreditar que é possível vencer o Chelsea. Tuchel pede "humildade" após derrota pesada na Premier League.
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"A história diz-nos que no FC Porto não há impossíveis". A frase motivacional na faixa da claque portista, mostrada antes da partida da equipa para Sevilha, onde os dragões defrontam hoje (20.00, TVI e ElevenSports) o Chelsea na 1.ª mão dos quartos de final da Liga dos Campeões, foi extensível ao discurso de Sérgio Conceição. Para o treinador, quem não acreditar que é possível bater os blues (azuis) de Londres e chegar às meias-finais da prova milionária da UEFA, não tem lugar no plantel.

"Acreditar faz parte desta casa. Vocês conhecem a nossa história, quem não acreditar que é possível ganhar o próximo jogo não pode vestir esta camisola. Essa crença, essa ambição que todos temos, está patente no nosso dia a dia e o mais importante para nós é pensar no futuro próximo, que neste caso é o jogo com o Chelsea, que é o que nos interessa", atirou Sérgio Conceição, admitindo que preferia jogar no Dragão, em vez de Sevilha, o que acontece devido às condicionantes com as viagens devido pandemia de covid-19.

Entre as duas equipas há uma diferença de 225 milhões de euros relativamente àquilo que custaram os reforços para esta época. "Cada uma das equipas tem as suas valias, a sua ideia de jogo bem patente. Olhamos para o Chelsea e vemos que os testes semanais são bem mais competitivos do que os nossos, com jogos com um grau de dificuldade enormíssimo e isso é uma vantagem para eles. De qualquer maneira, quando nos encontrarmos em campo não vamos pensar que nós gastámos 25 milhões de euros e que o Chelsea gastou 250 milhões no mercado. Não vamos pensar que o Evanilson foi o nosso jogador mais caro, oito milhões, e que o deles foi o Havertz, que custou 80 milhões. Se pensarmos nisso... Em campo são 11 contra 11 e a partir daí não há impossíveis, tudo é possível", afirmou Sérgio Conceição, antes da partida para Sevilha, local do jogo devido a condicionantes ligadas à pandemia da covid-19.

Depois admitiu que os jogos da Champions exigem mais dele enquanto treinador. "Temos de dar um bocadinho mais de informação aos jogadores, só isso. Se olharmos de uma forma mais geral, é verdade que 60 ou 70 % do tempo jogamos em ataque organizado e numa Liga dos Campeões passamos mais tempo no nosso meio-campo defensivo. Mas preparo um jogo na Taça de Portugal contra o Fabril da mesma maneira que preparo um da Champions. Claro que o jogo com o Chelsea é mediático, prefiro estar nos quartos-de-final da Champions do que na Taça de Portugal. Mas a preparação e a motivação com que o faço é exatamente a mesma", garantiu.

E o que vai mudar no esquema do FC Porto, uma vez que não vai poder contar com os castigados Taremi e Sérgio Oliveira? "Poderá haver uma ou outra nuance diferente", respondeu Sérgio Conceição, lembrando que é pago para arranjar soluções: "Não vamos mudar a nossa forma de encarar o jogo porque faltam dois jogadores."

A solução pode assim ser Luis Díaz, como extremo ou segundo avançado. "Posso querer um ala ou um extremo que jogue mais por fora ou por dentro, tem a ver com o espaço que ele ocupa quando temos a bola e que pode potenciar melhor as qualidades do Luis. Logo se verá se teremos um Luis a explorar as suas qualidades e perceber como o vamos fazer. Isso faz parte das nossas ideias para o jogo", explicou o treinador dos dragões, que, antes de viajar, ficou privado do guarda-redes Diogo Costa, que testou positivo à covid-19.

Destaquedestaque"Em campo não vamos pensar que nós gastámos 25 milhões de euros e que o Chelsea gastou 250 milhões no mercado. Em campo são 11 contra 11 e a partir daí não há impossíveis, tudo é possível."

Para Sérgio Conceição, "o Chelsea é um adversário diferente da Juventus", tanto na dinâmica como no processo ofensivo, defensivo e no esquema tático, embora sejam ambas das melhores equipas do mundo: "Vamos ter uma tarefa difícil, mas temos a nossa equipa pronta. Somos um clube que, não tendo um orçamento parecido com essas equipas, conseguimos bater-nos com o nosso espírito e qualidade de jogo. O que fizemos contra a Juventus, sem ter muita bola, foi de uma qualidade fantástica."

O adversário londrino vem de uma pesada derrota na última jornada da Premier League, frente ao West Bromwich. Um desaire que deve servir de alerta e não sinal de debilidade, segundo o técnico portista. Uma ideia partilhada pelo homólogo do Chelsea. "Vimos da Premier League, uma competição onde perdemos com o 19.º classificado por 5-2. Por isso sabemos que temos de ser humildes em todos os jogos. Nos quartos-de-final da Liga dos Campeões se desejarmos determinado adversário vamos perder-nos em mind games", avisou o alemão Thomas Tuchel.

Para o treinador dos londrinos, "o FC Porto não surge como favorito", mas espera "um jogo muito difícil, contra uma equipa que tem experiência na Liga dos Campeões". Apesar disso, o alemão, que na época passada conduziu o PSG à fina da Champions, perdida para o Bayern em Lisboa, tem "um feeling" de que vai ultrapassar os dragões na eliminatória.

Tuchel desvalorizou ainda o incidente entre o defesa Antonio Rüdiger e o guarda-redes Kepa Arrizabalaga, no final do jogo com o WBA, garantindo que "está tudo resolvido". No entanto, segundo a imprensa inglesa, o desentendimento entre os jogadores deixou o balneário a ferro e fogo.

Os azuis do Porto tem um histórico desfavorável contra os de Londres, apesar de terem ganho dois jogos nas fases de grupos: em 2004 (2-1) e em 2015 (2-1). Na única etapa a eliminar, o Chelsea saiu vitorioso. Aconteceu nos oitavos-de-final da Champions em 2006-07, época em que os blues eram liderados por José Mourinho depois do treinador português se mudar para Londres, logo após ter levado os dragões à conquista da Liga dos Campeões.

Desta vez, está em jogo a passagem às meias-finais da prova milionária e mais 12 milhões de euros para os cofres portistas. Depois de eliminarem a Juventus nos oitavos-de-final, os portistas passaram a contabilizar 73,5 milhões, podendo agora superar os 85 milhões. Repetir os triunfo de 1987 e 2004 permitirá uma verba recorde, superior a 100 milhões de euros.

Chelsea e FC Porto são velhos parceiros de negócios, que é como quem diz os ingleses compram e os portugueses vendem. Desde que contratou Mourinho, o clube de Abramovich já gastou 94, 5 milhões em jogadores made in Dragão: Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Bosingwa ou o treinador André Villas-Boas são apenas alguns exemplos.

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