Prenda de Bruno Fernandes no melhor arranque de sempre da seleção

Com o triunfo sobre a Eslováquia (1-0) Portugal consumou o melhor arranque de sempre numa fase de qualificação. A quinta vitória consecutiva no caminho para o Euro 2024 foi conseguida com um golo do aniversariante Bruno Fernandes.

Apesar da exibição insípida, os três pontos em Bratislava representam um passo de gigante rumo à qualificação. A seleção volta a jogar já na segunda-feira com o Luxemburgo, mas sem Cristiano Ronaldo, que viu um cartão amarelo e assim dará lugar a Gonçalo Ramos, segundo o selecionador.

Hoje, no Tehelné Pole, Roberto Martínez surpreendeu. Pela primeira vez o selecionador apostou numa defesa a quatro tradicional, abandonando o trio de centrais usado até agora. Danilo foi preterido e reduziu a lista dos jogadores titulares nos cinco primeiros jogos a Rúben Dias, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo.

Já Vitinha foi titular pela primeira vez e isso deveu-se à mudança tática. Apesar de jogar em 4-3-3, a seleção atuou numa linha a três na primeira fase de construção, com Palhinha a atuar no meio dos centrais Rúben Dias e António Silva.

A convocatória de João Félix e João Cancelo deu muito que falar. E se o avançado ficou no banco (e de lá não saiu), o lateral foi escolha para o lado esquerdo da defesa, entregando o lado direito a Diogo Dalot. Cancelo tinha a missão de jogar por dentro, mas Portugal sentia dificuldade em ligar os setores e os criativos da seleção, como Bernardo, Vitinha e Bruno Fernandes demoravam a pegar no jogo português. O poder físico do meio campo eslovaco pareceu surpreender e foi causando impaciência nos portugueses.

Apesar da maior posse de bola e dos remates (ao lado) de Vitinha e Ronaldo e do remate em jeito de penálti falhado de Bruno Fernandes, foi a Eslováquia que teve mais critério no ataque e colocou a defesa portuguesa em sentido por mais vezes até ao intervalo. Aos 11 minutos, Róbert Polievka surpreendeu os centrais portugueses e levou perigo à baliza de Diogo Costa pela primeira vez. E aos 42" Haraslin apareceu dentro de área e rematou forte de pé direito, com a bola a raspar no poste da baliza.

Um minuto depois Portugal chegou ao golo. Bernardo Silva combinou com Bruno Fernandes que rematou cruzado, desde a direita, para o golo. Lance fez lembrar o de Eusébio, que em 1965, em Bratislava, deu início à epopeia que levaria os magriços ao Mundial de 1966. O aniversariante da seleção (fez ontem 29 anos) fez o terceiro golo neste apuramento e colocou a Eslováquia a perder em casa pela 1.ª vez nesta fase de qualificação.

O golo de Bruno Fernandes salvou a face portuguesa, mas nem por isso a primeira parte deixou de ser morna. O selecionador português voltou para o segundo tempo com as mesmas 11 peças com que saiu para o intervalo (e só faria três substituições). João Cancelo deu o primeiro sinal de velocidade ao correr de uma área à outra com a bola para rematar em jeito para uma boa defesa do guardião Martin Dúbravka.

A vantagem nacional era magra e não dava para descansar Martínez, até porque a atenção de Diogo Costa estava constantemente a ser colocada à prova por Peter Pekarik e Ivan Schranz. Com mais de meia hora para jogar e depois de perder Cristiano Ronaldo para o jogo de segunda-feira com o Luxemburgo (viu cartão amarelo), o selecionador resolveu então tirar Cancelo na melhor fase e dar lugar a Nélson Semedo. Rafael Leão e Vitinha também saíram para entrarem Pedro Neto e Otávio, mas foi Ronaldo que sobressaiu finalmente na partida, com três remates. Um deles, um falhanço poucas vezes visto, apesar do mérito de Dubravka, que lhe negou o golo com mestria e assim evitou uma derrota por números maiores.

Ao quinto ensaio, o jogo português continua sem ser bonito ou convencer os que esperam grandes jogos e goleadas, mas estatisticamente nada a apontar: cinco jogos, cinco vitórias, 15 golos marcados, zero sofridos e liderança reforçada do grupo J. O triunfo também é histórico para Roberto Martínez, que assim continua 100% vitorioso ao serviço da seleção e supera o registo conseguido com a Bélgica (quatro vitórias e um empate nos primeiros cinco jogos oficiais).

A vitória da seleção, em Bratislava, foi presenciada por Luís Figo, apontado como possível sucessor de Fernando Gomes na presidência da Federação Portuguesa de Futebol.

isaura.almeida@dn.pt