Pedro Proença eleito presidente da FPF com 75% dos votos. "Vamos unir o futebol e torná-lo mais forte"
FOTO: ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Pedro Proença eleito presidente da FPF com 75% dos votos. "Vamos unir o futebol e torná-lo mais forte"

Ex- presidente da Liga Portugal sucede a Fernando Gomes, que estava no cargo desde dezembro de 2011, batendo no ato eleitoral Nuno Lobo.
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Pedro Proença foi esta sexta-feira eleito como novo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), batendo o outro candidato, Nuno Lobo, no ato eleitoral. O candidato da Lista 1 obteve 75% dos votos (62 votos) contra os 25% do candidato da Lista 2 (21 votos). Tomada de posse está agendada para terça-feira.

A Lista 1 venceu em todas as frentes - Direção, Mesa da Assembleia Geral, Conselho Fiscal e Conselho de Disciplina.

No seu primeiro discurso como presidente da FPF, Proença voltou a referir querer fazer "o que ainda não foi feito" no futebol português, falando numa candidatura "agregadora".

"Foram muitos meses de trabalho, reuniões, encontros e trocas de ideias. Hoje ganhou o futebol em Portugal. Valeu a pena. Construímos juntos um programa para pensar unir o futebol, foi isso que a a minha equipa assumiu. O resultado foi a prova esmagadora que cumprimos o nosso designio, é a vitória de toda a comunidade. Ganharam jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes, corpos clínicos, clubes, o futebol profissional, associações de classe, regionais e distriais e os adeptos. Vitória do futebol português e de todos, todos sem exceção", começou por referir.

"Esta será sempre uma candidatura agregadora, pensada não para dividir mas com o firme propósito de unir. Todos os contributos serão válidos e escutados. Será o grande projeto da nossa vida. Obrigado a todos pela confiança", acrescentou.

"Começamos uma nova era na FPF, com muitos desafios e responsabilidades, mas sabemos que faremos bem, com ambição. Devemos isso aos que confiaram em nós. Temos de ser melhores na governação, na arbitragem e na justiça desportiva, potenciar receitas do futebol português e ser mais agregadores. Dia feliz para todos nós, a partir de hoje o foco estará nesta nova FPF. Vamos unir o futebol e tornar o futebol português mais forte. Vamos fazer o que ainda não foi feito", concluiu o novo líder da FPF.

Fernando Gomes deixou entretanto uma mensagem a Pedro Proença. "Desejo as maiores felicidades a Pedro Proença para o mandato que vai assumir até 2028. Este é um momento, sei-o bem, de grande honra e de enorme responsabilidade. Congratulo o novo presidente e a sua Direção, assim como os restantes órgãos sociais eleitos, fazendo votos que tenham sucesso nos seus mandatos", escreveu numa nota publicada no site da FPF.

Proença sucede a Fernando Gomes, que estava em funções desde 17 de dezembro de 2011, e que finalizou o terceiro e derradeiro mandato permitido por lei, sendo candidato à presidência do Comité Olímpico de Portugal. Fernando Gomes presidiu à FPF numa era dourada, com títulos inéditos ao nível da seleção principal, como o Euro2016 e a Liga das Nações 2019, que deram saúde financeira ao organismo que rege o futebol nacional - o orçamento atual é de 120,4 milhões de euros.

De andebolista a árbitro internacional de créditos firmados

Natural de Lisboa, 53 anos, formado em Gestão, Pedro Proença foi eleito presidente da Liga Portugal em 2015, sendo posteriormente reeleito em 2019 e, de forma unânime, em junho de 2023.

Em novembro de 2023 assumiu a Presidência da European Leagues e em fevereiro de 2024, por inerência, foi ratificado como membro do Comité Executivo da UEFA.

Antigo andebolista (jogou no Sporting e Benfica), foi árbitro de futebol desde os 17 anos e ascendeu à 1.ª categoria em 2000. Internacional em 2003, marcou presença nas fases finais do Euro2012 (em que dirigiu a final) e do Mundial 2014. Como profissional apitou 466 jogos (362 em competições nacionais e 104 em internacionais).

Do seu percurso faz parte uma carreira de árbitro ao mais alto nível, tendo sido considerado o melhor árbitro do mundo pela IFFHS, em 2012, ano em que apitou a final da Liga dos Campeões e a final do Campeonato da Europa.

Deixou de apitar a 22 de janeiro de 2015. Justificou a decisão de deixar a arbitragem com o “desgaste físico e mental” que sofreu durante a longa carreira que teve e mostrou-se logo disponível para servir o futebol português de fato e gravata. “Estou disponível para contribuir no que for necessário em prol da arbitragem e do futebol português”, disse, aquele que ficou conhecido por tratar os jogadores por “meu querido” e assim impor a lei do apito.

Teve dias maus, mas nenhum superou a violenta agressão de um adepto benfiquista em agosto de 2011. “Podemos cair e ir ao tapete, mas nunca nos vencerão”, reagiu na altura o ex-árbitro na sua página do Facebook, admitindo em 2014, numa entrevista ao Diário de Notícias, que aquele episódio era “o pior” que lhe tinha acontecido “na carreira”.

Casado e com uma filha, licenciou-se em gestão de empresas no Instituto Superior de Gestão, e começou a trabalhar como auditor em outubro de 1995, na KPMG. Foi ainda diretor da Natureza Verde, em Leiria, uma empresa de recolha e transporte de resíduos sólidos, e administrador de insolvências, dando apoio técnico a magistrados em comarcas de todo o país. Tem uma empresa metalúrgica, a Fanamol, especializada em molas para o setor automóvel.

As 433 medidas prometidas

Pedro Proença prometeu Unir o Futebol - lema da candidatura - se fosse eleito o 35.º presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). “É no topo do mundo que merece estar o futebol português. É nesse caminho, para lá chegar, que desejo ver todos e todas unidos à volta de Portugal. Liderar esta instituição obriga a muito mais do que falar de distribuição financeira. O peso social da FPF exige de todos nós que sejamos motores de mudança e não espetadores de fatalidades”, afirmou durante a apresentação do seu projeto, terminando com uma promessa: “Ser um presidente totalmente livre e fazer o que ainda não foi feito.”

Fazer o melhor por uma modalidade, o futebol, que sempre alimentou a sua vida - primeiro como árbitro, depois como presidente da Liga Portugal - foi a promessa maior entre as 433 medidas propostas no programa eleitoral.

Proença promete aumentar a prática desportiva através do aumento da atividade física desde a escola, que será a base para um futebol profissional de excelência: “Quero uma explosão de praticantes na base para ter troféus no topo da cadeia.” Segundo dados da FPF há 239 168 praticantes federados de futebol e futsal, mais 508 do que no final da temporada passada.

E porque “a federação é dos atletas e para os atletas” é preciso começar “por elas”, as mulheres jogadoras. O futebol e futsal feminino cresceu 1,5% na última década, sendo agora praticado por 19 366 atletas. “Sem medo das palavras: é preciso fazer mais. Ir à base. A próxima década tem de ser delas”, defendeu Proença.

Toni, Domingos e Daniel Carriço integram os órgãos sociais. Luciano Gonçalves será o presidente do Conselho de Arbitragem, enquanto Joaquim Evangelista será vogal da direção e José Pereira vogal suplente.

Proença defende ainda “um pacto” entre “clubes atletas, árbitros e Estado” para que a disciplina seja “profissional, rápida, explicável e próxima de todos os agentes”. Porque “uma federação forte não se faz com uma arbitragem fraca ou uma disciplina incompreensível”. “A competência da primeira e a compreensão da segunda podem inverter-se numa lógica que a ambas tem faltado”, disse na apresentação da sua campanha.

Profissionalizar a arbitragem é um objetivo do antigo árbitro, prometendo criar a Direção Técnica Nacional de Arbitragem para a gestão do setor. E vincou ainda possibilidade de a “Supertaça ser totalmente relançada” e disputada... no estrangeiro. Uma ideia (polémica) que tentou implementar na Taça da Liga enquanto presidente da Liga.

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