Pavlidis soltou o 'ketchup' no jogo com o Barça e desde então leva 17 golos em 17 jogos
“Os golos são o como ketchup: quando aparecem, é tudo de uma vez.” A frase de Cristiano Ronaldo ficou célebre e rapidamente passou a fazer parte do léxico do futebol, uma espécie de ditado popular do mundo da bola que, bem vistas as coisas, tem a sua lógica. Que o diga Vangelis Pavlidis, o avançado de 26 anos que o Benfica contratou no início da temporada aos neerlandeses do AZ Alkmaar, e que foi a grande figura da goleada no clássico com o FC Porto, por 4-1, com o primeiro hat-trick na I Liga, que o tornou no primeiro jogador do Benfica a consegui-lo em casa do rival em 91 edições do campeonato.
A pré-temporada foi muito promissora, mas nos primeiros 12 jogos oficiais de águia ao peito marcou apenas dois golos. Levantaram-se então dúvidas sobre a capacidade do internacional grego, que teve de aprender a conviver com as críticas... trabalhava muito para a equipa, mas faltava-lhe o chamado instinto de matador. Foi assim até 21 de janeiro de 2025. Quando entrou em campo nessa noite de Liga dos Campeões tinha apenas nove golos marcados em 29 partidas, mas o Barcelona acabou por ser o clique que lhe faltava para mostrar os seus atributos de goleador. Fez um hat-trick aos catalães, que ainda assim venceram a partida por 5-4, mas a vida de Pavlidis mudou radicalmente, afinal desde então foi utilizado 17 vezes pelo treinador Bruno Lage e marcou... 17 golos.
Feitas as contas, o número 14 do Benfica contabiliza neste momento 24 golos em 46 jogos, estando apenas a um golo da segunda melhor época da sua carreira (2021/22) quando fez 25 remates certeiros pelo AZ Alkmaar, por outro lado está a nove do seu recorde de 33 golos estabelecido na temporada passada também pelo clube dos Países Baixos, que levou os encarnados a contratá-lo por 18 milhões de euros. Ou seja, o ponta-de-lança grego tem, no mínimo, oito jogos para bater o seu melhor registo.
Parceria com Aktürkoglu
No clássico de domingo no Estádio do Dragão, Pavlidis tornou-se ainda no jogador do Benfica com mais influência nos golos da equipa na I Liga, pois aos 14 golos marcados junta-lhe cinco assistências, superando os nove golos e nove assistências do turco Kerem Aktürkoglu.
Esta parceria turco-grega tem-se revelado muito importante para os encarnados, pois três golos nos últimos dois jogos (FC Porto e Farense) resultaram do entendimento entre ambos, uma produtividade que aumenta para oito golos se analisarmos todas as partidas da época. Aktürkoglu a assistir, Pavlidis a marcar, ou vice-versa, tem sido importante para um ciclo de nove triunfos consecutivos do Benfica na I Liga. Para se ter uma noção da importância desta dupla, refira-se que a parceria de Pavlidis com o argentino Ángel Di María rendeu três golos, tantos quantos a ligação com Orkun Kökçü.
Oito golos só há 80 anos
O Benfica conseguiu no Dragão repetir o triunfo de 4-1 que tinha alcançado na primeira volta no Estádio da Luz. No total dos dois clássicos um resultado agregado de 8-2, algo que não se via há 80 anos.
Foi na temporada 1944/45 que os encarnados conseguiram marcar nos dois jogos do campeonato oito ou mais golos ao FC Porto. Nessa altura foram 10 golos, consequência de um triunfo 7-2 casa e da derrota 3-4 fora. Era a última de três épocas consecutivas de enorme superioridade benfiquista, pois em 1943/44 fez oito golos ao rival (6-3 casa, 2-2 fora), enquanto em 1942/43 alcançou um recorde de 16 golos nos dois clássicos, fruto de uma goleada 12-2 em Lisboa e 4-2 no Porto.