Três dias intensos de trabalho com uma pausa para a passagem do ano. Depois, a seleção nacional de Andebol recomeça no dia 2 de janeiro a treinar e nunca mais para até ao arranque do campeonato da Europa que decorre na Dinamarca, na Suécia e na Noruega, entre 15 de janeiro e 1 de fevereiro.A equipa orientada por Paulo Pereira volta a estar entre a elite europeia, dando continuidade a um ciclo de afirmação internacional que teve como ponto alto o quarto lugar alcançado no Campeonato do Mundo de 2025, o melhor resultado de sempre do Andebol português. Não é de admirar que se espere muito do conjunto luso.“É bom que as expectativas sejam altas. Se compararmos com o que se passava há 10 anos, o normal era perder. E nem nos conseguíamos muitas vezes qualificar para as fases finais. Isso mudou completamente. Temos a convicção de que podemos ganhar a qualquer seleção. Vou contar uma história que se passou com um jogador nosso há uns anos. Depois de um jogo com a Suíça, o jovem foi pedir um autógrafo a um dos adversários. Eu não lhe disse para não o fazer. Apenas lhe disse que em breve iria acontecer o contrário, porque aqui somos todos referências”, revelou o selecionador nacional numa conversa que teve com o Diário de Notícias.Paulo Pereira não esconde a vontade de discutir resultados com as principais potências europeias. E uma delas, a Dinamarca, vai jogar no grupo de Portugal. Antes terá como adversárias as equipas da Roménia e da Macedónia do Norte e por isso diz que o encontro decisivo será o segundo com os macedónios: “Sobre um lugar no pódio, temos de olhar sempre dessa forma, mas temos de perceber que um dia mau nos pode impedir de prosseguir. Se vencermos a Roménia teremos como jogo chave o da Macedónia. É nessa altura que tudo se decide. Será o Main round. Depois de o passarmos tudo é possível para chegar longe. Para nós é importante passarmos a mensagem de que estamos a lutar até ao fim. Porque vamos lutar, lutar, lutar”, referiu o homem que batizou a equipa com o nome de Heróis do Mar, assumindo que corria um risco significativo.“Em 2016 tive a feliz ideia de lhes chamar Heróis do Mar e correu bem. Mas se não tivéssemos começado a alcançar bons resultados podia não ter sido nada feliz. Atualmente sabemos que os nossos adversários nos olham de outra forma, com mais respeito. Temos uma pressão positiva acrescida que gostamos muito. Quando há pressão negativa, temos medo de arriscar e isso não acontece connosco”, continuou Paulo Pereira.O técnico português reconhece o trabalho que se faz em todo o país para o desenvolvimento da modalidade “e depois esse trabalho culmina aqui na seleção. Seria egoísta se não o dissesse. Se temos de dar os parabéns pelo crescimento do Andebol é a toda a gente”.Reconhece que a modalidade tem mais projeção por via das transmissões televisivas e das notícias que são publicadas. Sabe que os portugueses já reconhecem os jogadores e também a equipa técnica. “Recordo-me que aconteceu uma situação espetacular na altura do Covid. Parei na Mealhada para comer uma sandes de Leitão e estava de máscara. Um senhor chegou-se ao pé de mim e deu-me os parabéns pelos resultados. O engraçado é que disse que me reconheceu pela voz. Porque não há ninguém que não se identifique com uma boa causa”, continuou o treinador da equipa principal.No Campeonato da Europa participam 24 seleções, algumas das mais fortes equipas do mundo. A seleção nacional pretende confirmar que o sucesso recente não foi um episódio isolado, mas antes o reflexo de um projeto consolidado que ambiciona colocar Portugal, de forma definitiva, entre os protagonistas do Andebol europeu. Por isso o selecionador não tem dúvidas quanto ao objetivo final. “Fazemos sempre uma reunião para definir o objetivo para todas as competições. Essa reunião vai acontecer no dia 2 de janeiro e tenho a certeza de que todos me vão dizer o mesmo: querem o melhor resultado”. .Portugal perde na final com a Dinamarca mas faz o melhor resultado de sempre num mundial de andebol sub-21