Nani, “uma referência do futebol e da Amadora”, volta hoje (20h15, Sport TV) como adversário ao Estádio José Alvalade, casa do clube que o formou e cuja camisola vestiu em 141 jogos. “O Nani tem essa particularidade de ser da zona da Amadora, de ter feito aqui treinos de captação, ter ficado a treinar e nunca se ter conseguido inscrever no Estrela por falta de cartão de cidadão. Ficou-lhe sempre alguma mágoa de não ter jogado cá e foi fácil convencê-lo”, disse, ao DN, Paulo Lopo, que é agora presidente do clube e da SAD do renovado Estrela da Amadora..O extremo campeão do Euro2016 só se estreou pelos tricolores quase três décadas depois dos tais treinos de captação, aos 37 anos, e já fez nove jogos (oito no campeonato e um na Taça de Portugal). Já na época passada esteve perto de assinar, mas a contratação acabou por não acontecer. “Esta época, o Filipe Martins [entretanto deixou de ser treinador e deu lugar a José Faria] falou com o Nani e chegou à conclusão que fazia sentido trazê-lo. Entramos em contacto com o empresário dele e fomos em frente. Chegamos facilmente a acordo porque o Nani via com bons olhos jogar no Estrela”, disse o líder dos tricolores, garantindo: “Obviamente que se o jogador não tivesse ainda mais-valia desportiva, nem fosse útil no balneário, nem pensaria nele.”.Nos tempos áureos no Manchester United (clube para o qual foi transferido pelo Sporting, na época 2007/08), o internacional português ganhava dez milhões de euros por época, valor do atual orçamento do clube da Reboleira. No Estrela receberá 580 mil euros por ano. Valores que Paulo Lopo não confirma: “Nani está dentro dos valores salariais do plantel.” E que valores salariais são esses? “O que posso dizer é que o Estrela estará no top 3 dos clubes que pagam menos na I Liga. Não foi por dinheiro, seguramente, que ele assinou”, respondeu, lembrando que já no passado o emblema da Reboleira tinha por tradição receber alguns grande nomes do futebol em final de carreira, como aconteceu com o já falecido Chalana. .Mas se Nani tinha ligação à Amadora, Alan Ruiz não. “É um excelente profissional, um ser humano muito tranquilo, com um caráter que até agora me tem surpreendido pela positiva. Acho que acrescenta muito valor ao plantel. É uma surpresa muito agradável, que nada tem a ver com a fama de rebelde que trazia, pois é alguém tranquilo e dedicado à equipa.”.A contratação do argentino foi “mérito da estrutura”, que também já tinha convencido Miguel Lopes (ex-Sporting e FC Porto, agora lesionado), Ferro e Rodrigo Pinho (ambos ex-Benfica). “Eles acreditaram que o Estrela da Amadora veio para ficar entre os grandes porque é grande, tem um projeto estável e eles querem fazer parte desse crescimento”, diz Paulo Lopo, revelando que “misturar maturidade com alguma irreverência e juventude é o caminho certo”. .O facto de o Estrela “ser o segundo clube de muitas pessoas, muito acarinhado e com muita história” joga a favor dos tricolores nas negociações com atletas do nível de Nani, segundo o presidente. “Os jogadores procuram um projeto fiável e não um projeto financeiramente agradável. Não pagam para jogar, mas também não ficam ricos no Estrela da Amadora. Encontram um clube organizado, com uma boa estrutura, que funciona como uma família, onde eles são bem acolhidos e têm uma fase final de carreira tranquila.”.A aquisição de Jovane Cabral, campeão nacional pelo Sporting, era menos previsível: “Estivemos quase a fechar o Abraham Marcus, do FC Porto, mas no último dia do mercado, como o FC Porto ia vender o Galeno [depois ficou] não libertou o Marcus. Foi então que surgiu o Jovane e não quisemos desperdiçar a oportunidade.” E assim se construiu um plantel “equilibrado” na opinião do presidente, que espera uma época mais tranquila do que as quatro anteriores: “Ainda não existe uma estabilidade financeira que nos permita fazer grandes investimentos, mas cumprimos as obrigações salariais e estamos a projetar o futuro.” .isaura.almeida@dn.pt