Pablo Urdangarin é filho de um dos maiores jogadores de andebol de todos os tempos, Iñaki Urdangarin, e só isso seria motivo para ser notícia em Espanha, mas é o apelido da mãe, a Infanta Cristina de Borbón, irmã do Rei Felipe de Espanha, que faz dele um andebolista com sangue real. Pablo Nicolás Sebastián de Todos los Santos Urdangarin y Borbón joga andebol no Granollers Handball Club e foi convocado para a seleção nacional de Espanha pela primeira vez. “Jordi Ribera convocou-me e a primeira coisa que fiz foi ligar para os meus pais e, depois, para meus irmãos”, contou o andebolista de 24 anos, numa entrevista ao El País, confessando que desde esse telefonema não conseguiu “tirar da cabeça” a possível estreia.O que aconteceu no dia 30 de outubro, com o andebolista a marcar dois golos no triunfo sobre a Suécia (34-30). “Sinto como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros, mas gostei muito. Os meus colegas ajudaram-me a jogar com calma, a jogar bem, confortavelmente...”, disse Urdangarin, que foi depois utilizado em novo encontro com os suecos (1 de novembro), sendo desta vez derrotado (34-31), No Granollers, Pablo tornou-se um jogador fundamental, tendo renovado contrato, por mais uma temporada, em maio, depois de ser eleito o MVP da Liga Asobal. Aos 24 anos, mede 1,94 metros e pesa 85Kg, atuando como ponta direito, embora também possa jogar como lateral direito, posição em que o pai se notabilizou nos anos 90.Iñaki Urdangarin foi o capitão da seleção espanhola , que liderou na conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, ano em que nasceu o mais recente andebolista internacional por Espanha. Pablo foi aos JO na barriga da mãe e cresceu a ver o pai jogar andebol. Depois de terminar a escola, teve que pensar se queria continuar a jogar a sério ou partir para outra coisa: “Decidi tentar. Fui para a Alemanha por um ano para ver se era realmente o que eu amava, e amei. E aqui estou eu agora.”Entretanto o pai e a mãe foram notícia pelas piores razões e acabaram mesmo por se separarem. Iñaki Urdangarin esteve preso durante três anos devido a crimes de prevaricação, fraude fiscal e tráfico de influências que terá efetuado no instituto Nóos quando ainda era casado com a Infanta, tendo saído em liberdade em 2022. O sobrinho do Rei de Espanha mostra-se, por isso, bem ciente das conotações do apelido Urdangarin. “Eu uso-o com muita honra e nunca recebi nenhum tipo de ódio. Lidei muito bem com isso, e ter como pai uma lenda do andebol é algo que amo. Tenho orgulho do meu pai, mesmo nunca tendo tido a oportunidade de vê-lo jogar”, disse o jogador, admitindo que os adversários às vezes o provocam com isso. Mas ele vê-o como um incentivo e, na figura do pai, encontra apoio sobre como agir dentro e, principalmente, fora do pavilhão: “Conversamos muito sobre andebol. Ligo -lhe antes de cada partida para conversar e ver como me estou a sentir. Ele dá-me conselhos não só sobre andebol, mas também sobre autoconfiança, atitude, como me divertir... Ele ajuda-me muito. A verdade é que ele me ajuda bastante em temas relacionados com a saúde mental, muito mais do que em temas relacionados com o andebol.”Apesar do sangue real e de ser o oitavo na sucessão ao trono espanhol, Pablo Nicolás Sebastián de Todos los Santos Urdangarin y Borbón diz ser “um rapaz normalíssimo”, que não se preocupa “nada” com o que possam dizer da família e continua, assim, a apostar numa carreira profissional no andebol.isaura.almeida@dn.pt