04 dezembro 2016 às 00h11

O minuto clássico de Sergio Ramos valeu o empate ao Real em Camp Nou

Em tarde de desinspiração de Cristiano Ronaldo, o defesa Sergio Ramos foi ao ataque reeditar um velho hábito: um golo de cabeça no minuto 90, o que deu o empate ao Real após Suárez ter inaugurado o marcador para o Barça

João Ruela

Nenhuma partida está acabada antes do minuto 90 - muito menos quando Sergio Ramos está em campo. O central espanhol voltou a revelar a sua apetência para marcar em grandes jogos no minuto 90 e permitiu ao Real Madrid sair da visita ao Barcelona com uma vantagem de seis pontos, após os dois rivais terem empatado 1-1 em Camp Nou, na 14.ª jornada da Liga espanhola.

O empate soube a vitória para o Real Madrid, não só pelo "sufoco" que teve de aguentar na segunda parte como pelo facto de continuar, em passos largos, a caminhar para o recorde de invencibilidade da história do clube.

A equipa de Zinedine Zidane não sabe o que é perder há 33 jogos, estando por isso a apenas um de bater o recorde da história do clube, graças a um golo histórico. Nunca o Real Madrid tinha conseguido pontuar em Barcelona através de um golo obtido após atingido o minuto 90.

Porém, quem tem Sergio Ramos arrisca-se a marcar fora de horas. O central espanhol, que tem tantas expulsões em "clássicos" como golos diante do Barça (quatro), já tinha iniciado a época a marcar aos 90+3 minutos frente ao Sevilha, na Supertaça Europeia, forçando o prolongamento.

Em 2014, em Lisboa, foi dele o golo que permitiu ao Real Madrid ir a prolongamento na final da Liga dos Campeões, com uma cabeçada certeira aos 90+3 minutos. Ontem, foi aos 90 minutos que aproveitou um livre batido por Modric - o melhor dos merengues - para, de cabeça, fazer o empate.

Antes, o Barcelona tinha celebrado através da mesma fórmula, aos 53 minutos: livre de Neymar e cabeçada de Suárez, numa altura em que o Real Madrid até tinha criado mais lances de perigo. Porém, após a entrada de Iniesta, aos 60 minutos, o Barça tomou conta do jogo, mas acabou por pecar na finalização.


Pouco se viu de Ronaldo
Quem tem Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar em campo arrisca ver lances de génio, mas não foi propriamente o caso em Camp Nou. As individualidades pouco sobressaíram no jogo de ontem, apesar de Neymar ter falhado, por milímetros, aquele que poderia ter sido o 2-0 e o ponto final da partida.

Cristiano Ronaldo acabou por fazer um clássico muito discreto, no qual, ao longo de 90 minutos, só deu nas vistas por fazer um túnel a Mascherano. De resto, CR7 falhou duas oportunidades para marcar e perdeu 12 vezes a bola, numa tarde de pouco brilho do português.

André Gomes foi titular no meio-campo do Barcelona, mas a entrada de Iniesta, aos 60 minutos, mostrou que a história do jogo talvez tivesse sido outra se o médio espanhol jogasse de início.
O Real Madrid já disputou 22 jogos nesta temporada e continua invicto, algo que acontece pela segunda vez na história do clube. Só em 1996-97 os merengues fizeram melhor, ao conhecerem o sabor da derrota apenas ao 26.º jogo. Zidane está, uma vez mais, perto de fazer história.

"Aquilo que mais consigo destacar nesta equipa é o coração. Só assim se conseguem estas coisas. Gosto muito da atitude desta equipa, sempre capaz de lutar até ao final", reagiu o treinador francês, enquanto Luis Enrique deixou críticas... a um jogador seu: Arda Turan, que fez a falta que originou o golo do Real Madrid.

"Controlámos sempre o Real Madrid, não é uma questão de justiça ou injustiça. Eu disse para não fazerem falta, mas não evitámos essa última", lamentou o técnico do Barcelona, que até esteve quase a fazer o 2-1 no último minuto de compensação, mas Casemiro tirou a bola já quase sobre a linha de baliza. Em 21 pontos possíveis, a equipa catalã só somou 12 em Camp Nou, o pior aproveitamento desde 2003. O Real Madrid agradece.