Paulo Faria esteve no Europeu da Alemanha a ver os jogos de Portugal.
Paulo Faria esteve no Europeu da Alemanha a ver os jogos de Portugal.

O ex-jogador e adepto que gasta milhares de euros para apoiar a seleção de andebol

Paulo Faria jogou no primeiro Europeu de Portugal em 1994 e ainda é um dos andebolistas de referência. Faz parte de um grupo de amigos que planeia viagens para ver os jogos e apoiar a equipa nacional.
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Paulo Faria fez parte da seleção que representou Portugal no primeiro Europeu de andebol da história, em 1994, mas há muito que festeja os triunfos e sente as derrotas da equipa nacional do lado de fora. Não sabe bem quanto já investiu na pele de ex-jogador adepto, mas garante que “foram milhares de euros seguramente” e que tem amigos que já gastaram mais em nome da mesma paixão: o andebol.

Jogou no Sporting (1996-2001), ABC (1990-96 e 2001-02) e Águas Santas (2002-06), e agora faz parte de um grupo de amigos com 6/7 pessoas que planeia viagens para apoiar a seleção de andebol sempre que a situação profissional permite. “Quem jogou na seleção, tem um sentimento de orgulho e também alguma nostalgia, sentimos do lado de fora aquilo que sentíamos quando estávamos lá dentro. Mas não é só um sentimento, é também um investimento em felicidade. O retorno que tenho vale a pena, mas não deixa de ser um investimento e não deixa de ser dispendioso”, contou ao DN o antigo andebolista, hoje com 51 anos.

Paulo passou recentemente uma semana em Munique, onde se está a realizar o Europeu da modalidade, e assistiu às vitórias de Portugal sobre a Grécia (31-24) e Rep. Checa (30-27), e à derrota com a Dinamarca (37-27). Foi já pela televisão que viu os triunfos sobre a Noruega (37-32) e  Eslovénia (33-30) e o desaire de domingo com a campeã europeia Suécia (40-33), jogo que não conseguiu ir ver por falta de companhia. E hoje também não estará no pavilhão, quando Portugal defrontar os Países Baixos (14.30, RTP2), jogo que pode valer à seleção um lugar no torneio Pré-Olímpico, onde garante que vai estar presente.

O ex-internacional português, contudo, já tem bilhete reservado para o próximo Mundial de andebol (em janeiro de 2025 na Croácia, Dinamarca e Noruega) e para a final da Liga dos Campeões em junho... sem saber que clubes lá vão estar. Para ele basta saber que “vão ser grandes jogos num ambiente fantástico”.

Entre os jogos, o agora diretor do Colégio Leonardo Da Vinci, em Braga, faz turismo e visitas de estudo a escolas primárias e de primeiro ciclo para “absorver novos métodos de ensino e trocar ideias com professores e diretores”. Foi o que fez na Graudschule de Munique.

Mais atenção da Federação

Paulo Faria fez parte da equipa que representou Portugal no Europeu de 1994, que se realizou no Porto e foi ganho pela Suécia: “Faz 30 anos do e gostava que estivessem lá mais jogadores desse Europeu, pode ser saudosismo, mas até jogamos com o equipamento igual ao que vestimos no primeiro Europeu e não havia lá ex-jogadores.” 

Faltou essa atenção da Federação? “Não sei se é falta de atenção se é indisponibilidade das pessoas. Somos a seleção com menos adeptos nos Europeus e temos que inverter este processo, não podemos continuar a ter 40 e os outros dois ou três mil. É preciso divulgar e incentivar as pessoas a irem ver os jogos. E como responsável máximo, a Federação tem essa obrigação”, defendeu, dizendo que “o amor à seleção não se explica, sente-se”.

Tinha 20 anos quando jogou o Europeu em Portugal. Idolatrava o malogrado Tchikoulaev e o sueco Magnus Andersson, o melhor jogador da altura, que viria a jogar e a treinar o FC Porto. “Foi um acontecimento desportivo fortíssimo em Portugal, jogado no pavilhão Rosa Mota. Foi nessa altura que o andebol ganhou a empatia do País, que agora vibra com a equipa de Paulo Jorge Pereira. Estamos a fazer um Europeu fantástico”, diz.

O antigo internacional (118 jogos e 157 golos) reconhece em Gilberto Duarte a tal alegria de jogar na seleção, que espelha esse sentimento que não se explica: “Para alguém que já foi o melhor jogador português e que já não ia à seleção há algum tempo devido a lesões complicadas, jogar com aquela alegria e sorriso na cara, sabendo que já não é um dos indiscutíveis... é um orgulho.”

Para Paulo Faria faltam recursos defensivos à equipa nacional, como se viu no duelo com a Dinamarca, porque ofensivamente Portugal tem estado muito bem. Os irmãos Martin e Kiko Costa (filhos do ex-internacional Ricardo Costa, atual técnico do Sporting e da ex-internacional Cândida Mota) encantam Paulo Faria e o mundo do andebol. Agora é esperar que a seleção se supere e consiga alcançar o melhor resultado de sempre num Europeu – o  6.º lugar em 2020.

isaura.almeida@dn.pt

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