Neemias Queta está a jogar como nunca. Promovido a poste principal na terceira época em Boston, o basquetebolista português espera que esta seja a “época da afirmação” nos Boston Celtics e na NBA. “Estou à espera de uma época bastante mais assertiva, tem tudo para ser uma época de afirmação, não é só a nível individual, mas coletivamente, porque as expectativas aqui em Boston são bastante elevadas e não se aceita menos que isso”, disse ao DN, horas antes de ajudar a equipa a vencer, na madrugada passada, os Brooklyn Nets (113-99).O poste marcou apenas seis pontos nesse jogo, mas o afundanço que fez correu mundo e é candidato a melhor jogada da partida da fase regular do campeonato norte-americano de basquetebol. No jogo anterior tinha feito 14 pontos, nove ressaltos e três assistências em 33.27 minutos - novo recorde de utilização na NBA - e chegou aos 500 ressaltos da carreira no triunfo dos Boston Celtics sobre os Clippers (121-118).No dia 6 de novembro, o gigante de Vale da Amoreira (Barreiro) fez um histórico duplo-duplo na vitória sobre os Washington Wizards (136-107), tornando-se o primeiro jogador da história dos Boston Celtics a fazer pelo menos 15 pontos, dez ressaltos e cinco assistências com aproveitamento de 100%.Para esta temporada, segundo o atleta, o objetivo é “crescer cada vez mais, ser cada vez mais dominante na zona do garrafão e expandir o meu jogo para que possa ser cada vez mais versátil e continuar a evoluir para poder continuar a impactar o jogo”.Foi escolhido em 39.º lugar no draft de 2019 pelos Sacramento, cumprindo a sexta temporada na NBA já com um anel de campeão no dedo, símbolo do título conquistado pelos Boston Celtics em 2023. “Tem sido uma carreira bastante equilibrada. Tenho tido bastantes momentos bons e momentos maus ao mesmo tempo, mas acho que sei lidar com isso da melhor forma, de jogo para jogo. É uma carreira que tem vindo a melhorar todos os anos. Tem vindo a evoluir e crescer e esperemos que continue a ser assim, porque sinto que ainda tenho muitos anos bons pela frente”, disse ao DN o basquetebolista português.Neemias confia na força do trabalho e vontade pessoal para se manter na elite do basquetebol mundial por muito tempo: “Com o trabalho que faço, com a determinação que tenho e com o apoio dos meus colegas, consigo atingir o todo o meu potencial.”Seleção e contrato novo deram-lhe confiançaEsta época, as regras do limite salarial da NBA (cerca de 133 milhões de euros anuais, por equipa) levaram os Celtics a prescindir de algumas das figuras mais credenciadas, incluindo três postes, o que abriu caminho para a aposta em Neemias Queta, um atleta com um contrato modesto de cerca de dois milhões de euros e que tem justificado cada cêntimo. Seja a defender , seja atacar ou a bloquear adversários para permitir lançamentos fáceis dos colegas de equipa ou devido à intensidade que coloca em cada lance, a importância do português nos Boston Celtics tem sido visível e destacada pelo clube nas redes sociais, assim como pelo treinador e colegas e equipa.Apesar do início de temporada irregular dos Boston, com oito triunfos em 15 jogos, na Conferência Este, o português tem-se destacado. E há várias razões para isso, além de um contrato três vezes maior do que aquele que tinha na época passada. O próprio Neemias admitiu no media open day dos Boston que jogar por Portugal no EuroBasket o ajudou “a aumentar os níveis de confiança”. Algo que o treinador Joe Mazzulla também notou e disse querer aproveitar. “A fisicalidade e o talento no EuroBasket foram elevados. E a paixão com que ele representou o seu país é muito semelhante a jogar pelos Celtics. Já provou que consegue jogar sob pressão e agora temos ainda mais confiança de que pode fazê-lo todas as noites”, elogiou o técnico, expressando ainda: “Somos uma equipa melhor quando ele está em campo.”Por isso, Joe Mazzulla apostou nele em sete jogos seguidos (antes nunca tinha feito mais de dois consecutivos a titular), deixando Luka Garza e Xavier Tillman em segundo plano. O tempo de jogo é inferior ao dos restantes quatro titulares, mas o português é o líder do plantel no registo plus/minus (+110), definido pelos pontos marcados e sofridos pela equipa quando o jogador está em campo. “Nota-se a diferença desde a minha primeira vez como titular, no ano passado. Sinto-me mais confortável em campo, consigo ter mais impacto por minuto (...). Se tiver de jogar 40 minutos, jogo. Se tiver de jogar cinco, também jogo. Não gosto de me impor esse tipo de limitações”. E já próxima madrugada (21 de novembro, às 00h30), volta a entrar em campo, para a receção aos Brooklyn Nets. isaura.almeida@dn.pt.Neemias foi titular, marcou 10 pontos e ouviu elogios do treinador: "Começa a perceber o quão bom pode ser"