E vão oito Grandes Prémios de Fórmula 1 consecutivos sem Max Verstappen como vencedor. Os triunfos do piloto neerlandês tornaram-se um hábito em 2022 e 2023, período durante o qual ganhou 34 das 44 corridas disputadas, cavando um fosso para a concorrência, que originou até algum desinteresse. Este ano tudo parecia continuar na mesma, com sete vitórias em dez possíveis… mas eis que a 20 de junho, quando o britânico George Russell (Mercedes) venceu o GP da Áustria, tudo mudou..De repente, a competitividade voltou e seguiram-se quatro vencedores diferentes nos últimos cinco Grandes Prémios: Lewis Hamilton (bisou), George Russell, Oscar Piastri e Lando Norris, com este último a ganhar na última prova, que decorreu em Singapura..É verdade que Verstappen, vencedor de sete das 15 corridas desta época enquanto na anterior tinha vencido 12, continua a liderar o Mundial de Pilotos, mas a distância para os adversários mais diretos diminuiu, pois o piloto da Red Bull soma 331 pontos, contra os 279 de Lando Norris (McLaren), os 245 de Charles Leclerc (Ferrari) e os 237 pontos de Oscar Piastri (McLaren)..Pedro Lamy, o primeiro piloto português a pontuar na Fórmula 1, explicou ao DN que esta maior competitividade explica-se com o facto de a Red Bull ter perdido a supremacia que tinha. “Este ano verificamos que a McLaren cresceu bastante e só isso explica estes últimos resultados”, começa dizer, sendo certo que a marca britânica venceu quatro das últimas oito corridas e lidera o Mundial de Construtores. .Apesar do maior equilíbrio, o antigo piloto de 52 anos não tem dúvidas sobre quem é o número um do circuito mundial, e principal favorito ao título quando faltam seis corridas para o fim da temporada. “Em igualdade de circunstâncias, continuo a achar o Verstappen o piloto com mais qualidade e maior estatuto. Acho muito difícil que haja alguém pronto para ocupar o seu lugar. Mas hoje em dia, sem dúvida que existe um conjunto de pilotos de grande nível , por isso acabam por ser as pequenas diferenças dos carros a definir os vencedores. A verdade é que neste momento, a Red Bull não está a conseguir ser suficientemente competitiva, não permitindo que Max Verstappen e Sérgio Pérez consigam fazer boas sessões de qualificação”, explica Pedro Lamy..Continuando a dar todo o crédito ao tricampeão mundial, Lamy aponta alguns nomes que poderão ser os sucessores do neerlandês... embora não nos próximos tempos. “Temos pilotos fantásticos e em cada vez maior número. São, curiosamente, todos novos, da mesma geração. Penso que só o Lewis Hamilton e o Fernando Alonso é que são de uma geração mais velha [têm, respetivamente, 39 e 43 anos]. Mas se tiver de destacar dois nomes, diria o Oscar Piastri [McLaren, 23 anos] e o Lando Norris [24 anos, também da McLaren] que têm demonstrado ser muito competitivos e talentosos”, assume, referindo que “já têm um nível extremamente elevado”, pelo que vaticina que venham a ter “um ótimo futuro”..A perceção geral é de que os pilotos de Fórmula 1 são cada vez mais novos, mas Pedro Lamy sublinha que todos eles já são bastante calejados. “Até há alguns anos, os pilotos podiam aparecer no circuito mesmo muito jovens, mas agora as exigências da FIA aumentaram e todos têm de passar uma série de requisitos para conseguirem a Super Licença. E só quem conseguir passar por essas etapas poderá chegar à Fórmula 1. Ou seja, apesar de no cartão de cidadão serem muito jovens, já têm muita experiência”, realça. .Novas regras em 2026 prometem mais equilíbrio.Entretanto, a própria FIA [Federação Internacional do Automóvel] tem procurado proporcionar condições para um maior equilíbrio na Fórmula 1 e já foram aprovadas um conjunto de novas regras para a época de 2026. Os monolugares serão mais curtos, passando de 3,6 metros entre eixos para 3,4, o peso mínimo dos monolugares será mais baixo, passando dos atuais 798 quilos para 768, enquanto a asa dianteira será 100 milímetros mais estreita..“São medidas importantes, sem dúvida, e também haverá outras alterações, nomeadamente ao nível dos motores. Estou expectante para saber quais serão todas as novidades e acredito que a tendência é que haja um equilíbrio cada vez maior que, no fundo, é aquilo que se deseja”, realça Pedro Lamy..Entretanto, o Campeonato do Mundo de Fórmula 1 de 2024 atravessa o maior momento de pausa da época, com praticamente um mês a separar as corridas de Singapura, disputada a 22 de setembro, e o Grande Prémio dos Estados Unidos, a 20 de outubro, no circuito das Américas, em Austin. Será um período em que as equipas vão aproveitar para fazer as afinações necessárias, de modo a atacar as últimas seis corridas, que serão decisivas para definir o campeão do mundo de 2024. .Os últimos tempos foram de crescimento sustentado da McLaren, que lidera, com 516 pontos e de enorme quebra da Red Bull, que surge na segunda posição, com 475, e já com a Ferrari “à perna” com 441 pontos. A grande curiosidade é saber se a tendência das últimas semanas irá manter-se e Verstappen será ultrapassado ou se a Red Bull irá fazer jus ao seu slogan e vai dar asas ao seu principal piloto, possibilitando-lhe chegar ao tetracampeonato..dnot@dn.pt