Manchester United vai avançar para a rescisão do contrato de Ronaldo
De acordo com o jornal The Guardian, o Manchester United já nomeou uma equipa de advogados para avançar com um processo contra o português por alegada quebra contratual na sequência da dura entrevista que deu ao jornalista Piers Morgan.
O Manchester United anunciou esta sexta-feira que iniciou "as medidas apropriadas" para responder à recente entrevista de Cristiano Ronaldo a Piers Morgan. De acordo com o jornal The Guardian, o clube vai mesmo avançar para a rescisão do contrato do avançado português.
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"Não faremos mais comentários até que este processo chegue à sua conclusão", indica o comunicado do emblema de Old Trafford, publicado no site do Manchester a hora em que a Ronaldo e restante comitiva da seleção saíam da Cidade do Futebol, em Oeiras, para viajar para o Qatar. Uma nota muito curta, que se segue a uma outra, emitida na segunda-feira, em que o clube também não se alongava e dizia apenas que registava a cobertura mediática dada à entrevista e que "considerará uma resposta depois de todos os factos esclarecidos".
De acordo com o jornal The Guardian, o Manchester United já nomeou uma equipa de advogados para avançar com um processo contra Cristiano Ronaldo por alegada quebra contratual na sequência das duras críticas feitas pelo avançado português na entrevista bombástica ao jornalista Piers Morgan. Ainda segundo o jornal britânico, o clube inglês pretende acelerar o processo. Na prática, os red devils pretendem rescindir com justa causa o contrato de CR7 e evitar pagar os salários até ao final do mês de julho - está em causa uma quantia a rondar os 18,4 milhões de euros.
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O The Guardian avança ainda que na sequência desta tomada de posição, é certo que Ronaldo não irá mais vestir a camisola do Manchester United, pelo que depois do Mundial não voltará a apresentar-se no clube. O contrato de Cristiano Ronaldo com o Manchester United é válido até ao final de julho. O jogador português, recorde-se, aufere por semana cerca de 575 mil euros.
O Manchester United entende que Ronaldo infrigiu seriamente as regras do clube em termos contratuais ao disparar em todas as direções na entrevista a Piers Morgan, onde não poupou treinadores e até os proprietários do clube.
O futebolista internacional português confidenciou na entrevista que "talvez possa ser bom" para si e para os ingleses do Manchester United abraçarem um "novo capítulo" a seguir à conclusão do Mundial2022.
"É difícil responder agora, porque o meu foco está só no Campeonato do Mundo. Não sei aquilo que vai suceder depois, mas talvez seja o melhor para o clube e para mim ter um novo capítulo. Se voltar, irei ser o mesmo Cristiano, mas espero que as pessoas estejam do meu lado e me deixem brilhar", atirou o capitão da seleção nacional, na segunda parte da entrevista concedida a um canal televisivo britânico, que foi divulgada na quinta-feira.
Em 27 de agosto de 2021, Cristiano Ronaldo abandonou os italianos da Juventus para consumar o regresso a Old Trafford, num negócio estimado em 17 milhões de euros, que teve o aval do ex-treinador escocês Alex Ferguson, com quem cresceu de 2003 a 2009.
"Não me arrependo, porque foi uma opção 100% consciente, mas foi mais emocional do que racional. Foi bom, pois estava contente quando me deixaram estar contente. Tento dar conselhos e experiência para o Manchester United estar bem, mas não pretendo ser mais do que ninguém. Acho que posso ajudar muito a instituição, mas é duro quando te cortam as pernas, não te deixam brilhar ou não ouvem os teus conselhos", considerou.
Acusando a administração liderada pela família Glazer de "não se importar com a faceta desportiva", ao ponto de estar a fazer do Manchester United "um clube de marketing", o avançado admitiu que o seu ex-técnico "sabe melhor do que ninguém" o que se passa.
"Quem não vê isso é cego. O Manchester United é dos adeptos e eles têm de saber que as infraestruturas não são boas e têm de mudar. Se não mudarem, o clube não vai estar onde estava na 'era' Alex Ferguson e [o antigo diretor-executivo] David Gill. Espero fazer parte disso, caso contem comigo para o clube ser bem-sucedido. Se não, a vida continua e seguirei a minha jornada a fazer fãs adeptos, a marcar golos e a fazer dribles", notou.
CR7 vê "coisas que fazem com que o Manchester United não chegue ao topo", no qual estão emblemas como o rival citadino Manchester City, o Liverpool ou até o Arsenal, que chegou à paragem da Liga inglesa para o Mundial2022 na liderança, com 37 pontos, 11 acima dos red devils, que ocupam o quinto lugar, fora do acesso à Liga dos Campeões.
"Gostaria que o Manchester United conquistasse a Premier League. Se não for assim, o Arsenal é uma equipa que gosto de ver jogar. Gosto da equipa e gosto do seu treinador [Mikel Arteta]. Acho que têm uma boa equipa. Se o United não vencer o campeonato, ficaria feliz se fosse o Arsenal", frisou, na conversa com o jornalista inglês Piers Morgan.
O madeirense, de 37 anos, disse ainda ter recusado no verão uma proposta de duas épocas e 350 milhões de euros por um emblema da Arábia Saudita, que não identificou, face ao turbilhão noticioso gerado pela sua eventual saída de Manchester no mercado.
"[A imprensa] até me ofereceu ao Sporting e ao Nápoles. Sendo honesto, não tive muitos clubes, mas recebi muitas ofertas de outros clubes. Estava feliz e motivado aqui, mas a imprensa pressionava a dizer que ninguém me queria. Como é que isso é possível com alguém que na última época marcou quase 30 golos?", terminou Cristiano Ronaldo, que tem estado inserido no estágio de preparação da seleção nacional para o Mundial2022.