Leverkusen persegue época mágica e pode encher já os cofres do Benfica
O Bayer Leverkusen vai tentar esta noite em Dublin, na Irlanda do Norte, prosseguir o seu conto de fadas vencendo a Liga Europa numa época que já é memorável - a final contra a Atalanta começa às 20.00 horas (SIC). A ser realidade, o clube germânico conquista o segundo troféu europeu da sua história, dá seguimento a uma temporada sem derrotas (já são 51 jogos consecutivos) e depois de se ter sagrado também Campeão Alemão, pode ainda juntar ao currículo a Taça da Alemanha - jogam a final dia 25 contra o Kaiserslautern, da II liga.
Esta final será seguida com particular atenção pelos benfiquistas, pois, dependendo do desfecho do jogo, podem já esta noite ficar a saber que têm entrada direta na renovada Liga dos Campeões de 2024-25 (vai sofrer várias alterações, a começar pelo facto de a habitual fase de grupos dar lugar a uma única liga, com 36 equipas) e que, assim, escapam a ter de disputar a terceira pré-eliminatória e o play-off da competição.
Vamos então a estas contas. Caso o Bayer Leverkusen conquiste a Liga Europa, o Benfica garante imediatamente entrada direta na Champions (porque os alemães já tinham lugar assegurado por via vitória na Bundesliga) e um bolo de cerca de 40 milhões de euros, prémio da UEFA pela presença na fase de grupos aliado a um valor pago relacionado com o ranking dos últimos cinco anos.
Mas atenção! Se a Atalanta vencer a final europeia, o Benfica ainda tem chances de apuramento direto. Neste caso, porém, as contas são mais complicadas, pois precisam que os italianos terminem o campeonato entre os quatro primeiros classificados (posições que dão acesso à Champions). Neste momento estão na 5.ª posição, com menos dois pontos do que a Juventus e Bolonha, mas têm ainda dois jogos por disputar, ao contrário dos rivais que têm apenas mais um.
O Bayer, que acabou com uma década de domínio do Bayern Munique na Liga Alemã, chega à final de Dublin como favorito a levantar o troféu, embora a Atalanta também prometa apresentar argumentos, sobretudo após deixar pelo caminho o Liverpool, que era o grande favorito a vencer esta competição.
Os germânicos, sob a liderança do espanhol Xabi Alonso, vão disputar a terceira final europeia, e já com uma Taça UEFA no currículo (1987/88, frente ao Espanyol). Os italianos, estreantes neste tipo de jogos, são comandados por Gian Piero Gasperini, que vai na oitava temporada seguida no clube e é já considerado uma lenda em Bérgamo.
No caminho até à final, o Leverkusen venceu todos os jogos do Grupo H e, nos oitavos-de-final, despachou novamente o Qarabag (já os tinha encontrando no agrupamento), seguindo West Ham e AS Roma. Em todas as eliminatórias, perante azeris, ingleses e italianos, a equipa de Xabi Alonso esteve a poucos minutos, e até segundos, da primeira derrota da época, mas salvou-se sempre nos descontos com os três clubes.
Já a Atalanta fez uma qualificação mais consistente (eliminou o Sporting) e passou a ser vista como possível vencedora da prova quando eliminou o Liverpool nos quartos-de-final, impondo um 3-0 em Anfield. Nas meias-finais, os italianos deixaram o Marselha pelo caminho, equipa que tinha eliminado o Benfica.
Entre as figuras com maior protagonismo, no Bayer destaca-se o jovem médio Florian Wirtz, que é apontando como a grande esperança da Alemanha no Euro2024, que o país vai organizar. E também o ex-benfiquista Alex Grimaldo, que realizou uma época notável, com 12 golos e 18 assistências, números impressionantes para um lateral.
Na Atalanta sobressai o avançado Gianluca Scamacca, internacional italiano, que ganhou nova vida após ter andado perdido por Inglaterra. E ainda Teun Koopmeiners e De Ketelaere, dois dos melhores marcadores da equipa atrás de Scamacca.
O treinador Gian Piero Gasperini não escondeu a difícil missão que a sua equipa terá pela frente, mas confia nos seus jogadores. “Contra o Leverkusen representamos toda a Itália. Eles não perdem há 51 jogos, são fortes e vão criar-nos problemas, mas nós também”, prometeu ontem.
Já Xabi Alonso desvalorizou o recorde de jogos sem perder da sua equipa esta temporada e a influência que isso terá no jogo desta noite. “Quando chegas a uma final o importante é ganhá-la, não são os números. Respeito a Atalanta, uma equipa com grande identidade, com a marca de Gasperini. Mas acredito que vamos vencer”, disse.
nuno.fernandes@dn.pt