João Sousa venceu o Estoril Open em 2018.
João Sousa venceu o Estoril Open em 2018.Millennium Estoril Open

João Sousa. O adeus do maior de sempre visto pelos melhores

Nuno Marques, Nuno Borges, Pedro Sousa, Rui Machado e Gastão Elias falam do tenista vimaranense, que amanhã se começa a despedir dos courts no Estoril Open.
Publicado a
Atualizado a

É o último capítulo do filme - João Sousa, o melhor de sempre do ténis português. Aos 35 anos (feitos ontem), o vimaranense prepara-se esta semana para a despedida dos courts  no Estoril Open, torneio que venceu em 2018 e que arranca na segunda-feira e vai até dia 7 de abril. Quem privou com ele foi de alguma forma influenciado, casos de Nuno Marques, Nuno Borges, Rui Machado, Pedro Sousa e Gastão Elias.

Nuno Marques foi o melhor tenista nacional e o primeiro a entrar no top-100 até à geração dourada liderada por João Sousa entrar em cena. Nomeado capitão (selecionador) da seleção nacional de ténis em 2013, viu o vimaranense bater os seus recordes e honrar as cores nacionais. “O Frederico Gil e o Rui Machado já tinham passado o meu ranking... mas o João elevou o patamar, principalmente depois de vencer em Kuala Lumpur [o primeiro de quatro Torneios ATP  que venceu]. Foi o primeiro a entrar no top 50 e chegou a nº 28 do ranking, o que é incrível”, elogiou o agora treinador da Academia Rafael Nadal.

Para Nuno Marques, o vimaranense ”é um jogador incrível, sem comparação” e é por isso que o dá como exemplo de competitividade, entrega e profissionalismo. E por isso foi um orgulho enorme capitaneá-lo na Taça Davis.

Qualidades que Pedro Sousa também lhe reconhece. É da mesma geração e cruzou-se com ele várias vezes nas 16 épocas que coincidiram no Circuito ATP, mas destaca as duas últimas. “No Estoril Open 2018, quando ele me ganhou depois de salvar um match point  e depois... toda a gente sabe o que aconteceu. Acabou por ganhar o torneio e, se calhar, escrever uma das páginas mais bonitas do ténis português. Foi uma derrota que me custou muito, mas o que aconteceu a seguir foi incrível: um português a ganhar o Estoril Open. E no ano passado, quis o destino que o último jogo da minha carreira fosse com ele. Mais uma vez perdi, mas foi uma honra ter jogado contra ele no meu clube (CIF) no último jogo da minha carreira”, contou ao DN Pedro Sousa, que se despediu dos courts no ano passado.

Nuno Borges ostenta hoje o título que foi de João Sousa nos últimos anos, o de melhor tenista português da atualidade e confessa que não consegue dizer-lhe na cara tudo o que pensa dele sem se emocionar: “Quando fui colega dele na Davis Cup percebi o seu valor, podia estar no maior buraco do mundo, mas ia a jogo para comer o outro vivo e ganhar. Era incrível. Ele mandava muitos berros e queixava-se muito, mas eu via um jogador que nunca se rendia, há pouquíssimos a lutar tanto como ele.”

Por isso, Nuno Borges tem hoje João Sousa como um exemplo de entrega e entristece-o saber que deixará os courts  dentro de dias: “O ténis em Portugal cresceu imenso com ele. Se está confortável com a despedida... é a decisão certa para quem fez tanto pelo ténis português e já não estava tão feliz com o ténis dele nos últimos anos.”

Para Rui Machado, atual capitão da seleção nacional, João Sousa é mais do que o melhor tenista português de sempre, é um “vendedor de sonhos”, já que “antes dele quebrar certas barreiras ninguém acreditava que um português podia ir tão longe”. Além disso deu “uma alegria enorme aos portugueses quando venceu no Estoril Open”.  E “manteve-se uma década ao mais alto nível, o que é incrível. A carreira dele vai deixar saudades. Venham mais João Sousas e com vontade de quebrar os recordes dele. Não é fácil entrar no top 30, mas temos de acreditar que é possível.”

Para Gastão Elias, Sousa “é um grande profissional e amigo” que o ténis lhe deu e que “inspirou gerações”, antevendo a falta que irá fazer ao ténis português: “João Sousa foi um grande profissional e amigo que o ténis me deu e que com certeza inspirou gerações. Ele mostrou que é possível. Que é possível batermo-nos contra os melhores do mundo, que é possível alcançar feitos que pensávamos ser muito improváveis, que com raça e determinação quase tudo é possível.”

Depoimentos

Nuno Marques: “O João elevou o nível quando venceu em Kuala Lumpur. Um português a chegar a N.º28 do ranking é incrível. Foi um orgulho ter sido capitão na Taça Davis com ele.”

Nuno Borges: “O ténis em Portugal, cresceu imenso com ele. Se está confortável com a despedida... é a decisão certa para quem já fez tanto pelo ténis português e, como ele diz, já não está tão feliz.”

Pedro Sousa: “As duas últimas vezes que jogámos são duas histórias engraçadas. Eu perdi ambas, mas foi uma honra ter jogado contra ele no meu clube (CIF) e no último jogo da minha carreira.”

Rui Machado:“A carreira dele vai deixar saudades. Venham mais João Sousas e com vontade de quebrar os recordes dele. Não é fácil entrar no top-30, mas temos de acreditar que é possível.”

Gastão Elias: “O João ao longo destes anos tem vindo a mostrar que é possível batermo-nos contra os melhores do Mundo, que é possível alcançar feitos que pensávamos ser muito improváveis.”

isaura.almeida@dn.pt

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt