O português João Almeida disse esta quarta-feira por repetidas vezes que é o líder da UAE Emirates na Volta a Itália em bicicleta, que começa na sexta-feira e na qual ambiciona chegar ao pódio da geral final..Depois do quarto lugar em 2020, e do sexto em 2021, em ambos os casos na Deceuninck-QuickStep, o português mudou-se para a UAE Emirates e esta quarta-feira, em conferência de imprensa, não se cansou de se assumir como líder único, um ano depois de partilhar essa liderança com o belga Remco Evenepoel, para quem trabalhou e que acabou por abandonar.."Não quero realmente comparar [uma equipa com a outra]. Agora, estou confiante nos meus colegas de equipa, estamos todos focados no mesmo objetivo. O líder sou eu, e aqui há equipas com mais do que um líder. Só temos uma carta para jogar, sou eu", reforçou..A ideia de ser protegido pela equipa, de todos trabalharem com "um único objetivo", de ter "sete colegas para trabalhar para o mesmo", foi sendo repetida ao longo da conversa com jornalistas..Depois de surpreender o pelotão em 2020, no primeiro ano entre o WorldTour, e da polémica partilha de responsabilidades com Remco Evenepoel, no ano seguinte, o ciclista de 23 anos afirma-se, para dentro, para a equipa, e para fora também..A seu lado terá os italianos Diego Ulissi, Davide Formolo e Alessandro Covi, além de dois portugueses, Rui Costa e Rui Oliveira, numa equipa completa com uma outra 'frente de batalha' da equipa, os 'sprints', com o velocista colombiano Fernando Gaviria acompanhado do 'lançador' argentino Max Richeze..Ter compatriotas na equipa, com o trio a compor o contingente português na prova, permite "fazer umas piadas e falar a língua materna", mas frisou que na equipa "há um bom ambiente": "Somos todos amigos e estamos muito felizes.".A nível pessoal, a "responsabilidade" alia-se a "alguma pressão, não muita", com uma condição física "melhor, no geral", depois de mudanças no treino, com a transferência, à procura de "ser mais forte do que antes e estar melhor nas montanhas"..Além das principais ascensões, do Monte Etna, na quarta etapa, ao Blockhaus, na nona, entre outras, sobretudo "no final da segunda semana e na terceira semana", também "o frio e a chuva trarão dificuldades acrescidas".."Este ano, não há muitos quilómetros de contrarrelógio. (...) Temos uma nova bicicleta, que tem registado bons números e é melhor do que a antiga. Isso já é uma vantagem, e estou muito ansioso por correr com ela pela primeira vez e testá-la na estrada em competição", acrescentou o ciclista luso..De resto, este ano, João Almeida vê o percurso como "um pouco mais difícil do que no passado, com etapas com muito acumulado e muitas subidas", numa 105.ª edição em que, como sempre, "todos os dias contam, todos os segundos contam, e é preciso ser mentalmente forte", uma ideia que tem repetido há anos.."Se não cair, se não adoecer, continuar bem de saúde e acabar na frente, é um bom Giro. Claro, gostava um dia de vencer uma etapa, mas é muito difícil. Quero estar nos primeiros lugares, é esse o objetivo", relativizou..Quanto aos adversários, o ciclista das Caldas da Rainha é claro.."Richard Carapaz é o favorito número um", apontou o português, destacando a boa forma e a força mental do equatoriano que vai liderar a INEOS à procura de novo triunfo no Giro, depois de 2019..Outro nome pelo qual foi questionado foi o do colombiano Miguel Ángel López (Astana), que considerou ser "um dos melhores escaladores do pelotão" e em boa forma, perspetivando, de resto, uma "boa batalha entre todos, porque só pode ganhar um", além de elogiar os blocos de INEOS e Jumbo-Visma, ambas com "mais do que uma carta para jogar"..De resto, a parceria com o esloveno Tadej Pogacar, seu colega de equipa e vencedor das últimas duas edições da Volta a França, nem sempre inclui conversas sobre ciclismo ou 'dicas' sobre grandes Voltas.."Por vezes sim, outras vezes não. Disse-me para ir dia a dia e ter confiança no trabalho. No fim de contas, tem tudo a ver com as pernas que temos", simplificou..A Volta a Itália de 2022, a 105.ª edição da prova, começa em Budapeste, na sexta-feira, e termina em Verona, em 29 de maio, 21 etapas depois.