Goleada de mão cheia do Benfica ao Arouca com despedida de sonho de Rafa
O Benfica despediu-se dos seus adeptos nesta época para esquecer com uma vitória expressiva por 5-0 diante do Arouca, em partida que ficou marcada pelo adeus de Rafa Silva, após oito temporadas de águia ao peito. O público prestou tributo a um jogador que sai do Benfica com um currículo de respeito: três campeonatos, três Supertaças, uma Taça de Portugal, 94 golos e 67 assistências. O ex-internacional português esmerou-se na despedida, tendo realizado uma magnífica exibição, coroada com dois golos (um deles muito bonito) e uma assistência.
Em relação ao último jogo em Famalicão, Roger Schmidt (muito assobiado quando foi anunciado o seu nome pelo speaker) fez duas alterações no onze inicial, tendo saído David Neres e Marcos Leonardo (lesionados) e entrado Rafa Silva e Florentino. O Benfica começou em grande estilo, com três boas oportunidades nos primeiros oito minutos, perante um Arouca que queria jogar aberto, mas nem defendia bem, nem conseguia soltar-se no ataque, tendo criado uma única ocasião de perigo em todo o encontro, com Cristo González e Jason Rameseiro, as duas “estrelas” da companhia depois da saída do goleador Rafa Mujica, muito apagados.
Aos 22 minutos, João Mário atirou ao poste, num desvio subtil diante de Arruabarrena e, logo a seguir, Bambu colocou mão à bola de forma infantil, com Fábio Melo a apontar naturalmente para a marca de penálti. O público gritou “Rafa, Rafa”, para que fosse ele a marcar o penálti, e o próprio Di María ofereceu a bola ao colega, que recusou, pedindo que fosse o argentino a rematar, o que fez com êxito, alcançando o seu 17º golo da época.
Pouco depois, houve novo penálti indiscutível a favor das águias, desta vez por falta de Arruabarrena sobre Kökçü. Os adeptos voltaram a chamar por Rafa, mas desta vez foi o médio turco a marcar, de novo com êxito, e da mesma forma que o argentino, com a bola para um lado e o guarda-redes para o outro.
Entretanto, as claques do Benfica, que estiveram em silêncio durante quase toda a partida, lançaram insultos a Roger Schmidt (com o resto do estádio a reagir com assobios), antes de um dos momentos mais esperados da tarde: o (primeiro) golo de Rafa, a fazer o 3-0, respondendo com classe a cruzamento atrasado de Aursnes.
O 3-0 ao intervalo era uma diferença lógica para a diferença de produção das equipas e logo no primeiro minuto do segundo tempo as coisas ficaram ainda mais facilitadas para o Benfica, com Rafa Silva a aumentar o placard para 4-0, num golo… à Rafa: ultrapassou Javi Montero, correu como uma flecha em direção à baliza e picou a bola sobre Arruabarrena.
O jogo estava morno mas houve alguma animação num estranho mergulho de Trubin, a ceder pontapé de canto numa bola fácil, voltando a mostrar ser um guarda-redes que mistura intervenções de grande classe com erros difíceis de compreender.
Até ao final, destaque para a substituição de Di María (76’) por Rollheiser, com o campeão do mundo ovacionado de pé, restando saber se irá fazer parte do plantel na próxima época. No mesmo minuto, Tengstedt rendeu Kökçü e na primeira vez que tocou na bola, o dinamarquês aumentou para 5-0, com uma boa finalização após contornar o guarda-redes, na sequência de assistência de Rafa. O avançado português termina a sua passagem pela Luz com 22 golos e 15 assistências em 2023/24, reforçando o estatuto de futebolista dos do Benfica com mais participações diretas em golos na temporada em curso (37), à frente de Di María, com 30 (17 golos e 13 assistências).
Antes do final da partida, não poderia faltar a substituição de Rafa, que ocorreu aos 84 minutos, com o jovem João Rêgo a entrar para o seu lugar, estreando-se na equipa principal do Benfica aos 18 anos. O público levantou, muitos aplausos e alguns adeptos deixaram mesmo escapar algumas lágrimas no adeus do número 27, que recebeu cumprimentos de todos os seus companheiros de equipa dentro de campo. Quando chegou ao banco, esbracejou para as bancadas, com cara de poucos amigos, enquanto proferia algumas palavras, pedindo de forma veemente o apoio, dando a entender não estar especialmente satisfeito com a forma como muitos adeptos têm tratado a equipa.
Já perto do fim, destaque para um lance em que João Rêgo esteve perto do golo num remate de longe, naquela que teria sido uma estreia de sonho.