Fernando Santos: "Cristiano é um fenómeno como Pelé, Maradona e Messi"
Para Fernando Santos "o 3-2 não faz sentido nenhum", uma vez que Portugal dominou o Gana. "Temos de tirar as coisas importantes, as muito positivas. Tivemos uma primeira parte não totalmente conseguida, mas com a equipa muito organizada, reativa à perda. O Gana não nos conseguiu incomodar. Jogaram com um bloco muito fechado", reagiu o selecionador, após vencer o jogo de estreia no Mundial 2022.
No geral "em termos de transição ataque-defesa, Portugal esteve muito bem", mas houve uma altura em que Fernando Santos viu um jogo "bloqueado". "Nós, com segurança com bola, mas era uma segurança passiva, a trocar a bola atrás, invadimos o meio-campo do adversário mas voltámos para trás e a circular por fora e com pouca agressão. Estava a faltar isso. Melhorámos a partir dos 30/35 minutos. Nos últimos minutos criámos 3 ou 4 situações de grande perigo, com cruzamentos e entrada de jogadores..."
Resumindo: "O jogo não foi fácil. Não sendo fácil, a equipa preencheu melhor o jogo nos últimos 10 minutos da 1ª parte nas várias componentes do jogo. Em termos ofensivos, também foi uma equipa ofensiva e até ali nunca tinha criado. Disse aos jogadores ao intervalo que era preciso ter paciência mas tanta...O jogo estava tão bloqueado, se nós só temos paciência não vamos fazer golos. Eles perceberam e tentaram, entraram para o jogo para modificar o tipo de jogadas. Foi isso que aconteceu e o penálti surgiu dessa forma. Depois, sofremos golos que vínhamos do nada. Ninguém pode sofrer golos que vêm do nada", explicou o selecionador nacional à CNN Portugal.
Com o empate no Uruguai-Coreia do Sul e o triunfo de Portugal sobre o Gana (3-2), os portugueses podem apurar-se para os oitavos no próximo jogo se vencer os uruguaios. "São três pontos importantes. O empate não me interessa. Mais uma vitória e podemos seguir em frente", admitiu Fernando Santos.
Já na sala de Imprensa, o técnico foi questionado sobre o recorde do capitão, o único jogador a marcar em cinco mundiais em toda a história do futebol. "Cristiano é um fenómeno como Pelé, Maradona e Messi. Daqui a 50 anos vamos continuar a falar deles. Uma das pessoas com quem falo com os meus amigos chama-se Eusébio da Silva Ferreira, com quem joguei há 50 anos e que para mim era também um dos melhores jogadores do Mundo. Continuamos sempre a falar deles e ainda hoje, em Portugal e no Mundo, continuamos a falar dele também", lembrou Santos.
João Félix reconheceu que os ganeses "estavam muito mais organizados" na primeira parte: "Meteram-se muito lá atrás e quando assim é, contra uma equipa rápida, agressiva e lutadora, é difícil entrar na área deles." Na opinião do jogador do At. Madrid, depois do primeiro golo, Portugal controlou o jogo durante alguns minutos e "sem pressa e com paciência para tentar chegar ao segundo golo: "Infelizmente eles fazem um golo do nada e lá tivemos de remontar outra vez e fizemos muito bem."
E aquele sofrimento final? "É à português. Mais uma a sofrer. Se forem todas assim a ganhar está tranquilo", respondeu Félix, revelando ainda que o selecionador costuma dizer aos jogadores que eles é que se "metem a jeito" para sofrer golos e foi assim hoje: "Nós é que lhes damos oportunidades e se evitarmos esse pequenos pormenores somos uma equipa que dificilmente sofre golos e dificilmente perdemos."
Rafael Leão também marcou assim que entrou no jogo. "Era algo que procurava há muito tempo, mesmo que não fosse um golo, uma assistência. Estou muito contente, mas o mais importante é a vitória. Desde o início tivemos a iniciativa do jogo, procurámos o golo, fomos felizes e estamos de parabéns", disse o jogador do AC Milan no final do encontro. mostrando ter plena confiança em Diogo Costa, que cometeu um erro que podia ter dado o empate. "Não estava à espera, mas todos temos plena confiança no Diogo. É um grande guarda-redes, que já defendeu muitas vezes lances perigosos na nossa baliza. Estamos sempre com ele", disse Leão, "preparado para ajudar, seja a titular ou a partir do banco".
Também Raphael Guerreiro disse que o mais importante era a vitória: "Se ganharmos o próximo jogo, ficamos apurados. Estamos no bom caminho. No bom caminho para sermos campeões? Certo."
Para Bruno Fernandes, que fez duas assistências para golo, "só fazendo os movimentos certos é que aparecem os espaços" e foi preciso esperar pelo timing certo, como naquela grande jogada entre o João Félix e o Cristiano, que resultou num penálti que deu golo.
Mas a aquela tremideira no final... "Não foi tremideira nenhuma. É o nervosismo normal do primeiro jogo, é a dificuldade que o Gana nos causou. Uma seleção que sabíamos que ia causar-nos muitos problemas. No final do jogo levaram mais gente para a frente. No momento de saída podíamos ter marcado mais um ou outro golo: não fomos capazes, mas soubemos defender o resultado e isso é o mais importante", defendeu o médio português.
Já Otávio deixou o Portugal-Gana aos 56 minutos com queixas físicas. Ao passar pela zona mista os jornalistas perguntaram-lhe se estava bem e ele respondeu "mais ou menos".
O selecionador ganês, Otto Addo mostrou-se desapontado com o desaire no arranque do Mundial 2022 e fez algumas críticas ao trabalho do árbitro da partida. "Claramente desapontante. A posse de bola foi de Portugal, sabíamos que eram bons nisso, mas fomos bons a defender. Quando marcaram, tudo mudou e penso que o árbitro não tomou a decisão certa no lance do penálti. Depois torna-se complicado contra uma equipa de classe mundial. Fomos, no entanto, corajosos, tivemos sorte e ficámos perto do 3-3, com aquele truque do Iñaki. Não há muito que possa dizer. Zero pontos", disse, revelando que tentou falar com o árbitro: "Disseram-me que não era possível."
Questionado sobre o facto de Ronaldo ter marcado em cinco Mundiais, respondeu de forma cáustica: "Se alguém marca um golo, parabéns. Parabéns... Com prendas especiais dos árbitros."