Ferguson do Sporting, líder e top a comunicar. Todos rendidos a Amorim e confiantes na continuidade
O segundo título de campeão nacional do Sporting nos últimos quatro anos tem a marca indiscutível de Rúben Amorim. O futuro do treinador leonino tem sido muito discutido, e apesar de o próprio ter deixado a entender, nos festejos no Marquês de Pombal, que a continuidade é o cenário mais provável, ninguém poderá garantir a 100% que o técnico de 39 anos se vai manter no cargo. Uma coisa é certa: o universo leonino está rendido ao treinador que se tornou no mais jovem técnico português a ser campeão duas vezes.
Dias Ferreira, que durante muitos anos ocupou cargos diretivos no Sporting, teceu rasgados ao técnico leonino e até fez uma confissão. “Quando ele chegou ao Sporting em 2020 torci um pouco o nariz, mas houve uma frase dele na apresentação que me deixou desconfiado, no bom sentido, quando disse ‘e se corre bem?’. E, na verdade, rapidamente me apercebi da sua enorme qualidade como treinador”, referiu ao DN.
O ex-dirigente e candidato às eleições do Sporting revelou que acompanhou a festa do título pela televisão em casa. “Estou a recuperar de um grave problema de saúde, perdi 14 quilos, e o último jogo a que assisti no estádio foi com o Estrela da Amadora [n.d.r: vitória por 3-2]. Mas vi na televisão e ouvi em minha casa, pois moro a uns 300 metros do Marquês de Pombal”, disse, antes de destacar aquelas que entende serem as principais qualidades do técnico leonino. “Tem uma autoconfiança impressionante e uma capacidade de comunicação notável. Por outro lado, é visível que tem os jogadores na mão e não posso deixar de destacar a honestidade com que analisa os jogos, reconhecendo sem problemas quando a equipa joga mal, algo que não é muito comum nos treinadores. Já vi muitos bons treinadores do Sporting, mas para mim, ele é o melhor de todos”, sublinhou.
Dias Ferreira revelou ainda que tem uma “profunda admiração” por Rúben Amorim e acrescentou que o técnico “monta muito bem as equipas, lendo ainda o jogo de forma exemplar”.
Sporting CP
Durante os festejos no Marquês de Pombal, onde os adeptos giritaram vezes sem conta “fica”, Amorim” deixou a entender que vai mesmo continuar em Alvalade - tem contrato com o clube até 2026. “Diziam que só iríamos ser campeões 18 anos depois e que só fomos campeões por não haver público nos estádios. Dizem que jamais seremos bicampeões outra vez... Vamos ver!”, atirou. Antes, ainda em Alvalade, já tinha dito: Eu fico, tenho contrato com o Sporting.”
Depois destas palavras, Dias Ferreira mostra-se “muito convicto” a respeito da continuidade, expressando o desejo de que o treinador“fique muitos anos, embora seja natural que mais tarde ou mais cedo acabe por sair”. E quando esse dia chegar, antevê que “não será fácil substituí-lo, mas poderá deixar um legado útil para o seu sucessor, que, espera-se, não destrua o bom trabalho que foi feito”.
O ex-dirigente deixou ainda uma palavra a Frederico Varandas: “Fui crítico de algumas das suas opções, mas não posso deixar de dar a mão à palmatória e agradecer-lhe o bom contributo que tem dado para a pacificação e evolução do clube, assim como elogiar a descrição e excelente trabalho de Hugo Viana”.
Trabalho de excelência
Carlos Pereira, antigo jogador e também ex-treinador-adjunto de Paulo Bento no Sporting, não tem dúvidas em eleger Rúben Amorim “como a figura mais importante neste título de campeão nacional”. E explicou porquê. “Ele foi o líder, o amigo, o conselheiro, para além do seu excelente trabalho técnico e tático”, começou por destacar, acrescentando: “Há muitas coisas que não são visíveis no trabalho dos treinadores, nomeadamente as conversas de gabinete que se tem com os jogadores e que, no caso de Rúben Amorim, demonstram o trabalho de excelência que fez, complementado, naturalmente, pelos jogadores e pelos responsáveis, com Hugo Viana à cabeça, alguém muito discreto que também teve um papel decisivo”.
António Pedro Santos/Lusa
Carlos Pereira diz que “será essencial que Rúben Amorim continue na próxima época, porque tem uma enorme empatia com os jogadores e com a massa associativa”, e também “para dar sequência ao que de bom tem sido feito nos últimos anos, continuando a mostrar porque razão faz parte da galeria restrita dos melhores treinadores da história do Sporting”. E tem a certeza de que a polémica viagem a Londres “já está ultrapassada”, confessando que ficou muito surpreendido “essencialmente pelo timing em que foi feita, por alguém tão inteligente e com uma cabeça tão bem estruturada”.
O Ferguson do Sporting
Carlos Xavier é um confesso admirador de Rúben Amorim e acha que “é alguém que pode vir a ser o Alex Ferguson do Sporting”, desejando a sua continuidade por muitos anos. E destacou ainda “a sua grande honestidade, não se desculpando com arbitragens ou outras questões e não tendo problemas em reconhecer quando é beneficiado, como já aconteceu num jogo com o Casa Pia”.
O antigo médio e capitão do Sporting antecipou que “a muito breve prazo Rúben Amorim pode ser um dos melhores treinadores do mundo”. Mas confessa que ainda não está totalmente convencido a respeito da sua continuidade em 2024/25. “Ele é muito inteligente na forma como comunica e sabemos bem a cobiça de que é alvo. Se eu fosse ao Sporting, não teria problemas em abrir os cordões à bolsa para o convencer a ficar, seria a melhor contratação, acima de qualquer jogador que viesse”.
Fernando Nélson, antigo lateral-direito do Sporting, entende que “a maior responsabilidade desta conquista é da direção, porque deu ao treinador as condições ideais para desenvolver o seu trabalho e, depois, em segundo lugar, surge Rúben Amorim, a personalidade à volta da qual tudo girou e que deu indicação dos jogadores a contratar, com tudo a correr na perfeição”.
Na opinião do ex-jogador, “em termos comunicacionais ele é top, falando sempre com clareza, objetividade e sem artimanhas, não sendo fácil encontrar alguém tão competente nessa matéria”. E destacou ainda o facto de “ser alguém muito ambicioso, conseguindo passar essa ambição aos jogadores, para além de ser exímio na preparação dos jogos, adaptando a equipa ao adversário”.
A terminar, Nélson confessou ter ficado “com a impressão nítida” de que Rúben Amorim irá prosseguir o seu trajeto de leão ao peito, avisando que “se assim não fosse, as coisas não seriam fáceis, com um novo treinador e a reformulação do projeto”.
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