A antiga número 1 do ténis mundial Monica Seles, de 51 anos, revelou em entrevista à Associated Press (AP) que há três anos sofre de miastenia gravis, uma doença autoimune neuromuscular, que segundo o Instituto Nacional de Perturbações Neurológicas e AVC dos Estados Unidos explica que "causa fraqueza nos músculos esqueléticos", um problema que "afeta mais frequentemente mulheres jovens (até 40 anos) e homens mais velhos (com mais de 60 anos), mas pode ocorrer em qualquer idade, incluindo a infância".A tenista nascida na Sérvia, mas naturalizada norte-americana, revela que descobriu que algo se passava quando "jogava com as crianças ou com familiares e falhava a bola". "Via duas bolas. Esses são sintomas que não se podem ignorar. E para mim foi aí que tudo isto começou. Demorei muito tempo a aceitar e a falar abertamente porque é algo muito difícil, pois afeta muito o meu dia a dia", explicou a vencedora de nove títulos do Grand Slam e uma das melhores tenistas de sempre, que esteve 178 semanas como número 1 do ranking mundial.Monica Seles nunca tinha ouvido falar desta doença até que o seu médico a encaminhou para um neurologista, depois de constatar que a antiga tenista tinha visão dupla e fraqueza nos braços. "O simples ato de secar o cabelo tornou-se... muito difícil", disse: "Quando recebi o diagnóstico, pensei: 'O quê?!'.”Esta doença acaba por ser, segundo Seles, mais um reinício na sua vida. Como quando deixou a antiga Jugoslávia e mudou-se para os Estados Unidos. "Esse foi o meu primeiro reinício radical. Tinha 13 anos, não falava o idioma e deixei minha família. Foi um momento muito difícil. Quando me tornei profissional também foi outro reinício, porque a fama, o dinheiro, a atenção, mudam tudo, e é difícil para uma jovem de 16 anos lidar com tudo isso. Depois, obviamente, a minha facada, na qual tive que fazer um grande reinício”, disse Seles, que não esquece quando voltou a competir no US Open de 1995 e chegou à final, após mais de dois anos ausente depois de ter sido esfaqueada por um homem num torneio em Hamburgo, na Alemanha: "A forma como me receberam... depois do esfaqueamento, nunca esquecerei. São momentos que ficam na memória."E é dessa forma que encara a sua doença. "Como digo às crianças que treino, é preciso nos adaptarmos sempre. Se bola bola ressalta, nós precisamos de nos adaptar. É isso que a fazer neste momento”, sublinhou Monica Seles, que em parceria com uma empresa de imunologia dos Países Baixos promove a campanha Go for Greater, que tem como objetivo falar sobre a doença. "Gostava de ter tido alguém que me tivesse falado da doença, como eu faço agora", sublinhou.