As percentagens que Luís Filipe Vieira (13,86%) e João Diogo Manteigas (11,48%) obtiveram na primeira volta das eleições do Benfica, no passado sábado, ganharam importância para uma segunda volta. Juntos os dois candidatos totalizam 25,34%, um percentual que pode fazer tender a balança para Rui Costa (42,13%) ou João Noronha Lopes (30,26%), os dois mais votados do ato eleitoral mais concorrido da história do clube, com 85.422 votantes. Já Martim Mayer (2,10%) e Cristóvão Carvalho (0,18%) tiveram percentagem residuais.A luta pela presidência do Benfica ficou reduzida aos dois mais votados, mas serão os votos dos apoiantes de Vieira e Manteigas que irão fazer a diferença no ato eleitoral marcado para o dia 8 de novembro, considerando que ambos reuniram votos de sócios que não se reviram no projeto do atual presidente.Luís Filipe Vieira, segundo disse ao DN fonte da sua candidatura, não irá pronunciar-se sobre o seu sentido de voto ou mobilizar os seus apoiantes para votar em algum dos dois finalistas. O antigo presidente irá manter-se neutro, para já, mas isso não significa que, após refletir, sobre os resultados conhecidos ontem e “sobre o que é mais importante para o futuro do Benfica”, venha a revelar publicamente a sua intenção de voto. E não é fácil, para quem via nele solução, tentar sequer adivinhar quem prefere. Se Rui Costa foi acusado de o trair, Noronha tentou tirá-lo da cadeira do poder (sem sucesso) em 2020.Já João Diogo Manteigas, candidato à presidência pela Lista C, disse que, apesar de não e identificar a 100% com a visão do candidato da Lista F, o seu “sentido de voto”, na segunda volta, vai para João Noronha Lopes. “Continuo a dizer que acho que o seu projeto não é a mudança que o Benfica precisa, é uma mudança fofinha, mas é uma mudança”, reagiu o advogado, recusando uma aliança ou apoio formal à candidatura dele.“Não dou qualquer tipo de apoio a Noronha Lopes nem a Rui Costa, não há qualquer tipo de aliança com qualquer um. Sou um homem de 50 votos e vou votar em quem quero”, garantiu o mais novo (42 anos) dos seis candidatos. João Diogo Manteigas pediu ainda aos dois finalistas que prestem um “serviço público ao Benfica” e debatam ideias, projetos e medidas para o clube em vez de optarem por uma campanha de ataques pessoais.A importância dos sócios com 50 votosSegundo os Estatutos do Benfica, os sócios que têm entre um e cinco anos de filiação, têm direito a três votos. Os associados de cinco a dez anos têm dez votos, enquanto quem é associado há 25 anos tem 20 votos. E quem é sócio há mais de 25 anos rende 50 votos ao candidato por si escolhido, o que torna o voto destes benfiquistas 15 vezes mais importantes para a contagem final do que os votos de um sócio com até cinco anos. Na primeira volta, Rui Costa convenceu 32.898 sócios, apenas mais cerca de 5789 do que os 27.109 benfiquistas que votaram em Noronha Lopes, mas obteve mais 11,87% dos votos. Já João Diogo Manteigas reuniu a confiança de 12.559 sócios, mais do que Luís Filipe Vieira, que, embora tenha reunido mais percentagem de votos, teve menos benfiquistas a votar nele (11.816), beneficiando da escolha de sócios com mais voto.60% ou 70%? Depende do ponto de vistaNoronha Lopes “esperava um resultado superior” aos 30%, mas garante que, na segunda volta, procurará agregar “as pessoas que não se revêem no rumo que o clube está a tomar” e que são na ordem dos 60%, numa alusão à percentagem reunida pelos cinco candidatos, que foram a votos contra o atual presidente.Uma observação que teve resposta imediata de Rui Costa. “Ouvi dizer que 58% não acredita em mim, mas também posso dizer que há 70% que não acredita no outro lado [Noronha Lopes ]. Conto com o apoio de todos os benfiquistas, não estou a contar com o apoio dos outros candidatos. Só quero mostrar quem sou e o que quero fazer”, reagiu o vencedor da primeira volta, dando assim o pontapé de saída na campanha para a segunda volta.isaura.almeida@dn.pt .Eleições do Benfica. Rui Costa vence primeira volta e vai de novo a votos com Noronha Lopes