É oficial. Ucrânia junta-se a Portugal e Espanha na candidatura ao Mundial2030

"Esta proposta visa contribuir através do poder do futebol para a recuperação de um país em fase de reconstrução", diz a Federação Portuguesa de Futebol.
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A Ucrânia vai acompanhar Portugal e Espanha numa candidatura conjunta à organização do Mundial2030 de futebol, oficializaram esta quarta-feira as federações dos dois países ibéricos, em conferência de imprensa na sede da UEFA.

"A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) incorporaram a Ucrânia na candidatura para o Mundial2030. As duas federações comunicaram a sua intenção à UEFA, que imediatamente expressou o seu total apoio", frisaram os organismos liderados por Fernando Gomes e Luis Rubiales, em comunicado.

"Esta proposta visa contribuir através do poder do futebol para a recuperação de um país em fase de reconstrução", diz a Federação Portuguesa de Futebol, que considera que "o exemplo de tenacidade e resiliência dado pelo povo ucraniano é inspirador".

Em pleno conflito militar com a Rússia, a Ucrânia vem redimensionar a única candidatura europeia para a organização da principal competição mundial de seleções em 2030, cujo protocolo de colaboração entre FPF e RFEF já tinha sido assinado em outubro de 2020.

A proposta foi apresentada em junho de 2021 e recebeu o apoio da UEFA, enfrentando a concorrência, pelo menos, de um projeto sul-americano (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai), um africano (Marrocos) e um intercontinental (Arábia Saudita, Egito e Grécia).

"A comissão coordenadora do Mundial2030, liderada por António Laranjo, vai passar a incluir representantes da delegação ucraniana. A candidatura de Portugal, Espanha e Ucrânia cumprirá os prazos previstos para a apresentação do seu caderno de encargos à FIFA. Acreditamos que a família do futebol mundial irá apoiar esta iniciativa", concluíram.

Segundo o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, a incorporação da Ucrânia na candidatura conjunta de Portugal e Espanha à organização do Mundial2030 foi "uma decisão lógica e natural".

"Para alguns, esta decisão pode parecer surpreendente e inesperada. Para nós, foi uma decisão lógica e natural. A devastação, a fuga de milhões de ucranianos, a incerteza em relação ao futuro pesou na nossa vontade de integrar a Ucrânia nesta candidatura, que mereceu desde a primeira hora incondicional apoio do presidente da UEFA [Aleksander Ceferin], a quem desde já quero agradecer", expressou o dirigente, numa conferência de imprensa decorrida hoje na sede do regulador do futebol europeu, em Nyon, na Suíça.

Os chefes de governo de Portugal e Espanha, António Costa e Pedro Sánchez, disseram que os dois países estão prontos, juntamente com a Ucrânia, para receber em 2030 um Mundial de futebol "para a paz".

"Já demonstrámos capacidade para organizar eventos de primeira linha. Portugal e Espanha estão prontos para receber, juntamente com a Ucrânia, o Mundial de futebol de 2030. Queremos um campeonato para a paz, mostrar o melhor do desporto, mas também os melhores valores da Europa", escreveu o primeiro-ministro luso na rede social Twiiter, mensagem que também foi publicada pelo presidente do governo espanhol.

O Qatar acolherá a 22.ª edição do campeonato do mundo este ano, de 20 de novembro a 18 de dezembro, seguindo-se uma inédita coorganização entre três países (Canadá, Estados Unidos e México), em 2026, e a celebração do centenário da prova, em 2030.

A escolha dos países organizadores do Mundial2030 está prevista para o 74.º congresso da FIFA, em 2024, após Portugal ter recebido o Euro2004 e a Espanha o Euro1964 e o Mundial1982, ao passo que a Ucrânia albergou o Euro2012, em conjunto com a Polónia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com a ONU, que encara esta crise de refugiados como a pior em plena Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, a invasão daquela nação tem sido condenada pela generalidade da comunidade internacional, que responde com envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra no leste europeu 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, vincando que estes números estão muito aquém dos reais.

O principal campeonato de futebol está a decorrer desde agosto dentro das fronteiras ucranianas, mas com partidas à porta fechada e na proximidade de abrigos contra os bombardeamentos, enquanto a seleção nacional joga como visitada na 'vizinha' Polónia.

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