O fundista Domingos Castro esteve presente em quatro Jogos Olímpicos (Seul1988, Barcelona1992, Atlanta1996 e Sidney2000) e procura domingo uma eleição que pode ser histórica: nunca um atleta olímpico presidiu aos destinos da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) em quase 100 anos de história. .Criada em 1926, depois de liderada por uma Comissão Executiva entre 1921 e 1925, a FPA já teve 18 presidentes, mas nenhum, nem os que foram atletas, representou Portugal em Jogos Olímpicos. Domingos Castro (60 anos) pode assim ser o primeiro, mas não é o único a tentar liderar a federação de uma modalidade em que se destacou. Na memória de muitos (e na dele certamente) está ainda aquele 4.º lugar nos 5000 metros em Seul1988 e a medalha perdida a escassos metros da meta na sua estreia olímpica..Domingos Castro junta-se a Paulo Bernardo (Lista A) e Fernando Tavares (Lista C), ambos vice-presidentes da FPA, na eleição para a sucessão de Jorge Vieira. A Federação Portuguesa de Atletismo é uma das entidades mais importantes do desporto nacional e a que mais medalhas deu a Portugal em Jogos Olímpicos (13 em 32)..Também Cândido Barbosa pode conseguir tal feito se for eleito para a presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC). Aos 49 anos, o antigo ciclista, que esteve presente em Atlanta1996 (112.º lugar) e Atenas2004 (abandonou) apresentou uma candidatura por “amor incondicional” à modalidade e, no próximo dia 16 de novembro, vai ter oposição de Sandro Araújo e Pedro Martins. .Desde a criação da União Velocipédica Portuguesa, em 1899, que depois deu lugar à FPC, só dois ciclistas profissionais presidiram o organismo - Henrique Castro e Delmino Pereira, o atual líder -, mas nenhum dos dois foi olímpico. Cândido Barbosa pode assim passar a liderar um pelotão com 125 anos de história..Portugal estreou-se em provas de ciclismo em Roma1960 e só voltou em 1992, mas a modalidade foi a que mais brilhou em Paris2024, com duas medalhas: Iúri Leitão foi prata no omnium e medalha de ouro em madison, juntamente com Rui Oliveira. .Dar seguimento a este legado será o grande desafio do duas vezes vice-campeão da Volta a Portugal (2005 e 2007), caso seja eleito a 16 de novembro... o mesmo dia em que a Federação Portuguesa de Natação (FPN) também vai a votos..A FPN é a entidade que mais tem crescido em número de atletas federados e que nos últimos anos ganhou projeção mediática com várias medalhas e um fenómeno chamado Diogo Ribeiro. O prazo para a entrega de listas termina dia 28, mas, para já, há dois candidatos assumidos: Rui Sardinha e o olímpico Miguel Arrobas, que tinha 17 anos quando terminou os 100 metros costas em Barcelona1992 em 42.º e os 200 metros costas em 34.º, passando depois para as águas abertas..Jurista de profissão, Arrobas foi o primeiro atleta olímpico a chegar à Assembleia da República, como deputado eleito pelo CDS-PP, e quer agora suceder a António José Silva e ser o segundo olímpico a chegar à liderança do organismo em 94 anos, depois de Paulo Frischknecht, que foi presidente da FPN entre 2005 e 2013, após ter nadado nas piscinas olímpicas em Montreal1976 e Moscovo1980..Também Roberto Dória Durão assumiu publicamente uma candidatura à presidência da direção da Federação Equestre Portuguesa (FEP), que só se realizam em janeiro ou fevereiro de 2025.“Os atletas que participaram em Jogos Olímpicos são atletas que sabem o que é trabalhar, amam o desporto, conhecem-no por dentro e estão dispostos a dar tudo por ele”, disse o professor de Educação Física, que representou Portugal nos Jogos Olímpicos de Los Angeles1984 (Pentatlo Moderno) e Seul1988 (Esgrima)..33 federações - 0 Olímpicos.Antes de existir a Lei de Bases do Desporto, muitas federações tinham presidentes por inerência ou nomeação, e até houve olímpicos - como Domingos de Sousa Coutinho, antigo cavaleiro medalhado de bronze em Berlim1936, que presidiu à Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno entre 1967 e 1972..Com a criação do Regime Jurídico das Federações Desportivas pelo Decreto-Lei n.º 248-B/2008, de 31 de dezembro, os organismos com selo de Utilidade Pública passaram a ter um regulamento eleitoral uniforme e um máximo de três mandatos..Atualmente, além de só uma ter liderança feminina (Dança), nenhuma das 33 federações de desportos olímpicos tem à frente um atleta que tenha representado Portugal em Jogos Olímpicos, o que não deixa de ser paradigmático de quanto os atletas têm andado longe do dirigimo federativo. Um cenário que pode mudar já amanhã, quando Domingos Castro for a votos..isaura.almeida@dn.pt