Dérbi pintado a vermelho. O Benfica venceu mais do dobro dos troféus dos leões em 115 anos de rivalidade e 13 finais decididas entre ambos em três competições. Os encarnados levaram o troféu para casa por nove vezes, mais do dobro dos troféus conquistados pelos verdes e brancos (quatro), que nos últimos anos têm emergido de épocas asfixiantes e procuram equilibrar a estatística..Sábado, o Benfica, de Nélson Veríssimo, e o Sporting, de Rúben Amorim, defrontam-se no Estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, na final da 15.ª edição da Taça da Liga para escrever novo capítulo de uma rivalidade centenária. Será o segundo duelo entre Amorim e Veríssimo, que venceu o primeiro (2-1, na última jornada do campeonato 2019-20) e será também a segunda vez que os dois rivais de Lisboa lutam pelo troféu, que atribui o título de campeão de inverno..Na primeira, em 2009, na então recém-criada competição para preencher espaços no calendário, levou a melhor a equipa da Luz, num jogo polémico decidido no desempate por grandes penalidades. Nesse encontro, jogado no Estádio do Algarve, os leões de Paulo Bento marcaram primeiro, por Pereirinha, e dominaram os acontecimentos até ao minuto 73, quando Di Maria tentou entrar na área e a bola bateu no peito de Pedro Silva..O árbitro Lucílio Baptista pensou ter sido com o braço e marcou penálti. O Benfica empatou por Reyes e venceu depois no desempate por penáltis levando a taça para casa. O lateral do Sporting ficou de cabeça perdida. Pedro Silva foi expulso, deu um encontrão no árbitro antes de sair, chamou-lhe "ladrão" e, na cerimónia de entrega de prémios, pegou na medalha de finalista vencido e atirou-a para o relvado, numa imagem que ficou para a história..O primeiro dérbi dos 15 que viriam a atribuir troféus foi também o mais espetacular de todos, segundo quem o viveu, quem o viu e quem escreveu sobre ele. Aconteceu em 1952, no Jamor, e o Benfica levou a Taça de Portugal para casa, depois de vencer por 5-4 (três golos de Rogério Pipi). Essa foi também a primeira de oito finais da Taça de Portugal entre os rivais lisboetas até hoje (6-2 em taças a favor das águias). A última foi em 1996, numa partida marcada pelo caso verylight, que resultou na morte de um adepto. Apesar da tragédia a que se assistia nas bancadas, o jogo prosseguiu e o Benfica acabou por vencer (3-1)..Já não se encontram no Jamor há 26 anos, mas foi lá que os jogos a decidir começaram com uma espécie de Supertaça oficiosa (e que os leões venceram) em nome de Salazar, que decidiu juntar o Sporting, vencedor do campeonato, e o Benfica, vencedor da Taça de Portugal, na inauguração do Estádio Nacional a 10 de junho de 1944..Sem querer, Salazar promoveu a primeira Supertaça, bem antes do arranque da prova com o nome de Cândido Oliveira, em 1979, e que até hoje já foi atribuída num dérbi da capital por quatro vezes (dois troféus para cada emblema). A Supertaça ganha frente ao Sporting em 2019 foi aliás o último troféu ganho pelo Benfica. Um triunfo (5-0) como nunca se tinha visto até então..A história do dérbi vai muito para além das finais e troféus. Começou a escrever-se a 1 de dezembro de 1907 com um triunfo dos leões (2-1), face ao ainda Sport Lisboa (que viria a ser Sport Lisboa e Benfica três meses depois), no Campo da Quinta Nova, em Carcavelos. Segundo as crónicas da altura, os leões abandonaram o jogo por causa da chuva e só voltaram obrigados pelo árbitro, acabando por vencer com um autogolo de Cosme Damião (fundador do Benfica)..Desde então já se defrontaram por 312 vezes. Os duelos atravessam toda a história do futebol português e contam a evolução de uma rivalidade figadal, com a balança de vitórias a pender para o lado do Benfica, com 136 vitórias, contra 111 do Sporting. Os empates são 65. Um deles foi aquele que acabou por valer uma Taça da Liga em 2009, decidida nas grandes penalidades..E no sábado haverá acerto de contas leonino ou continuará o domínio encarnado?.isaura.almeida@dn.pt