Várias dezenas de pessoas juntaram-se hoje na Praça Humberto Delgado, no Porto, numa vigília para pedir a libertação do ex-líder da claque Super Dragões, Fernando Madureira, o único dos arguidos da Operação Pretoriano ainda em prisão preventiva..Com a decisão instrutória a ter de ser tomada até 7 de dezembro, quando se completam 10 meses desde a aplicação da medida de coação mais gravosa ao antigo chefe daquele grupo organizado de adeptos, um grupo composto por elementos da claque, amigos e adeptos portistas, incluindo Sandra Madureira, mulher de Fernando Madureira e também arguida no processo, aglomerou-se pacificamente em frente à Câmara Municipal do Porto..Segundo o organizador, Luís Artur Pereira, adepto dos azuis e brancos e antigo membro do Conselho Superior (CS) do FC Porto, a vigília tinha como grande objetivo "libertar consciências" para aquilo que considera ser uma "prisão política".."É uma libertação de consciências, em nome da liberdade. Considero que, 50 anos depois de cair a ditadura e 49 anos depois do Período Revolucionário em Curso, com um estado de direito democrático e não um estado revolucionário como quiserem impor, é impensável termos um cidadão em prisão preventiva por crimes menores. E uma coisa é a acusação, outra é a condenação. A liberdade é o nosso direito constitucional maior. Fernando Madureira é um preso político em Portugal e isto é uma vergonha para a democracia portuguesa", reiterou, em declarações à Lusa..Considerou ainda que os incidentes da Assembleia Geral (AG) extraordinária de 13 de novembro de 2023 foram "completamente empolados" e que Fernando Madureira teve um papel apaziguador.."Os acontecimentos da AG foram completamente empolados. Eu estava na bancada central e não vi o Fernando Madureira a agredir ou insultar ninguém. Eu vi-o, por exemplo, a acalmar a situação naquela bancada, a tirar pessoas de lá, no sentido de as afastar, a apaziguar", criticou..Por fim, culpou também os apoiantes do então putativo candidato André Villas-Boas por "incendiarem" o ambiente que se viveu naquele dia, acusando-os de espalhar desinformação sobre a revisão estatutária em votação, que acredita que visavam "fortalecer o poder dos sócios"..Envergando vários cartazes onde podiam ler-se inscritos como "A liberdade é um direito" ou "Preso político", o grupo que se alargava com o decorrer da tarde aproveitava para partilhar histórias do ex-líder da claque..O músico Alberto Índio, conhecido portista e autor de várias canções de apoio ao clube, também marcou presença e mostrou-se preocupado com o "julgamento público" de que 'Macaco' tem sido alvo, sublinhando que "apenas cabe aos tribunais julgar as pessoas".."É um pai, um amigo, uma pessoa que eu conheço bem, que tem vindo a ser vítima de um julgamento público inacreditável e apenas cabe aos tribunais julgar as pessoas. Estamos todos aqui com a mesma energia para ver se chamamos a atenção, publicamente, de modo a que as coisas não pareçam assim tão lineares", explicou à Lusa..O adepto acredita que a posição de Madureira no topo da hierarquia dos Super Dragões, mais mediatizada, possa ter complicado a sua situação face aos restantes arguidos.."Era o líder e essa posição pode trazer estes dissabores. Sempre foi uma pessoa odiada pelos inimigos, que tentaram fazê-lo cair. O que é triste é, neste caso, ser o Ministério Público. [...] Quanto à expressão 'preso político', eu compreendo a analogia, mas não quero acreditar que, em 2024, haja presos políticos. Eu quero acreditar que a justiça vai ser feita e que isto foi só um erro", concluiu..A acusação é composta por 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.