Catarina Campos durante o jogo entre Paços e Feirense.
Catarina Campos durante o jogo entre Paços e Feirense.Foto: FPF

De apitar jogos de iniciados às provas profissionais. Catarina Campos fez história no futebol português

Natural de Viseu e formada em Comunicação Social, a árbitra de elite desde 2023 apitou este sábado o Paços de Ferreira-Feirense, da II Liga.
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Quando em 2007 trocou Viseu por Lisboa à procura de trabalho na área da Comunicação Social, Catarina Campos estava longe de imaginar que seria ela a notícia: ser a primeira mulher a liderar a equipa de arbitragem de um jogo de futebol masculino profissional em Portugal. A árbitra da Associação de Futebol de Lisboa foi nomeada para o encontro entre deste sábado entre o Paços de Ferreira e o Feirense, da 22.ª jornada da II Liga. Teve como assistentes Andreia Sousa, que se tornou na primeira assistente mulher num jogo da I Liga, em agosto de 2023, e Vanessa Gomes. Cristina Amaral desempenhou funções de quarta árbitra.

Numa tarde histórica, Catarina Campos teve bastante trabalho no final do encontro, já que os jogadores de ambas as equipas se envolveram em violenta confusão após a vitória do Feirense por 2-1, obrigando a árbitra a distribuir vários cartões, entre eles vermelhos.

Natural de Viseu e formada em Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Viseu, mudou-me sozinha para Lisboa, na perspetiva de encontrar trabalho na área do jornalismo. Mas, em 2008, acabou por tirar o curso de arbitragem, na Associação de Futebol de Lisboa. Tinha 23 anos. O passo seguinte foi apitar jogos. A estreia foi em Sintra, no escalão de iniciados, no campeonato distrital de Lisboa.

Deixou a esfera local em 2012 e ascendeu aos quadros da FPF. Árbitra da 1.ª categoria e com insígnia da FIFA desde 2018, Catarina integra a categoria de elite da UEFA há cerca de ano e meio, desde junho de 2023. Conta já com centenas de jogos femininos arbitrados em nome próprio e mais alguns como assistente. Passou a ser presença assídua nas nomeações para a Liga dos Campeões feminina e apuramento para Campeonato Europeu e Mundial. Árbitra experiente, dirigiu a Final da Taça de Portugal feminina de 2023-24 entre o Benfica e o Racing Power e esteve no jogo internacional de qualificação para o Campeonato da Europa de 2025, competição onde ambiciona estar.

Foto: FPF

Esteve também em várias competições masculinas, nacionais (Campeonato de Portugal e Liga Revelação) e internacionais (Youth League). Foi inclusive VAR nas I e II ligas masculinas em Portugal e ainda na Liga Europa e Liga Conferência. A presença em encontros de futebol masculino não é inédita, uma vez que já apitou e foi assistente em diversos encontros do Campeonato de Portugal e da Liga Revelação. Mas ainda não o tinha feito no escalão profissional.

Esta época dirigiu também o encontro da UEFA Youth League entre o Feyenoord e o RB Salzburgo e foi VAR em alguns jogos. Mas foi uma estreia absoluta em escalões profissionais, daí que o momento tenha sido amplamente destacado pelo Federação, APAF e Liga Portugal.

O momento em que Catarina entrou em campo para apitar o jogo da II Liga simbolizou o sucesso de outras pequenas conquistas. Como aquela do verão de 2023, quando Andreia Sousa se tornou a primeira árbitra assistente a figurar numa ficha de jogo da I Liga, no encontro entre o Rio Ave e Desp. Chaves, apitado por Ricardo Baixinho. Agora, Catarina Campos não foi ajudar, mas sim liderar a equipa de arbitragem e impor a lei do apito no relvado.

Catarina já tinha feito história ao exibir pela primeira vez um cartão branco em competições de futebol profissional. Tudo aconteceu no jogo entre Benfica e Sporting para a Taça de Portugal de futebol feminino. Um adepto sentiu-se mal enquanto assistia ao jogo no Estádio da Luz e foi assistido pelas equipas médicas de ambas as equipas, a quem Catarina exibiu um cartão branco – símbolo de fairplay, iniciativa lançada em 2015 pelo Instituto Português do Desporto e Juventude que o futebol abraçou anos mais tarde.

Ser um jogo de futebol masculino de uma competição profissional é histórico, mas, para quem não teve de medo de sair da terra Natal à procura do sonho na capital (mesmo que a vida a tenha obrigado a mudar de rumo)... é apenas um pormaior.

Foto: FPF

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