São internacionais e ainda jogam ao mais alto nível nos seus clubes, mas abandonaram ou fizeram uma pausa nas respetivas seleções após o Euro2024. São os casos do belga Kevin De Bruyne ou do francês Antoine Griezmann e de mais uma dezena de atletas das principais ligas..Os motivos invocados vão desde os problemas com o selecionador, à idade, muitas vezes aliada a uma saturação mental e a sobrecarga de jogos. “Cada caso é um caso. Em Portugal, o João Mário alegou a pouca utilização, mas acredito que muitos dos jogadores de topo, ao fim de 10 ou 12 anos de seleção e a fazer 50 jogos ou mais por época, sintam alguma saturação mental e física”, defendeu Jorge Andrade ao DN, antigo internacional por 51 vezes..O ex-defesa não abdicou da equipa das quinas, mas consegue entender por que razão cada vez mais internacionais o fazem: “Hoje em dia muitos jogadores valorizam mais o tempo em família e essa pausa no calendário FIFA serve para descansar mentalmente do treino, das viagens e até para se concentrarem no clube que lhes paga o ordenado.”.A Bélgica é mesmo um caso de estudo. O capitão Kevin De Bruyne e o avançado Romelu Lukaku decidiram “fazer uma pausa”, depois de desentendimentos com o selecionador Domenico Tedesco. Em setembro, após a derrota com a França, na Liga das Nações, o médio do Manchester City foi captado pelas câmaras de televisão a dizer: “Para mim, a seleção acabou." Depois explicou: “Posso aceitar que não somos tão bons quanto em 2018, fui o primeiro a ver isso, mas outras coisas são inaceitáveis. Jogamos muito atrás. Não é sobre a transição, é sobre pessoas que não cumprem as suas funções se jogarmos com seis atrás." Já Lukaku informou, na semana passada, antes de saírem os convocados para os jogos com Itália e França que também irá fazer "uma pausa". .A federação belga acredita que as duas estrelas, bem como Courtois - já tinha anunciado uma pausa em agosto - vão regressar a tempo do Mundial 2026, ao contrário de Jan Vertonghen, que logo após o Euro 2024 disse adeus, aos 37 anos, mantendo-se a jogar no Anderlecht. Já Alex Witsel tinha, antes do Europeu, anunciado a “reforma”, mas acabou por ir ao torneio, sendo que agora deixou de ser opção na seleção apesar de ser titular no Atlético de Madrid..Também o neerlandês Steven Bergwijn anunciou que não vai mais à seleção enquanto Ronald Koeman for selecionador, depois do técnico o deixar fora da primeira lista pós-Europeu, por ter ido jogar para a Arábia Saudita. .Lewandowski e CR7 resistem à idade: 39 anos.A decisão de Antoine Griezmann abandonar, em setembro, apanhou de surpresa o futebol francês. Com 137 internacionalizações, uma Liga das Nações (2021) e um Mundial (2018) no currículo, o avançado admitiu que pesaram na decisão os 33 anos e o facto de o selecionador Didier Deschamps ter dado a braçadeira de capitão a Kylian Mbappé, depois do adeus de Hugo Lloris e Olivier Giroud, que justificou a saída após o Euro devido a “cansaço físico e mental”. .Também o campeão europeu pela Espanha Jesus Navas (38 anos) anunciou o adeus a La Roja após 56 jogos e quatro títulos: “Com a minha retirada do futebol no Sevilha no fim da época, vou ter um sobressalto quando for anunciada a convocatória da seleção e o meu nome não estiver incluído. Aquela magia que senti quando ouvia o meu apelido emocionou-me e mudou o meu coração porque foi uma honra representar o meu país.”.A Suíça perdeu duas referências da última década, o guarda-redes Yann Sommer (35 anos) e o avançado Xherdan Shaqiri (32). Também Kieran Tripper se despediu da seleção inglesa aos 33 anos, mas sem revelar o motivo. .Por outro lado, Robert Lewandowski (39) também ameaçou deixar a Polónia sem os seu golos, mas reconsiderou e está convocado para o jogo com Portugal, que continua a ter Cristiano Ronaldo (39 anos) sem intenção de dizer adeus. Após o Europeu, apenas Pepe abandonou por ter terminado a carreira. O antigo capitão do FC Porto fez mesmo o inverso: foi poupado no clube para poder jogar o Euro 2024..Os casos de Luís Figo e Rafa Silva.Luís Figo (após perder a final do Euro 2004) e Tiago Mendes (por problemas com o selecionador Paulo Bento, em 2014) foram dois dos portugueses que anunciaram o adeus à seleção nacional, mas voltaram atrás na decisão. Antes, Jorge Costa (2002) fê-lo por considerar que estava na hora de dar lugar a outros..E, mais recentemente, em 2022, Rafa Silva, então com 29 anos, estava convocado para um duplo compromisso da seleção quando informou que “por razões de foro pessoal” não estava disponível para continuar a representar Portugal. Um ano depois, em maio de 2023, o também campeão europeu João Mário decidiu comunicar “a sua indisponibilidade”, mostrando insatisfação pela pouca utilização e por querer concentrar-se mais no seu clube, que na altura era o Benfica..isaura.almeida@dn.pt