André Villas-Boas mantém a confiança no trabalho do treinador Vítor Bruno e acredita que a equipa do FC Porto vai reagir já na quinta-feira, frente ao Anderlecht, na quinta jornada da Liga Europa, à eliminação do FC Porto da Taça de Portugal..A derrota com o Moreirense (2-1) foi a terceira consecutiva da época, em três competições diferentes, depois da Lazio (2-1, Liga Europa) e do Benfica (4-1, I Liga) e fez subir de tom a contestação ao técnico, que, ontem, voltou a chegar ao centro de treinos do Olival escoltado por uma equipa de segurança..Logo após o jogo da Taça de Portugal, prova que os dragões venceram as últimas três edições, o treinador garantiu publicamente ter condições para continuar no cargo e repetiu-o em privado, ontem, numa reunião com o presidente e restante estrutura do futebol, Andoni Zubizarreta e Jorge Costa, logo após o arranque da preparação do jogo europeu. .Deixar cair Vítor Bruno seria um assumir de culpas que Villas-Boas quer evitar ao máximo. Mas, uma derrota na quinta-feira tornará difícil a continuidade do treinador, uma vez que os dragões estão em 22.º lugar na prova europeia e ficarão com o apuramento em sério risco e o técnico sem margem para continuar..Depois da maior derrota em 60 anos diante do grande rival (4-1), no Estádio da Luz, o presidente portista deu uma voto de confiança ao técnico desde Angola, onde realizava uma visita institucional. Mas a pausa no calendário para os jogos das seleções não acalmou a contestação, que no domingo se agravou com a derrota diante do Moreirense. .As lágrimas de Samu (foi suplente e só entrou no fim do jogo), Pepê e Zé Pedro não chegaram para acalmar os adeptos, após a eliminação precoce da Taça de Portugal. Os maus resultados foram o rastilho para a explosão do descontentamento para aqueles que antes eram a “guarda pretoriana” da anterior direção, nas palavras de André Villas-Boas. As manifestações de desagrado pelos maus resultados saltaram rapidamente da bancada para a porta do Dragão e do Olival ou, no caso, porta de casa do treinador, que, segundo o presidente, tem segurança privada desde a derrota com o Benfica..E nem o assumir de responsabilidade pelos maus resultados valeram a Vítor Bruno a paciência dos adeptos, que em Moreira de Cónegos o lembraram disso mesmo, com uma tarja onde se podia ler: “Esta é a nossa condição: raça, luta, união. Honrar o Porto é a nossa tradição.” Seguiram-se petardos em direção ao autocarro da equipa e uma espera à porta do Dragão, que Villas-Boas e Jorge Costa tentaram acalmar.."A equipa está com pouca confiança e mentalmente débil".Para José Fernando Rio, "Vítor Bruno tem condições para continuar se se verificarem dois pressupostos: ter o apoio do balneário e a proteção da direção". E ambas as condições lhe parecem "periclitantes", uma vez que "a equipa está com pouca confiança e mentalmente débil e a direção tarda em dar o "corpo às balas"".."O objectivo principal se mantém totalmente em aberto e ao alcance: vencer o campeonato nacional ou, no mínimo, assegurar um lugar na Liga dos Campeões. O FC Porto não desped(ia)e treinadores por causa da Taça ou da Liga Europa. Só o campeonato interessa(va)", lembrou o antigo candidato à presidência do clube, que aguarda "com grande expectativa" o desenrolar dos acontecimentos, "até para começar a reconhecer um padrão de actuação dos novos dirigentes"..Onde anda o dragão da Supertaça?.O FC Porto de hoje não é o mesmo do início da época, que conseguiu uma empolgante reviravolta no marcador e venceu o Sporting na Supertaça (4-3). Vítor Bruno tem-se perdido em alterações estratégicas no onze que têm impedido a equipa de crescer usando uma base sólida assente no trio Pepê, Nico González e Fábio Vieira. .Se a nível ofensivo os números estão dentro da normalidade das últimas épocas (46 golos em 19 encontros), os golos sofridos (21 em 19 jogos) são incomuns para uma equipa que até tem um dos melhores guarda-redes do Mundo, Diogo Costa, e dois defesas centrais de seleção (Tiago Djaló, Portugal) e Nehuén Pérez (Argentina). A equipa tem-se mostrado particularmente permeável nas bolas aéreas e nas bolas paradas (cantos e livres) e isso custou caro nos jogos frente a Lazio, Moreirense e Manchester United..A ver como será diante do Anderlecht. .isaura.almeida@dn.pt