Desporto
13 setembro 2022 às 19h58

Noite de horror no Dragão deixa FC Porto em último

Equipa portista sofreu pesada derrota com o Club Brugge (4-0). Erros defensivos e ausência de Taremi decisivos. Belgas fizeram história e passam a liderar o grupo, depois da derrota do At. Madrid.

Noite de horror no Dragão, como poucas vezes se viu na história europeia de um clube que já tem duas Champions no museu. A pesada derrota do FC Porto frente ao Club Brugge (4-0) espelha o desacerto defensivo de uma equipa, que sentiu como nunca a ausência de Taremi. Mas só isso não explica tudo e há que dar mérito à eficácia e concentração do tricampeão belga, que passa assim a liderar o grupo, uma vez que o Bayer Leverkusen venceu o At. Madrid (2-0). Os dragões são últimos do grupo B, com zero pontos.

Na antevisão do jogo da segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, o técnico dos belgas disse que um empate fora nem seria um mau resultado e Sérgio Conceição respondeu que não ia na cantiga do treinador, porque ninguém joga para um ponto quando pode conquistar três. O técnico portista parecia adivinhar o doce envenenado que Carl Hoefkens tinha para ele...

Com Pepe no onze - fez ontem o jogo 111 na Champions, mais do que todo o 11 belga junto (97 jogos) - a equipa portista entrou com boa dinâmica no jogo e afetou positivamente o adversário que entrou na onda do jogo aberto de parada e resposta que empolgava as bancadas apesar da ameaça de chuva.

Nesses "enganadores" 15 minutos iniciais deu para ver as duas faces do mesmo João Mário. O lateral direito esteve perto do golo (que seria monumental)... antes de apanhado em contrapé e obrigado a correr de área a área para derrubar Ferrán Jutglà, que fugiu bem a Pepe e ia para a baliza. O árbitro marcou penálti e o mesmo Ferrán encarregou-se de bater Diogo Costa da marca dos 11 metros. O golo da equipa belga confirmava uma tendência nada agradável para o dragão europeu: nos últimos oito jogos o FC Porto começou sempre a perder.

A tentativa de reação portista foi imediata, mas entre tentar e ser bem-sucedido na tentativa ia uma grande diferença. Nem sempre as jogadas tinham continuidade para lá do último terço do terreno. Notava-se a ausência da irreverência e inquietude de Taremi no ataque. Face ao castigo do iraniano, Sérgio Conceição mudou quatro peças e jogou com Galeno e Evanilson num 4x4x2 muito desequilibrado... para o meio.

O técnico percebeu isso e mandou aquecer Danny Loader, Toni Martínez e Gabriel Veron, antes da única jogada merecedora de golo. Aos 23 minutos Otávio isolou Pepê, que perdeu o duelo com Simon Mignolet. Os erros próprios sucediam-se e as desatenções defensivas penalizavam a equipa portista, que atacava sem critério e abusava dos passes longos à procura e ninguém.

A saída apressada de Sérgio rumo aos balneários assim que o árbitro apitou para o intervalo garantia duas coisas: raspanete e mexidas na equipa para tentar dar a volta ao cenário negativo que deixaria os dragões em maus lençóis e em último lugar do grupo com zero pontos em dois jogos. E assim foi.

Pepê baixou para lateral (no lugar de João Mário, que foi substituído por Danny Loader) e Toni Martínez entrou para o lugar de Evanilson. Mas assim que começou o segundo tempo abateu-se sobre o Dragão um dilúvio. Literal e figurativamente falando. Quando todos esperavam por um dragão mais fresco física e mentalmente, eis que a equipa sofreu mais dois golos... frutos de duas indecisões defensivas - Pepe e David Carmo ainda não estão oleados.

Kamal Sowah bateu Diogo Costa para o 2-0 e Skov Olsen fez o 3-0 belga, que escandalizava o Dragão. E o escândalo ainda iria ser maior. Honra seja feita aos adeptos portistas, não foi por falta de apoio das bancadas que a reação em campo não aconteceu. O treinador portista deu o jogo como perdido e deu minutos aos jovens Gonçalo Borges e Veron e viu a equipa desistir também e sofrer mais um golo aos 89 minutos. Já depois de Raphael Onyedika ter acertado no poste, Antonio Nusa não quis saber dos dramas portistas e fez o 4-0, que traduz a maior vitória de sempre do clube belga fora de casa e coloca o Brugge na liderança.

A pesada derrota - a segunda pior de sempre em casa na Liga dos Campeões - deu ainda mais sentido ao mural exibido pela claque dos Super Dragões, com João Pinto a levantar a orelhuda em 1987 e Vítor Baía e Jorge Costa a erguer a de 2004. Uma forma simpática de enaltecer o feito de Artur Jorge e José Mourinho e lembrar aos pupilos de Sérgio Conceição o peso da História.

VEJA OS GOLOS

0-1 Ferrán Jutglà (Club Brugge)

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0-2 Kamal Sowah (Club Brugge)

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0-3 Skov Olsen (Club Brugge)

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0-4 Antonio Nusa (Club Brugge)

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isaura.almeidda@dn.pt