Carlos Tê: “Villas-Boas trouxe novas ideias e 'acossou' Pinto da Costa”
O escritor e letrista Carlos Tê, conhecido adepto do FC Porto, revela ao DN que tem grandes expectativas para as eleições do clube, no próximo sábado, considerando que é um momento que vai marcar de forma indelével o futuro do emblema. Entre grandes elogios a André Villas-Boas, lança algumas críticas à atual direção, presidida por Pinto da Costa, embora faça questão de realçar o trabalho realizado pelo presidente, no cômputo geral dos 42 anos do seu mandato.
“Penso que estas eleições são muito importante para a vida do clube, embora a altura em que se realizam não seja a mais oportun - penso que o melhor seria esperar pelo final da época, pois tem sido notória a agitação que tem provocado”, começa por referir, enquanto sublinha que “por outro lado, ainda bem que a questão do novo presidente fica desde já resolvida, terminando com o ruído”.
Carlos Tê mostra-se pouco satisfeito com o rumo escolhido pela atual direção nos últimos anos. “São visíveis as dificuldades de tesouraria correntes e houve inclusivamente necessidade de se vender alguns jogadores de forma apressada, para resolver esses problemas financeiros, o que prova que a gestão não tem sido a melhor, independentemente do grande legado de Pinto da Costa.” E lamenta ainda que “ninguém saiba quem é o Diretor Desportivo, o que é um pouco estranho”.
O conhecido adepto de 68 anos dos azuis e brancos saúda a forte entrada em cena de André Villas-Boas, “pois trouxe novas ideias e teve o condão de acossar Pinto da Costa a dar explicações de coisas das quais nunca sentiu necessidade de falar, nomeadamente sobre o facto de até o SC Braga ter, neste momento, mais campos de treinos do que o FC Porto para as suas equipas da formação, sendo notório que o clube está muito atrás de Sporting e Benfica nesta matéria”.
Carlos Tê faz a comparação entre André Villas-Boas, de 46 anos, e um jovem chamado Pinto da Costa, que em 1982, com 45 anos, assumiu pela primeira vez a presidência do FC Porto. E embora sustente que existem alguns pontos de contacto, estabelece consideráveis diferenças.
“Lembro-me bem da chegada de Pinto da Costa à presidência, nesse ano de 1982. André Villas-Boas traz a mesma irreverência, mas um melhor discurso, mais positivo e menos agressivo, para além de estar muito mais bem preparado do que Pinto da Costa estava na altura, sendo uma pessoa com ideias muito lúcidas.” E lembra ainda que o antigo treinador “foi o grande responsável pela última grande conquista internacional do FC Porto” [a Liga Europa da temporada de 2010/11, numa final com o SC Braga].
Apesar dos muitos elogios ao candidato mais novo deste ato eleitoral, Carlos Tê não “deita abaixo” o bem mais experiente Pinto da Costa, “um homem muito carismático, que deixa um legado fantástico, estando ainda muito lúcido mentalmente, tendo sabido rejuvenescer a sua lista de candidatura, tentando rodear-se de pessoas válidas nas quais se pode apoiar, até porque, devido à sua idade, obviamente não poderá ter uma presença tão permanente como até há alguns anos”.
Questionado se espera um FC Porto unido a 28 de abril, no dia a seguir às eleições - e que curiosamente, contará com um aliciante jogo com o Sporting, no Dragão - Carlos Tê diz que “como sempre acontece no futebol, serão os resultados da equipa de futebol a decidir”, mostrando-se esperançado de que “muito em breve se volte aos pergaminhos a que os adeptos estão habituados”. E a terminar, confessa esperar que “a lista vencedora se mantenha fiel às promessas que fez na campanha eleitoral”.