Basquetebol do Benfica faz viagem épica à Sibéria

Águias jogam na quarta-feira a mais de 7000 km de Lisboa, o que implica um percurso de quase 17 horas. A mais longa viagem europeia de uma equipa portuguesa
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Uma aventura na Sibéria. Poderia chamar-se assim o filme do início do ano de 2017 para o basquetebol do Benfica, que na quarta-feira joga na longínqua Krasnoyarsk, cidade da província russa com o mesmo nome, situada no distrito federal da Sibéria, mil quilómetros a norte da Mongólia.

O jogo é com o BC Enisey, a contar para a terceira jornada do grupo P da FIBA Europe Cup. A equipa treinada por Carlos Lisboa inicia esta segunda-feira à noite (20.00) uma viagem de 7338 quilómetros de avião, intercalados por uma escala de cinco horas em Moscovo, num total de quase 17 horas até chegar ao destino, com a certeza de que, após o jogo contra o sétimo classificado da liga russa, terá de fazer o mesmo caminho de volta... num total de 14 676,32 quilómetros entre a ida e o regresso, correspondentes a cerca de 34 horas de viagem.

Esta será a mais longa viagem que uma equipa portuguesa de qualquer modalidade irá fazer para realizar um jogo das competições europeias. "Quando nos calhou esta equipa no sorteio dissemos logo que seria uma viagem épica, uma maneira diferente de iniciar o ano", revelou ao DN Diogo Carreira, antigo capitão de equipa que agora desempenha as funções de secretário desportivo do basquetebol encarnado.

O Benfica começa a estar fadado para as viagens longas, pois em novembro de 2015 a equipa de futebol bateu o recorde da viagem mais longa em competições sob a égide da UEFA quando foi ao Cazaquistão defrontar o Astana para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Foram na altura 12 452 quilómetros entre a ida e a volta, mas em voo charter, para cumprir esse jogo da Liga dos Campeões, tendo voltado com um empate 2-2 que na altura permitiu à equipa de Rui Vitória apurar-se para os oitavos-de-final da Champions.

"Já estivemos a ver no mapa, esta viagem será ainda maior do que a que a equipa de futebol fez", referiu Diogo Carreira, admitindo que "foram estudadas as várias opções" de viagem até Krasnoyarsk, uma vez que a equipa de basquetebol, ao contrário do futebol, não poderá viajar em voo charter, tendo de utilizar as carreiras aéreas regulares. Nesse sentido, houve um cuidado especial em reservar os lugares de avião junto as saídas de emergência, pois "existe mais espaço para os jogadores mais altos da equipa" e o Benfica, refira-se, tem cinco atletas com mais de dois metros de altura. Nesse sentido, Diogo Carreira explica que os fisioterapeutas da equipa vão procurar que os jogadores "não estejam todo o tempo sentados durante a viagem" e que poderão fazer alguns exercícios para chegarem a Krasnoyarsk "nas melhores condições físicas possíveis" dadas as circunstâncias.

Frio extremo e fuso horário

A longa viagem é apenas um dos problemas que os jogadores de basquetebol do Benfica têm de enfrentar, pois quando saírem do avião no Aeroporto Internacional Yemelyanovo, em Krasnoyarsk, vão debater-se com temperaturas que se preveem abaixo dos 20 graus negativos...

Aliás, para o dia do jogo a previsão de temperaturas oscila entre os -20 de máxima e os -27 de mínima. A sorte é que o basquetebol se joga num pavilhão... aquecido, pois claro. "Acredito que o frio não terá grande efeito, embora deva ser complicado sair à rua. Por essa razão, vamos preparados para enfrentar essas temperaturas negativas, pois vamos levar luvas e roupa térmica", assumiu o ex-jogador, deixando a certeza de que o grande problema com que a equipa se irá debater será "a ausência de tempo suficiente para se adaptar" às condições que irá encontrar.

E uma dessas condições é o fuso horário, pois em Krasnoyarsk são mais sete horas do que em Portugal continental. Ou seja, o jogo terá início às 19.10 locais (12.10 em Lisboa) de quarta-feira. Mas este até é um fator que será mais prejudicial ao BC Enisey quando visitar o Pavilhão da Luz, pois "vão jogar às quatro horas da manhã no horário local deles". Outro dos cuidados que os responsáveis técnicos benfiquistas estão a ter relaciona-se com a readaptação ao fuso horário português na viagem de regresso, pois a chegada a Lisboa será na sexta-feira às 08.00, pelo que o tempo de sono já será adaptado ao horário nacional. Até porque no domingo seguinte há um exigente jogo em Ovar, com a Ovarense, para a Liga portuguesa.

A acrescer a todas as dificuldades há a qualidade da equipa russa que o Benfica terá de enfrentar. "Já tivemos oportunidade de observá-los e trata-se de uma equipa muito forte de um país com grande tradição no basquetebol. Ainda para mais têm alguns jogadores americanos na equipa, bem pagos pois só assim compensa estarem num sítio tão isolado", refere Diogo Carreira, lembrando que o orçamento do BC Enisey "é muito superior" ao dos encarnados. "Será uma viagem muito exigente, sobretudo a nível físico, mas é muito motivador para todos os jogadores, pois afinal somos a única equipa portuguesa presente nesta fase da FIBA Europe Cup e essa motivação supera todo o cansaço que possa existir", sublinhou o dirigente encarnado, revelando que "os jogadores têm mostrado grande curiosidade sobre o que vão encontrar" em território siberiano.

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