Atleta refugiada afegã recebeu mais de 3 mil ameaças em 48 horas
Marzieh Hamidi, ex-Campeã de Taekwondo do Afeganistão, fugiu do país em 2021, depois de o regime talibã voltar ao poder. Pediu asilo a França, onde continuou a competir com ajuda de uma bolsa olímpica e onde agora sofreu ameaças de morte. “Eu não saí do meu país para me encontrar numa situação em que estou novamente em perigo”, desabafou a atleta, que, em 48 horas, recebeu mais de 3000 ofensas à sua integridade física.
As ameaças aconteceram depois de a atleta de 22 anos se manifestar, no dia 1 de setembro, mais uma vez, nas redes sociais contra o regime autoritário e em defesa dos direitos das mulheres afegãs, finalizando com a hashtag #LetUsExist - “Deixem-nos existir”.
“O primeiro telefonema foi do Afeganistão. Uma voz disse-me em afegão que sabia o meu endereço em Paris. Três mil ligações em 48 horas. Depois disso, parei de contar. Recebi ameaças de morte e violação porque me oponho aos terroristas e àqueles que os apoiam. Imaginem os milhões de mulheres no Afeganistão, que não têm proteção, que estão com os terroristas, e ninguém pode ouvir a sua voz”, revelou Hamidi.
Perante os milhares de ameaças, a Justiça francesa abriu investigação sobre o caso e colocou a atleta sob proteção policial por um período indefinido. “Hamidi sofreu assédio cibernético, incluindo morte, violação e outras ameaças através das redes sociais”, explicou o procurador da cidade de Paris.
“Quero que os terroristas que me ameaçam de morte sejam identificados e julgados em tribunal, para que eu possa viver livremente, sem medo e em plena segurança”, disse Hamidi num comunicado enviado à AFP, já depois de a sua advogada dizer que ela “espera que os autores das ameaças sejam rapidamente identificados”.
Apesar de a ex-Campeã de Taekwondo do Afeganistão em -57Kg não se ter apurado para os Jogos Olímpicos de Paris2024, ela faz parte da equipa de refugiados que tinha uma bolsa de preparação olímpica e tem usado a sua voz como atleta para falar publicamente sobre os direitos das mulheres e como são afetadas pelo regime talibã.
isaura.almeida@dn.pt